Investir em tecnologia de forma planejada evita prejuízos para as escolas


País - Sociedade Aberta

Investir em tecnologia de forma planejada evita prejuízos para as escolas 

Jornal do BrasilÂngelo Oliveira*
Um estudo realizado em Portugal mostrou o impacto negativo do mau uso da tecnologia em sala de aula. O "Impact of Broadband in Schools: Evidence from Portugal" indicou que, em média, as notas baixaram cerca de 7,7% entre 2005 e 2008 e cerca de 6,3% entre 2005 e 2009 devido às lacunas de uma inicativa que implementou o uso de banda larga de forma errada.
Os resultados supreenderam negativamente os autores da pesquisa e, segundo eles, a explicação para o declínio no desempenho é que a internet cria distrações que, para garantir que não se tornem depreciativas, necessitam ser acompanhadas por medidas adicionais de controle. Por isso, concluem que não basta introduzir novidades tecnológicas nas escolas, é fundamental se atentar para políticas que promovam seu uso produtivo. A utilização da tecnologia educacional como ferramenta ainda gera dúvidas sobre sua eficâcia e incertezas sobre os reais pontos favoráveis. Afinal, de que forma a aplicação inadequada da tecnologia pode reverter em prejuízos para as escolas?
É verdade que há diversos projetos fracassados. Projetos onde a utilização de sistemas desmontáveis e/ou portáteis, por exemplo, provoca perda de tempo no início de cada aula, diminuindo o tempo de aprendizado. Outra situação é a falta de familiaridade do professor com a tecnologia, que reduz drasticamente a eficiência da ferramenta; ou, ainda, a inexistência de metodologias que associem a tecnologia a práticas didáticas efetivas.
Em todos os casos, as consequências são desastrosas: o investimento financeiro torna-se inútil; a cada projeto fracassado aumenta a resistência dos professores, cai o rendimento escolar e o aspecto lúdico por si só pode terminar camuflando os problemas e potenciando os efeitos negativos, entre outras situações.
Mas, se o mundo está evoluindo com a tecnologia, não é aceitavel que a educação seja a exceção em um cenário de progresso contínuo, que benefícia não só pessoas mas empresas e organizações. Diante disso, vem a pergunta: como usar, de fato, esse instrumento em prol do aprendizado?
Concordo com os autores de Portugal. O ponto chave está em como a tecnologia está sendo empregada. Ela não deve ser adquirida pela escola sem um projeto claro, sem suporte adequado.
A escola, portanto, precisa tomar consciência dessa realidade para se envolver no processo de forma efetiva e sustentável. Não dá mais para investir descoordenadamente em tecnologia para educação. A área exige atenção e metas. Este é um ponto importante e que responde à pergunta: quando a instituição define objetivos para trabalhar e aloca recursos humanos e técnicos para alcançá-los, deve obrigatoriamente iniciar um projeto estruturado?
Se, por um lado, ela deve se empenhar para atingir bons resultados, por outro, as empresas que oferecem a tecnologia também têm a obrigação de utilizar as melhores metodologias na aplicação dos materiais para viabilizar o sucesso da escola. O elemento visual transforma o ensino de diversos temas, e o processo de conhecimento cresce consideravelmente. É relevante lembrar que isso vai além da aula de informática. Português, matemática, física, geografia e outras disciplinas podem ser enriquecidas com o uso da tecnologia. Para tanto, sobretudo quando falamos em lousas digitais, faz-se necessária a utilização de softwares apropriados e inteligentes, e a realização de treinamento sério e orientado para os profissionais. Isso faz uma diferença absolutamente determinante, pois representa o elemento produtivo que eleva o simplesmente lúdico ao nível da produtividade pedagógica e didática.
Colocar uma televisão em sala de aula ou uma lousa digital com a mais alta tecnologia, sem antes tratar com os professores de que forma eles podem usar o recurso, é em vão. Por mais rico em animações, vídeos e conteúdo que um aplicativo seja, ele também não produzirá resultado algum se não for trabalhado de forma a contribuir para a aprendizagem do aluno. Aconselho as escolas a encararem esse desafio.
A responsabilidade é grande para fazer valer o investimento, mas há muitos outros relatos positivos e projetos que funcionam na prática.  São projetos de qualidade, que com o seu sucesso geraram estudantes motivados, participativos, interessados, explorando o conhecimento e aprendendo a gostar de estudar, e que apresentam relevante melhora no desempenho. Esse contexto reflete no professor, que fica mais disposto e satisfeito. É nesse momento que vem a certeza de que valeu a pena o engajamento.
A realização de trabalho eficiente no espaço educacional é um forte desafio, onde o profissionalismo ao mais elevado nível é requerido. Mas, na mesma proporção, a utilização adequada das tecnologias representa uma oportunidade ímpar de inserir a escola em uma realidade digital cada vez mais presente na vida dos alunos e que os levará ao desevolvimento de novas habilidades e competências.
* Ângelo Oliveira é especialista em tecnologias educacionais da A-migo technologies 
Tags: ângelo oliveira, Artigo, JB, sociedade aberta, tecnologia
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