Fabrício, o amigo oculto de Bolsonaro
A charge – como sempre, genial – do Aroeira era inevitável.
Mas, no fundo, acho que Fabrício Queiroz – o primeiro ‘desaparecido’ político do período Bolsonaro – está sendo um presente para os brasileiros.
Mesmo com a cooperação de uma mídia mansa que, como disse Xico Sá no Twitter, não foi capaz sequer de mostrar o hospital onde o “assessor-amigo” estaria internado, o caso está funcionando como uma “trava” aos planos do ex-capitão de “entrar rachando” em seu mandato.
Os dele e os de Sérgio Moro.
O quanto e até quando, não se sabe, porque Fabrício é uma mosca, perto do que está em jogo.
Mas não há dúvida que foi uma mosca que caiu na sopa de Jair Bolsonaro.
E que pode – apenas pode, tal a blindagem que a ele se dá – revelar o óbvio: que o atual presidente é uma farsa construída em três décadas de politicagem, sem causas ou compromissos com o país, mas com apenas e tão-somente uma carreira de oportunismo e exploração dos sentimentos mais vis da sociedade.
Ninguém sabe onde está Fabrício, mas já se sabe que, salvo para seus incondicionais, o “Mito” decaiu de seu Olimpo moralista.
E, portanto, terá mais dificuldades de ser o “Deus acima de tudo” que se pretende.
O coqueiro e o tombo
A pesquisa da Folha que indica um salto nas expectativas otimistas com o Governo Bolsonaro deveria ser um motivo de preocupação em lugar de significarr regozijo para os que vão assumir o poder.
Preocupação porque o otimismo, neste caso, o otimismo não vem de fatos objetivos, da esperança na continuidade e aprofundamento daquilo que se tem, mas apenas do que se espera ter.
Não é preciso ir além da história recente para lembrar do que diziam nossos avós: quanto maior o coqueiro, maior o tombo. Dilma Rousseff bateu seu recorde de popularidade em março de 2013, segundo as pesquisas. Sic transit gloria mundi, despencou a menos da metade em junho, depois das manifestações que, para que se fiasse em números de pesquisas, seriam inimagináveis três meses antes.
A questão essencial é, portanto, se e o quanto a administração que começa em nove dias corresponderá a estes números, daí o fato de serem eles preocupantes.
É claro que não se pode fazer previsões absolutas em matéria de comportamento dos mercados mundiais – ainda mais com Donald Trump na presidência dos EUA – mas os dados que se tem – embora até possam levar a impressões exageradas – são o de um inicio de 2019 cheio de turbulências e dificuldades nas finanças internacionais e – de novo como aconteceu na ascensão de Michel Temer ao Governo, em 2016 – e é lá que estão as esperanças de aportes de investimentos para fazer nossa economia girar com mais intensidade.
Porque, internamente, gordura não há para queimar: há deficit público alto, o crédito via BNDES foi minimizado, as pequenas bolsas de energia para alimentar o consumo (como as do FGTS e do PIS, que Temer queimou) já não existem e a compressão dos gastos públicos, feita pela “PEC do Teto” já está bem próxima do “máximo caótico”.
Todas as evidências ão de que o que resta é “chutar a santa” das reservas internacionais, a nossa grande âncora de redução dos riscos da economia brasileira diante da confusa e revolta situação do dinheiro no mundo.
Por incrível que pareça, só uma possível hesitação política de Jair Bolsonaro funciona, neste momento, como proteção contra aventuras econômicas e traz dúvidas quanto à repetição de reedições do período inicial de Fernando Collor.
Que, curiosamente, também apresentava índices imensos de popularidade (71%) no momento de sua posse, contra apenas 4% de pessimismo com o que viria. Números que haviam caído para menos de um terço um ano depois e, na condenação ao presidente, se multiplicado por oito.
Nada que desminta a história do coqueiro, que Billy Blanco traduziu nos versos de Banca do Distinto: “A vaidade é assim, põe o tonto no alto, retira a escada/Fica por perto esperando sentada/Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão”.
“Ameaça” de Cabral mostra que delação é só um negócio
POR FERNANDO BRITO · 24/12/2018
Para que se dispensem contratos milionários, dá para ter ideia do grau “ético” do negócio que o ex-governador, já com dois séculos de sentenças (198 anos e seis meses de prisão) nas costas, está querendo fazer. Por uma tornozeleira, está disposto a dizer o que quiserem e até um pouco mais.
A turma da “moralidade” fica na torcida: “vai lá, Cabral, entrega todo mundo”. Poucos ou nenhum se incomoda se haverá veracidade no que diz um homem que, de outra forma, passaria décadas na cadeia.
Ou que, havendo alguma, outras sejam simuladas para atingir os que interessa atingir.
Os acusados é que provem sua inocência, numa inversão escandalosa do ônus da prova.
Não é novidade, pois é o mesmo que acontece com o ex-ministro Antonio Palocci, outro que negociou delações na mesma base.
Nem adianta, porém, falar nos absurdos de uma legislação que permite delações nestas condições e, pior, cuja validade vai ser analisada pelo mesmo juiz que julgará o denunciante, o que torna o juiz, desde o início, “dono” da vontade de condenar.
No caso de Cabral, cujo enriquecimento foi evidente e escandaloso, a delação que pretende evidencia o escândalo que este processo de “m… no ventilador” se tornou.
Ao menos este serviço ele presta ao propor tal negócio.
Tudo é tão nojento que nem os advogados, que nada teriam a perder e, ao contrário, muito ganhariam, quem por as mãos na imundície.
Haverá quem as ponha, porém.
copiado http://www.tijolaco.net/blog/
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