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24/10/2012 19h35 - Atualizado em 24/10/2012 19h55

Advogado afirma que réu se sente 'otário' e teme morrer na prisão

'Ramon [Hollerbach] me disse que sabia que ia ser preso por ter sido otário.'
Defensor diz que ex-sócio de Valério fica nervoso ao ver julgamento pela TV.

Fabiano Costa, Mariana Oliveira e Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
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Ramon Hollerbach (Foto: Folhapress)O publicitário Ramon Hollerbach (Foto: Folhapress)
O advogado criminalista Hermes Guerrero narrou nesta quarta (24) uma conversa com Ramon Hollerbach, condenado por cinco crimes no processo do mensalão, na qual o cliente disse ter certeza de que seria preso por ter sido "otário". Segundo ele, Hollerbach manifestou o temor de morrer na prisão.
O publicitário Ramon Hollerbach era um dos sócios na SMP&B Comunicação de Marcos Valério, acusado de ter sido o "operador" do mensalão e também condenado no julgamento.
Segundo Guerrrero, o cliente está apreensivo com as condenações e demonstrou indignação diante da tentativa do defensor de Marcos Valério de ressaltar o poder de seus dois sócios na agência de publicidade.
“O Ramon me disse que sabia que ia ser preso por ter sido otário. Ele falou: ‘Por que não apurei? Por que não investiguei? Eu tinha obrigação de ter visto’”, contou Guerrero, relatando conversa que manteve no escritório, em setembro, com o publicitário.
Acusado pelo Ministério Público de ter participado da negociação dos empréstimos fraudulentos e dos desvios de contratos públicos com o Banco do Brasil e da Câmara dos Deputados, Hollerbach foi considerado culpado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção ativa, gestão fraudulenta, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato. Os magistrados, no entanto, ainda não definiram o tamanho da pena do publicitário.
No mesmo dia em que se considerou “otário”, Hollerbach desabafou ao advogado. Segundo relato de Guerrero, ele disse ter certeza de que, se for para a prisão, não sairá mais.
De acordo com o advogado, o ex-sócio de Valério disse que vai “morrer” na cadeia.
“Foi um dos dias mais difíceis da minha vida. Ele [Hollerbach] me disse: ‘Você sabe que eu não tenho ninguém da minha família vivo. Todo mundo morreu do coração. Só estou vivo até hoje porque me cuido neuroticamente. E, na prisão, não vou me cuidar, vou morrer. Eu sei que o dia em que eu for preso não saio mais”, disse o criminalista.
O defensor de Hollerbach revelou que o publicitário mineiro fica nervoso com manifestações dos ministros no plenário do Supremo Tribunal Federal e consuma se exaltar ao telefone.
“Ele tem vontade de bater em muita gente, talvez, até no advogado. Mas é natural. De vez em quando, brigo com ele. Hoje mesmo brigamos. Digo: ‘nada está tão ruim que não possa piorar. E muito’”, afirmou Guerrero.
Memorial de Valério
O publicitário Ramon Hollerbach, ainda segundo seu advogado, ficou irritado com o memorial enviado nesta segunda (22) pela defesa de Marcos Valério aos ministros do STF dizendo que o operador do mensalão não exercia "função de liderança" no núcleo publicitário (responsável pela captação de dinheiro para comprar parlamentares) e dividia "a três mãos" com seus dois sócios a administração da SMP&B.
A estratégia é tentar demonstrar que as responsabilidades nos negócios eram compartilhadas por Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach. No documento, de oito páginas, o advogado de Valério, Marcelo Leonardo, afirmou que os três diretores da empresa de propaganda "sempre foram tratados no mesmo nível".
Na tentativa de reduzir a pena de Valério, o advogado Leonardo também pediu que os magistrados da Suprema Corte considerem, na hora da definição das penas dos réus condenados, o fato de o cliente dele ter “colaborado” com as investigações que esclareceram a estrutura do esquema.
De acordo com o criminalista, o empresário mineiro forneceu a lista e os documentos que permitiram ao Ministério Público oferecer denúncia contra 40 pessoas.
Guerrero disse estranhar o teor do recente memorial distribuído pelo advogado de Valério, na medida em que, nas alegações finais do processo, Marcelo Leonardo ressaltou que Hollerbach e Cristiano Paz “jamais” tiveram “qualquer participação em atos de gestão da empresa”.
“Agora, (Valério) já virou colaborador nas investigações? Daqui a pouco, é assistente do Ministério Público. Vai querer ser testemunha de acusação”, ironizou o defensor de Ramon Hollerbach.
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