Boris Johnson não acredita em tarifas da UE no caso de Brexit sem acordo
AFP / Oli SCARFFBoris Johnson durante discurso em Birmingham em 22 de junho de 2019
O ex-chanceler britânico Boris Johnson, grande favorito para assumir o cargo de primeiro-ministro, considerou nesta terça-feira que seria "estranho" se a União Europeia (UE) adotasse tarifas contra os produtos britânicos em caso de Brexit sem acordo.
Johnson, que disputa com o atual ministro das Relações Exteriores Jeremy Hunt o posto de sucessor de Theresa May, considera que o acordo que a primeira-ministra demissionária assinou em novembro com Bruxelas está "basicamente morto" depois de ser rejeitado três vezes pelo Parlamento.
Conhecido por suas declarações polêmicas, Johnson, de 55 anos, reafirmou em um programa de rádio que o país deve estar preparado para um Brexit sem acordo.
Ao destacar que neste caso o Reino Unido não adotaria tarifas contra os produtos europeus, Johnson opinou que a UE deveria fazer o mesmo com as importações britânicas.
"Seria muito estranho que a UE decidisse por conta própria, já que nós não adotaríamos tarifas, impor taxas aos produtos procedentes do Reino Unido", declarou ao canal LBC.
"Não seria benéfico para seus negócios e muito menos para seus consumidores", completou.
"Seria um retorno ao sistema continental de Napoleão", criticou, ao mencionar o general francês do século XIX que durante as Guerras Napoleônicas tentou isolar o Reino Unido com o denominado "bloqueio continental".
Durante o programa, o ex-chanceler e ex-prefeito de Londres detalhou sua estratégia para o Brexit caso os membros do Partido Conservador o escolham com líder e, por consequência, primeiro-ministro.
Ele afirmou que deseja "pegar as partes úteis" do acordo negociado por May e descartar a controversa "salvaguarda irlandesa", um mecanismo de último recurso idealizado para evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda, medida que provoca uma forte rejeição dos defensores mais ferrenhos do Brexit.
Johnson explicou que pretende reter o pagamento da conta de 39 bilhões de libras à UE enquanto as duas partes negociam um futuro grande acordo de livre comércio.
A UE repetiu diversas vezes que não está disposta a renegociar o acordo de divórcio e muito menos a eliminar a salvaguarda irlandesa, fundamental para preservar o Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa de 1998 que encerrou quatro décadas de conflito violento entre nacionalistas católicos e unionistas protestantes na Irlanda do Norte.
"Tem que acontecer um acordo entre as partes", reconheceu Johnson, antes de pedir a manutenção de uma atitude "positiva".
O Partido Conservador britânico anunciou nesta terça que divulgará em 23 de julho o nome de seu novo líder e, portanto, novo primeiro-ministro, após a renúncia de Theresa May por sua incapacidade de cumprir com o Brexit.
Discussões UE-Mercosul avançam em nível político
AFP / EMMANUEL DUNANDVice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, em 4 de abril de 2019
As discussões sobre um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que entraram em sua reta final, vão continuar em nível político na quarta-feira (26) durante um jantar entre os representantes europeus e sul-americanos para o Comércio - anunciou a Comissão Europeia nesta terça-feira (25).
"As equipes de negociação da UE e do Mercosul estão reunidas em Bruxelas desde sexta-feira, e as discussões técnicas continuam", declarou o porta-voz do Executivo da UE, Margaritis Schinas.
"O vice-presidente (da Comissão Jyrki) Katainen e os comissários (para o Comércio Cecilia) Malmström e (para Agricultura Phil) Hogan vão encontrar amanhã (quarta-feira) os ministros do Mercosul para um jantar de trabalho para fazer um balanço do progresso feito até agora nessas discussões", acrescentou.
Esses representantes políticos têm o objetivo de, finalmente, chegarem a um entendimento sobre este acordo discutido há 20 anos e já apresentado várias vezes no passado como estando prestes a ter sucesso.
As discussões entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) poderia dar origem a um dos maiores acordos de livre-comércio já concluído, com mais de 770 milhões de consumidores e 18 bilhões de euros de PIB.
Na sexta-feira, os líderes de sete Estados-membros - Alemanha, Holanda, Espanha, República Tcheca, Portugal, Letônia e Suécia - pediram em uma carta conjunta à Comissão Europeia que conclua este "acordo histórico".
O clamor desses países para concluir as negociações se opõe à "profunda preocupação" expressa alguns dias antes em outra carta endereçada à Comissão pelos líderes francês, irlandês, polonês e belga, preocupados com o impacto do projeto sobre sua agricultura.
Este acordo causa crescente desconforto em alguns Estados-membros da UE - pressionados por agricultores que temem por sua produção de carne e por ONGs, preocupadas com o clima.
"Como podemos considerar enfraquecer ainda mais as nossas comunidades agrícolas europeias?", alertou recentemente a Copa-Cogeca, o maior sindicato agrícola da UE.
Nesta terça-feira, 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e a Friends of the Earth, pediram à UE que "pare imediatamente" as discussões "por causa da deterioração dos direitos humanos e da situação ecológica no Brasil" desde a posse em janeiro do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, UE e Mercosul comercializaram quase 88 bilhões de euros em mercadorias. Os países da América do Sul exportaram, principalmente, seus produtos agrícolas, e os europeus, seus produtos industriais e farmacêuticos.
copiado https://www.afp.com
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