CALAMIDADE RN - PEDE SOCORRO!! A Saúde do RN vive um momento de paradoxos. Enquanto faltam leitos no Hospital Walfredo Gurgel, 32 estão vazios no Hospital dos Pescadores.


20/09/2012 11h57 - Atualizado em 20/09/2012 11h57

Hospital dos Pescadores de Natal não tem médicos na escala de plantão

Pacientes que recorrem à urgência não recebem atendimento.
Orientação é de que população recorra às unidades estaduais de Saúde.

Ricardo Araújo Do G1 RN
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Recepção do Hospital dos Pescadores, em Natal, estava vazia na manhã desta quinta-feira (Foto: Ricardo Araújo/G1)Recepção do Hospital dos Pescadores, em Natal, estava vazia na manhã desta quinta (20). Não havia médicos na escala de plantão da urgência e emergência (Foto: Ricardo Araújo/G1)

Os cidadãos que recorrem ao Hospital dos Pescadores, na Zona Leste de Natal, em busca de atendimento clínico de urgência e emergência, recebem um 'não' como resposta na recepção da unidade. Desde o início da noite desta quarta-feira (19), não há médicos na escala de plantão. Todos os 32 leitos do único hospital municipal de Natal estão vazios.
De acordo com o técnico de enfermagem José Messias Gomes, o hospital realiza, quando em funcionamento integral, uma média de 300 atendimentos diários. "Hoje estamos assim, sem médicos na escala. Nossa orientação é de que os pacientes procurem os hospitais estaduais e a UPA do Pajuçara", informou. O funcionário disse, ainda, que todos os plantões eram preenchidos por profissionais da Cooperativa Médica (Coopmed/RN) que paralisaram o atendimento há 15 dias. O G1 foi ao local e constatou que, em menos de 10 minutos, quatro pessoas procuraram atendimento no Hospital dos Pescadores e saíram indignadas.
Neusa Barbosa, de 66 anos, não conseguiu ser atendida no Hospital dos Pescadores (Foto: Ricardo Araújo/G1)Neusa Barbosa, de 66 anos, sofreu AVC e não
recebeu atendimento (Foto: Ricardo Araújo/G1)
Dentre as pessoas que voltaram pra casa estava Neusa Barbosa, de 66 anos. No início deste mês, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ficou internada no Hospital Santa Catarina, na Zona Norte da capital. Após apresentar uma leve melhora, recebeu alta. Entretanto, o médico orientou a família da aposentada que realizasse uma série de exames. "Nós até conseguimos fazer o exame no Walfredo Gurgel, mas o médico ainda não avaliou. Ela não está se alimentando e não defeca há oito dias. Por isso, procuramos o hospital. Não sabemos mais o que fazer", lamentou Mônica Nascimento, filha de Neusa Barbosa.
A solução foi recorrer ao Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, que na manhã desta quinta-feira (20) contava com 79 pacientes de ortopedia espalhados pelos corredores e enfermarias e mais 38 de clínica médica aguardando a realização de procedimentos. "O Walfredo Gurgel vive superlotado. Como as unidades básicas de Saúde não funcionam, a situação piora aqui", ressaltou Maria de Fátima Pinheiro, diretora do Walfredo Gurgel.
Paradoxo
A Saúde do RN vive um momento de paradoxos. Enquanto faltam leitos no Hospital Walfredo Gurgel, 32 estão vazios no Hospital dos Pescadores.
Maria de Fátima Pinheiro, diretora do Hospital Walfredo Gurgel (Foto: Ricardo Araújo/G1)Fátima Pinheiro aguarda autorização para iniciar
transferências (Foto: Ricardo Araújo/G1)
Para tentar minimizar a superlotação, Maria de Fátima aguarda o recebimento de dois ofícios, sendo um deles da Secretaria Municipal de Saúde e outro do Conselho Regional de Medicina (CRM). "Com os documentos em mãos, iremos transferir os pacientes para seus hospitais de origem. Entretanto, isso só será feito com a garantia de que eles serão atendidos e não perderão a vez na fila das cirurgias ortopédicas", destacou a diretora.
A responsável pelo Setor de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Maria da Saudade, informou que irá providenciar um documento para encaminhar ao Hospital Walfredo Gurgel autorizando a transferência de alguns pacientes para outras unidades de Saúde. "Até o final do dia, estaremos encaminhando o ofício", garantiu.
A SMS é responsável, através de pactuação, pelo gerenciamento das vagas nos hospitais da rede privada para realização de cirurgias ortopédicas. A maioria dos pacientes que aguardam cirurgias de ortopedia no Walfredo Gurgel é oriunda do interior.
Paulo Laurentino (maca) aguarda cirurgia há dois meses. Sandro (acompanhante), reclama do descaso do Governo. (Foto: Ricardo Araújo/G1)Paulo (maca) aguarda cirurgia há dois meses.
Sandro (acompanhante), reclama do descaso
do Governo. (Foto: Ricardo Araújo/G1)
Um deles é Paulo Laurentino da Silva, de São José do Mipibu, que ocupa o 'leito' de número 929. O que deveria ser um leito, na realidade, é uma maca no final do conhecido corredor da Ortopedia.
Internado há quase dois meses, após sofrer um acidente de carro e quebrar o braço esquerdo e fraturar a bacia, Paulo Laurentino definha, à espera de cirurgia.
"A saúde do meu irmão piorou por causa dessa espera. Além dos problemas do acidente, hoje ele está com ínguas em todo o corpo e várias feridas se abrindo", relatou Sandro Laurentino, que acompanha o irmão no hospital.
No início desta semana, 20 pacientes da Ortopedia foram transferidos para o Hospital Memorial. De acordo com a diretora do Walfredo Gurgel, o Hospital Memorial só recebeu pacientes do interior do estado. Visto que, a Prefeitura de Natal não quitou os débitos em aberto com o Hospital Memorial. Além disso, foram priorizadas as cirurgias de fêmur e tíbia em idosos. "Eu espero que ele não morra esperando essa cirurgia", lamentou Sandro, enquanto cuidava do irmão.
COPIADO g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte

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