A segunda Primavera Árabe: “Não haverá dia fácil”


País - Sociedade Aberta

A segunda Primavera Árabe: “Não haverá dia fácil”

Jornal do BrasilAndré Luís Woloszyn* 
O insidioso filme Innocense of Musilims, produzido nos EUA por Bassiley Nakula, que tem a pretensão de retratar  a vida do profeta Maomé,  era  o ingrediente  que faltava para desestabilizar ainda mais o ambiente já conturbado da política internacional estadunidense em relação ao Oriente Médio e as conflituosas relações entre muçulmanos e o Ocidente. Um presente para grupos extremistas islâmicos, especialmente para a Al-Qaeda, que vive uma crise de identidade com a perda de lideranças, influência e redução no apoio e financiamentos para suas ações, desde o último grande atentado a um país não muçulmano, ocorrido em Londres no ano de 2005. O conteúdo ofensivo do filme se alinha perfeitamente ao discurso que vem sendo apregoado por grupos radicais há décadas sobre o desprezo pela religião e a cultura islâmica.
O resultado já era esperado, vez que as tensões atingem limites máximos em toda a região com as incertezas geradas pela Primavera Árabe e os desdobramentos na Síria.  Além de fomentar o antigo sentimento antiamericano na população de países islâmicos, desencadeou uma espécie de segunda Primavera Árabe, com ondas de protestos violentos somados a ataques contra representações diplomáticas e especialmente a cidadãos norte-americanos, situação que tende a se agravar. Mas as consequências podem ser ainda piores, e o temor dos analistas é que esta crise acabe justificando futuros ataques terroristas, a pretexto de vingança, fato que momentaneamente contaria com o apoio massivo da população muçulmana em todo o mundo, mesmo que de forma velada.
O episódio, coloca os EUA e governantes muçulmanos em uma situação extremamente delicada, embora seja um fato isolado e sem conexão governamental. Em decorrência dele, a Al-Qaeda sai fortalecida aproveitando-se da explosão de sentimentos reprimidos de fúria e ódio difíceis de se controlar e com resultados imprevisíveis, para reforçar sua ideologia. Estrategicamente, chamou a atenção para si na tentativa de se legitimar na defesa do Islã contra o que considera mais uma das inúmeras provocações de que são vítimas. Com as manifestações, o grupo se insere novamente no contexto internacional após um período de ostracismo, de forma revigorada e com diferentes perspectivas. Para os EUA, como na obra do Seal, Mark Owen, que descreve a operação Lança de Netuno, codinome Gerônimo, que matou Osama Bin Laden, a perspectiva é de que “Não haverá  dia  fácil”.  
* André Luís Woloszyn  é analista de assuntos estratégicos.
COPIADO : www.jb.com.br/

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