Sustentabilidade do réveillon de Copacabana será garantida com 1.300 mudas
Plantio de espécies da Mata Atlântica para neutralizar emissão de CO² na festa
RIO - Os organizadores do réveillon da Praia Copacabana terão que plantar cerca de 1.300 mudas de espécies de Mata Atlântica para cumprir a promessa de promover um evento ambientalmente sustentável. A estimativa, ainda em caráter preliminar, foi divulgada ontem pelo consultor Roberto Vámos contratado para estimar o volume de gás carbônico gerada pelo espetáculo. A quantidade exata de mudas só será conhecida no dia 7 de janeiro porque Roberto ainda não recebeu algumas informações fundamentais para se fazer o cálculo, como o consumo de combustível para rebocar as onze balsas com fogos entre o estaleiro onde estão sendo montados, na Ilha do Governador, e a Praia de Copacabana.
— Os maiores responsáveis pela emissão de gases são os geradores de energia para os quatro palcos de Copacabana e outras estruturas de apoio para o espetáculo. Para compensar emissões dos 78 mil litros de combustível que serão consumidos na festa haverá necessidade de pelo menos 1.100 mudas — adianta Roberto.
Segundo os organizadores da festa de Copacabana, os geradores seriam capazes de abastecer por 24h uma pequena cidade com 3.500 habitantes. Na conta final também serão levados em conta detalhes como o consumo de combustível dos caminhões usados na montagem e desmontagem de toda a parafernália da festa.
A emissão de gases da queima de fogos também será compensada. Isso inclui ainda os fogos de tom verde escolhidos para comemorar a realização, em maio, da conferência ambiental Rio + 20. Eles levam nitrato de bário — considerado o produto químico mais poluente entre os usados em shows pirotécnicos.
Só para o DJ, vão ser necessárias nove árvores
Roberto Vámos acrescentou que o cálculo irá incluir até mesmo os artistas contratados para os shows. Apenas para compensar as emissões do DJ David Guetta, atração internacional deste ano, serão necessárias nove árvores. Segundo o especialista, em viagens aéreas entre Nova York-Rio-Nova York, a estimava é que cada pessoa emita cerca de 1,7 tonelada de gás carbônico.
Ao custo médio de R$ 17,50 a unidade — o valor inclui o monitoramento do crescimento das plantas —, as cerca de 1.300 mudas serão plantadas pela ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental nos afluentes do Rio Guandu que abastecem a cidade com água potável. O crescimento das mudas será aferido durante três anos, até chegarem à fase adulta.
O cálculo para a compensação ambiental, porém, excluirá os dois milhões de espectadores esperados para assistir ao evento nas areias da Avenida Atlântica. Segundo Roberto, o perfil do público torna o cálculo quase impossível. Ele observa que os moradores do Rio vêm de bairros distintos por diferentes meios mais ou menos poluidores. E que nem todo turista que está na cidade veio apenas para acompanhar o réveillon.
— Na minha avaliação, cada pessoa deveria se conscientizar e tentar neutralizar a emissão de gases que produz para assistir a um evento desses. Mas a emissão de gases de toda a equipe envolvida na preparação também será calculada — disse o especialista.
Formado em política ambiental pela Universidade de Stanford (EUA) nos anos 90, o especialista diz que segue o que preconiza. E aplica em sua vida o conceito de sustentabilidade ambiental.
— Todos os anos, calculo quanto eu e minha família emitimos de gases poluentes. E compenso plantando mudas numa reserva florestal que minha família tem na Rodovia Teresópolis-Firburgo, que felizmente não foi atingida pelos deslizamentos do verão passado. Apenas no ano passado, nós plantamos 120 mudas — disse Roberto Vámos.
Poucos eventos neutralizam carbono no Brasil
Roberto acrescentou que ainda são poucos os eventos que neutralizam a emissão de gases no Brasil. O primeiro deles foi durante o show da banda The Police no Maracanã, em 2007. A edição do Rock In Rio 2011 também se comprometeu a neutralizar as emissões carbono. Compensações ambientais também fazem parte da campanha que deu ao Rio o direito de realizar os Jogos Olímpicos de 2016.
Apesar de auditar a festa, Roberto Vámos delegou a um sócio a tarefa de fazer os cálculos finais da emissão de gases na noite do dia 31. O motivo é pessoal: a virada do ano coincide também com o aniversário da filha adolescente. Vámos decidiu festejar apenas em família.COPIADO : oglobo.globo.com/
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