País - Sociedade Aberta
A necessária priorização no apoio às universidades federais
Recentemente, a Folha de S.Paulo publicou importante análise sobre as universidades brasileiras (htpp:// ruf. folha. uol.com. br).
Vários critérios foram utilizados na avaliação de 232 instituições, e
os resultados obtidos deixam claro que é possível identificar um
conjunto de instituições que estão sempre entre as 10 primeiras,
qualquer que seja o critério analisado. Entre elas destacam-se três
universidades estaduais mantidas pelo governo do estado de São Paulo:
USP, Unicamp e Unesp. Encontrar ainda sete universidades federais: UFRJ,
UFMG, UFRGS, UFPR, UNB, UFSC e UFPE. Estas se destacam em praticamente
todos os campos do conhecimento. Desde logo, cabe ressaltar que os
resultados obtidos não trazem grandes surpresas. Logo, seria natural que
o MEC e o MCTI, em associação com outros ministérios setoriais,
aproveitassem este resultado para desencadear um projeto de apoio
específico a estas instituições, estabelecendo metas muito bem
definidas, visando colocá-las em um período de dez anos entre as cem
melhores universidades do mundo. Para tal, contratos de gestão poderiam
ser estabelecidos com acompanhamento e avaliação permanentes. Não tomar
esta atitude, com receio da natural reação das demais universidades, é
fugir à responsabilidade que se espera de quem tem compromisso com o desenvolvimento científico e tecnológico do país.
Os dados publicados também deixam clara a existência de outras universidades com forte atuação em determinados setores. Destaco aqui a Unifesp, centro de excelência na área médica, bem como Viçosa e Lavras, instituições tradicionais no setor agropecuário. Nestas áreas, estas instituições também deveriam contar com apoio especial, tal como mencionado acima.
Cabe ainda ressaltar que o país não pode descuidar de suas várias regiões, e um programa semelhante deveria ser formulado para apoio à UFPA, UFCE e UFBA.
Finalmente, antes que receba duras críticas de colegas das instituições não citadas, defendo a posição de que todas recebam o devido apoio para que se desenvolvam e que, a cada dois anos, aquelas com melhor desempenho possam gradativamente se incorporar ao conjunto daquelas mencionadas acima. Todos devemos estar conscientes de que sem termos a coragem de estabelecer prioridades, continuaremos ocupando posições não compatíveis com o atual estágio da ciência brasileira bem como da sua posição econômica entre as nações.
Quando existem várias instituições ou organizações atuando em um determinado setor, é sempre importante avaliar seus desempenhos e estabelecer comparações entre elas. Surgem assim os chamados “ranks”, tão importantes como controversos. Quando tais avaliações são feitas em instituições de ensino superior e de pesquisa, constituídas sobretudo pelas universidades, a comparação é mais complexa, uma vez que no Brasil, infelizmente, ainda não tivemos a coragem de separá-las em três grupos distintos: (a) aquelas que se dedicam à atividade de pesquisa na grande maioria das suas unidades e departamentos, e que são poucas e concentradas sobretudo em instituições públicas; (b) as que se dedicam principalmente à atividade de formação de recursos humanos, constituindo a maioria e concentradas nas instituições privadas; (c) aquelas que atuam no ensino, mas também procuram fazer pesquisa científica e tecnológica, ainda que em poucas áreas do conhecimento, estando concentradas principalmente entre as instituições públicas e algumas privadas. Infelizmente, a comunidade acadêmica ainda não se conscientizou de que todas são importantes e que não há demérito em uma instituição se dedicar principalmente ao ensino, formando profissionais altamente qualificados para atender às necessidades crescentes do mercado em um país em processo de desenvolvimento. Talvez o fato de designar todas estas instituições como universidade esteja na raiz das dificuldades em entendê-las e classificá-las.
*Wanderley de Souza, professor titular da UFRJ, é diretor de Programas do Inmetro, além de membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina
Os dados publicados também deixam clara a existência de outras universidades com forte atuação em determinados setores. Destaco aqui a Unifesp, centro de excelência na área médica, bem como Viçosa e Lavras, instituições tradicionais no setor agropecuário. Nestas áreas, estas instituições também deveriam contar com apoio especial, tal como mencionado acima.
Cabe ainda ressaltar que o país não pode descuidar de suas várias regiões, e um programa semelhante deveria ser formulado para apoio à UFPA, UFCE e UFBA.
Finalmente, antes que receba duras críticas de colegas das instituições não citadas, defendo a posição de que todas recebam o devido apoio para que se desenvolvam e que, a cada dois anos, aquelas com melhor desempenho possam gradativamente se incorporar ao conjunto daquelas mencionadas acima. Todos devemos estar conscientes de que sem termos a coragem de estabelecer prioridades, continuaremos ocupando posições não compatíveis com o atual estágio da ciência brasileira bem como da sua posição econômica entre as nações.
Quando existem várias instituições ou organizações atuando em um determinado setor, é sempre importante avaliar seus desempenhos e estabelecer comparações entre elas. Surgem assim os chamados “ranks”, tão importantes como controversos. Quando tais avaliações são feitas em instituições de ensino superior e de pesquisa, constituídas sobretudo pelas universidades, a comparação é mais complexa, uma vez que no Brasil, infelizmente, ainda não tivemos a coragem de separá-las em três grupos distintos: (a) aquelas que se dedicam à atividade de pesquisa na grande maioria das suas unidades e departamentos, e que são poucas e concentradas sobretudo em instituições públicas; (b) as que se dedicam principalmente à atividade de formação de recursos humanos, constituindo a maioria e concentradas nas instituições privadas; (c) aquelas que atuam no ensino, mas também procuram fazer pesquisa científica e tecnológica, ainda que em poucas áreas do conhecimento, estando concentradas principalmente entre as instituições públicas e algumas privadas. Infelizmente, a comunidade acadêmica ainda não se conscientizou de que todas são importantes e que não há demérito em uma instituição se dedicar principalmente ao ensino, formando profissionais altamente qualificados para atender às necessidades crescentes do mercado em um país em processo de desenvolvimento. Talvez o fato de designar todas estas instituições como universidade esteja na raiz das dificuldades em entendê-las e classificá-las.
*Wanderley de Souza, professor titular da UFRJ, é diretor de Programas do Inmetro, além de membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina
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