Partido de Berlusconi é derrotado na Sicília por movimento 'anti-partidos'

  • 29/10/2012 - 21:39

    Partido de Berlusconi é derrotado na Sicília por movimento 'anti-partidos'


    PALERMO, Itália (AFP) O partido de Silvio Berlusconi sofreu uma derrota histórica nas eleições regionais na Sicília, reduto tradicional da direita, onde o movimento "Cinco Estrelas", destruidor de partidos tradicionais, cresceu de forma espetacular.
    De acordo com os resultados oficiais parciais com base em mais da metade dos votos apurados (1.119.508 votos de um total de 2,2 milhões de votos), o candidato da esquerda Rosario Crocetta recebeu 30,88% dos votos, à frente do candidato do partido de Berlusconi, Sebastiano Musumeci (24,9%).
    O "Cinque Stelle", o movimento do ex-comediante Beppe Grillo, registrou um crescimento de 18,46% dos votos, segundo os resultados publicados pela Região.
    "Esta é a primeira vez que um candidato de esquerda é eleito presidente da região e que um candidato anti-máfia vence. Parece realmente um encontro com a história, não apenas um resultado eleitoral", declarou à imprensa Crocetta, à frente de uma coalizão entre o Partido Democrático (PD, o principal partido de esquerda) e da União do Centro (UDC).
    Crocetta tem um perfil atípico: abertamente homossexual e ex-prefeito de Gela (sul da Sicília), este homem de 61 anos está na vanguarda na luta contra a máfia, o que fez as autoridades mantê-lo sob proteção policial permanente.
    Esta eleição parcial regional, considerada um teste antes das eleições legislativas previstas para a primavera de 2013, é um golpe para o partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PdL). Para o líder nacional do PD, Pier Luigi Bersani, também é um resultado "histórico".
    "Nós vencemos na Sicília, isso é loucura! Esta é a primeira vez do pós-guerra que uma mudança real é possível", comemorou.
    Como mostra da insatisfação dos eleitores, menos da metade dos eleitores (2,2 milhões de 4,5 milhões de inscritos) votou. Nas eleições anteriores em 2008, a participação foi de 66,68%.
    Essas eleições antecipadas na Sicília foram provocadas pela renúncia do governador de direita, Raffaele Lombardo, acusado de nepotismo e de conluio com a máfia.
    Estes resultados são ainda mais surpreendentes do que o apontado pelas pesquisas no início de outubro, que previam um duelo entre o candidato do PdL, Nello Musumeci, e Rosario Crocetta, com uma vantagem para o candidato de direita.
    O desempenho do movimento anti-partidos "Cinque Stelle" e de seu candidato Giancarlo Cancelleri são resultado, em grande parte, do envolvimento pessoal do fundador do movimento, Beppe Grillo, figura conhecida nacionalmente, de linguagem afiada contra os partidos, a União Europeia e a política de austeridade do governo Monti.
    O ex-comediante liderou uma campanha agressiva de 17 dias, sem hesitar, literalmente, em jogar água no estreito de Messina. Ele atraiu multidões em seus comícios na ilha, à beira da falência, atingida por uma elevada taxa de desemprego entre os jovens (mais de 40%) e abalada pelos escândalos e pelo peso da máfia.
    Os resultados sicilianos serão analisados em nível nacional, particularmente após a volta de Berlusconi neste fim de semana.
    Depois de anunciar na semana passada que não seria candidato a primeiro-ministro em 2013 e de homenagear o trabalho do seu sucessor Mario Monti, Silvio Berlusconi, que foi condenado sexta-feira por evasão fiscal, deixou no ar a ameaça de um pedido de voto de confiança.
    "Nos próximos dias, vamos decidir com as lideranças do meu partido o que é melhor: retirar imediatamente a confiança ou mantê-la" até a chegada das eleições na primavera, disse no sábado.
    Estas declarações provocaram um grande decepção, incluindo em seu partido. O candidato do PdL na Sicília, Nello Musumeci, também citou na noite de ontem entre as causas de sua derrota "a condenação de Berlusconi (...) e a incerteza sobre a liderança do partido".
    O secretário nacional do PdL, Angelino Alfano, considerou que é esta derrota é um resultado da "divisão da direita".

     

     COPIADO  http://www.afp.com/pt/

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