No entanto, o surrealismo maior, apesar de deixar claro que a implantação de políticas públicas inadequadas é de uma gravidade nunca vista, vem dos preços praticados pelos distintos prestadores de serviço, mormente aqueles que atuam nas áreas de hospedagem e restauração. Cobrar 100 reais por um hambúrguer ou 90 por uma omelete passa do ridículo, e o pior é que as pessoas continuam aceitando os valores. Vamos boicotar preços altos e inibir tais leviandades. Já começam a surgir movimentos interessantes como o do “isoporzinho “ e dos “preços surreais.
Temos reclamado muito da falta de crescimento efetivo do turismo receptivo, no Brasil e na Cidade Maravilhosa. Devo confessar que tal fator se deve em parte a preços exorbitantes praticados em hotéis, que chegam a cobrar 2 mil dólares ao dia por um apartamento em certas épocas do ano, sem oferecer uma verdadeira contrapartida nos serviços. O turismo, com raras exceções, vive de baixos salários, baixa qualificação e reciclagem e o fim do sonho das faculdades de turismo, que aos poucos vão perdendo alunos para cursos técnicos e profissionalizantes, que têm uma empregabilidade mais efetiva e um investimento menor. As entidades de classe precisam de alguma forma rever políticas de preço e partir para a qualificação e reciclagem como fatores prioritários, para a sobrevivência de nossa atividade. Mais uma vez, nossas pesquisas demonstram que o preço elevado dos serviços é hoje a maior reclamação dos turistas. Nunca é bom esquecer que estamos longe dos grandes centros emissores e que precisamos de serviços terrestres e hoteleiros mais competitivos.
Lembro que a promoção não convencional — como os embaixadores do Rio, o programa Corpo Consular e o Rio, através do Corpo Diplomático — pode ser revitalizada com poucos recursos e chegar a resultados surpreendentes, se trabalhados de forma contínua e planejada. Vamos buscar novos projetos para diversificar a oferta e não aplicar a maior parte dos poucos recursos existentes em eventos já solidificados.
O surrealismo faz hoje parte do turismo carioca e deve suscitar algum tipo de discussão e buscar algumas respostas. O Rio não pode parar...
* Bayard Do Coutto Boiteux, professor universitário e pesquisador, é escritor e gerente de turismo do Preservale, além de presidente do site Consultoria em Turismo. - bayardboiteux.com.br
COPIADO http://www.jb.com.br/s
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