Discussões UE-Mercosul avançam em nível político
AFP / EMMANUEL DUNANDVice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, em 4 de abril de 2019
As discussões sobre um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que entraram em sua reta final, vão continuar em nível político na quarta-feira (26) durante um jantar entre os representantes europeus e sul-americanos para o Comércio - anunciou a Comissão Europeia nesta terça-feira (25).
"As equipes de negociação da UE e do Mercosul estão reunidas em Bruxelas desde sexta-feira, e as discussões técnicas continuam", declarou o porta-voz do Executivo da UE, Margaritis Schinas.
"O vice-presidente (da Comissão Jyrki) Katainen e os comissários (para o Comércio Cecilia) Malmström e (para Agricultura Phil) Hogan vão encontrar amanhã (quarta-feira) os ministros do Mercosul para um jantar de trabalho para fazer um balanço do progresso feito até agora nessas discussões", acrescentou.
Esses representantes políticos têm o objetivo de, finalmente, chegarem a um entendimento sobre este acordo discutido há 20 anos e já apresentado várias vezes no passado como estando prestes a ter sucesso.
As discussões entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) poderia dar origem a um dos maiores acordos de livre-comércio já concluído, com mais de 770 milhões de consumidores e 18 bilhões de euros de PIB.
Na sexta-feira, os líderes de sete Estados-membros - Alemanha, Holanda, Espanha, República Tcheca, Portugal, Letônia e Suécia - pediram em uma carta conjunta à Comissão Europeia que conclua este "acordo histórico".
O clamor desses países para concluir as negociações se opõe à "profunda preocupação" expressa alguns dias antes em outra carta endereçada à Comissão pelos líderes francês, irlandês, polonês e belga, preocupados com o impacto do projeto sobre sua agricultura.
Este acordo causa crescente desconforto em alguns Estados-membros da UE - pressionados por agricultores que temem por sua produção de carne e por ONGs, preocupadas com o clima.
"Como podemos considerar enfraquecer ainda mais as nossas comunidades agrícolas europeias?", alertou recentemente a Copa-Cogeca, o maior sindicato agrícola da UE.
Nesta terça-feira, 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e a Friends of the Earth, pediram à UE que "pare imediatamente" as discussões "por causa da deterioração dos direitos humanos e da situação ecológica no Brasil" desde a posse em janeiro do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, UE e Mercosul comercializaram quase 88 bilhões de euros em mercadorias. Os países da América do Sul exportaram, principalmente, seus produtos agrícolas, e os europeus, seus produtos industriais e farmacêuticos.
Novo diretor chinês da FAO pode ser aliado da América Latina
AFP / Vincenzo PintoO até agora diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva (dir.), mostra a acreditação de seu sucessor no cargo, Qu Dongyu, em 23 de junho de 2019, em Roma
O novo diretor-geral da Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), o chinês Qu Dongyu, prometeu três ferramentas cruciais para combater a fome - informatização do setor agrícola, cooperação Sul-Sul e abertura para o setor privado -, tentando assim se lançar como grande aliado da América Latina.
Pela primeira vez, a gestão de uma agência importante das Nações Unidas foi assumida por alguém com uma visão oriental da terra, das águas e dos alimentos, e isso representa uma incógnita para seus pares.
"Não está claro como ele vai mudar a FAO. É muito cedo para saber se o que ele está propondo é uma agricultura industrializada, ou não", admitiu uma diretora da agência em conversa com a AFP.
Dongyu obteve 108 votos de 191 países no primeiro turno de votações realizado neste sábado durante a 41ª Conferência da FAO, algo raro nos 74 anos da agência.
"Obteve um apoio esmagador", reconheceu Monica Fonseca, representante da Colômbia - um dos 12 países que votaram no candidato derrotado, o georgiano Davit Kirvalidze.
Embora o voto seja secreto, é evidente que alguns países da América Latina votaram a favor do dirigente chinês, entre eles Brasil, Venezuela, Nicarágua e Peru.
A China é um grande motor para a economia latino-americana, principal parceiro comercial de Brasil e Chile. Seu volume de negócios com os países latinos supera os 300 bilhões de dólares anuais, segundo dados publicados em janeiro pela Administração Geral de Aduanas (AGA) da China.
O país oriental se consolidou na primeira década do século XXI como o parceiro mais poderoso da região, conforme relatório publicado em outubro de 2018 pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Nos últimos 15 anos, sua participação no comércio da América Latina passou de 1% para 11%.
"Em sua intervenção, ele prometeu implementar a tecnologia, olhar para este tema que é muito importante para nós", explicou a colombiana Fonseca.
- Associação com o setor privado -
Em seu discurso no sábado, Dongyu propôs se associar mais com o setor privado para atrair investimentos financeiros e desenvolver os setores agroalimentares, especialmente nos países em desenvolvimento.
"Os seres humanos não podem sobreviver sem vitaminas, e uma organização também não pode fazer isso seu sua vitamina M - M de 'money' [dinheiro, em inglês]!", exclamou durante o discurso.
"Vou reforçar a coordenação com o setor privado", reiterou, após mencionar como exemplos a empresa Bayer, que comprou a Monsanto, líder na venda de sementes transgênicas.
"A abertura ao setor privado teve início com o diretor que está saindo, o brasileiro Graziano da Silva. Mas ainda não sabemos como será a nova relação com o setor privado", destacou uma fonte interna.
A erradicação da fome é a maior prioridade do dirigente chinês.
O tema foi debatido nesta terça, em um painel especial para a América Latina e o Caribe na sede da FAO, com a participação de Graziano da Silva, Guadalupe Valdez, embaixadora especial da FAO para o programa Fome Zero na região e Víctor Manuel Villalobos, secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México.
A região foi um exemplo para o mundo por ter reduzido à metade, em 15 anos, o número de pessoas que passam fome.
"Mas, nos últimos sete anos, perdemos o impulso. Nos últimos três anos, a fome aumentou de novo, segundo dados oficiais", lamentou o diretor-geral adjunto e representante da FAO na América Latina, Julio Berdegué.
A desnutrição atualmente afeta 6% da população, enquanto 10% sofrem de pobreza extrema. Um em cada seis habitantes da América Latina padece de sobrepeso e obesidade.
copiado https://www.afp.com
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