Maior hospital do RN continua com superlotação e falta de medicamentos
Cerca de 120 pacientes se acumulam nos corredores do Pronto-Socorro.
Homens e mulheres esperam até 40 dias por cirurgia eletiva de Ortopedia.
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Pacientes superlotam corredores do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, em Natal (Foto: Ricardo Araújo/G1)
À véspera do segundo mês de publicação do Decreto nº 22.844, que
oficializou o 'Estado de Calamidade Pública' na Saúde pública do Rio
Grande do Norte, a situação do maior hospital de urgência e emergência
do estado, o Walfredo Gurgel, em Natal, continua caótica. "O que foi
prometido ainda não chegou", resumiu a diretora do complexo hospitalar,
Maria de Fátima Pinheiro. Na manhã desta segunda-feira (3), os
corredores da instituição acumulavam 78 pacientes à espera de cirurgia
eletiva de ortopedia, 61 por atendimentos médicos diversos e 25 por uma
vaga de leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A situação deve estar sendo resolvida esta semana"
Aqueus Macêdo, coordenador de finanças da SMS
No final do mês de agosto, a direção do Hospital Médico Cirúrgico decidiu não realizar mais procedimentos contratados pelo Executivo Municipal até que as dívidas sejam sanadas. "O caso do Médico Cirúrgico é diferente. Eles (os diretores do hospital) não apresentaram documentação e não tiveram o contrato renovado. Eles receberão o pagamento através de indenização", explicou Aqueus.
O coordenador da SMS argumentou, quando questionado sobre os motivos que levaram o Município a atrasar o repasse de recursos aos hospitais, que "dificuldades financeiras afetam a maioria dos municípios brasileiros". Entretanto, ressaltou que “irá se reunir com a prefeita (Micarla de Sousa) e com a secretária de Planejamento (Maria Selma Menezes da Costa) para tentar quitar a maior parte dos débitos".
O atraso no pagamento das dívidas do Município com os referidos hospitais reflete diretamente na regulação das vagas disponibilizadas para cirurgias eletivas de Ortopedia, cujos pacientes se concentram no Hospital Walfredo Gurgel. "Nós não temos para onde encaminhar nossos pacientes", afirmou Maria da Saudade, chefe do Setor de Regulação da SMS. Juntos, os hospitais realizam mensalmente cerca de 600 procedimentos através do convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Neste convênio, o Governo do Estado paga por 60% dos serviços e o Município de Natal arca com 40% do valor.
Paciente aguarda atendimento no Clóvis Sarinho
há quase dois dias (Foto: Ricardo Araújo/G1)
Para o paciente cadastrado no Leito 970 no Corredor da Ortopedia do
Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, a espera pela solução do imbróglio parece
não ter fim. Francisco de Assis Ferreira da Costa sofreu um acidente de
moto no sábado passado (1º), em Macau, distante 176 quilômetros de
Natal, e ainda não havia sido atendido na manhã desta segunda-feira (3).
Ele passou uma noite e um dia deitado sobre papelões no corredor da
unidade. "Isso é desumano, uma falta de respeito com o cidadão", resumiu
o paciente.há quase dois dias (Foto: Ricardo Araújo/G1)
Reabertura dos leitos de UTI Cardiológica não tem data definida
Das seis unidades de terapia intensiva na área cardiológica cadastradas no Hospital Walfredo Gurgel, somente uma estava em operação na manhã desta segunda-feira (3). Os médicos especialistas decidiram, conforme esclarecimentos da diretora Maria de Fátima Pinheiro, não receber mais pacientes até que os estoques de medicamentos e insumos do setor fossem repostos por um mês.
Fátima Pinheiro, diretora (Foto: Ricardo Araújo/G1)
"O abastecimento dos hospitais Santa Catarina e Walfredo Gurgel ocorrem
semanalmente. Os médicos do Setor Cardiológico, porém, querem que o
estoque seja abastecido pelo período de um mês", esclareceu a diretora.
Da listagem de 58 medicamentos e 56 itens de material médico hospitalar
solicitadas pelos médicos, todos foram atendidos. Entretanto, a
quantidade não é suficiente para o prazo estipulado pelos especialistas.
"Os itens faltosos foram repostos, mas numa quantidade que não oferece
segurança aos médicos", ressaltou Maria de Fátima Pinheiro.Enquanto a UTI Cardiológica permanecer bloqueada para a internação de novos pacientes, os procedimentos estão sendo realizados no Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, incluindo internações. "Nós realizamos este bloqueio como forma de protesto para pressionar o Estado a tomar alguma providência. Faltam medicamentos básicos para sobrevivência dos pacientes", afirmou o médico cardiologista Álvaro José Santana. Para a equipe médica do setor, os estoques devem oferecer itens suficientes para até um mês de tratamento.
UTI Cardiológica do Clóvis Sarinho está com
um paciente internado (Foto: Ricardo Araújo/G1)
A admissão de novos pacientes está condicionada à ampliação da oferta
de insumos e medicamentos dispensados pela Unicat ao Setor de
Cardiologia do Walfredo Gurgel. Entretanto, o diretor administrativo do
hospital, Josenildo Barbosa, afirmou que faltam recursos para a compra
de mais medicamentos. "Estamos aguardando receber R$ 4,6 milhões que
foram contemplados no Decreto. Até agora, só chegou R$ 100 mil. O
Governo alega que está enfrentando problemas burocráticos", argumentou.um paciente internado (Foto: Ricardo Araújo/G1)
COPIADO : http://g1.globo.com/rn
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