REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Manifestante joga uma bomba de gás lacrimogêneo contra a polícia em Caracas. (15/2/2014)
São Paulo – A
Venezuela está vivenciando
protestos violentos nas ruas da capital Caracas desde o começo de fevereiro.
Milhares bradam contra o governo e uma situação delicada: inflação, violência, escassez de produtos básicos.
No dia 12 de fevereiro,
depois da morte de três manifestantes, a situação piorou.
Em sua maioria, são jovens estudantes antichavistas e querem a renúncia do presidente
Nicolás Maduro, “filho” de Chávez – eleito democraticamente em 2013, mas com críticas sobre a isenção da campanha e da eleição em si.
O governo responde com a polícia nas ruas e a garantia de que tudo é uma tentativa de golpe.
Veja a seguir seis perguntas e respostas sobre os protestos:
1. Por que os venezuelanos estão protestando?
O fator comum entre todos os manifestantes é a insatisfação com o governo e a situação preocupante do país.
Uma ala está extravasando a sua indignação contida há tempos – maximizada com a morte de
Hugo Chávez e o consequente “continuísmo piorado” de Maduro.
O desejo de mudar de presidente ou não foi consequência do andar dos protestos.
Já outra ala foi mobilizada pela oposição, desde o início, com objetivo claro de tirar Maduro do poder.
Eles querem que o presidente renuncie o quanto antes – seu mandato só acaba em 2019.
2. Quem são os manifestantes?
A maioria dos manifestantes são jovens estudantes.
Entre os líderes do grupo, está o oposicionista Leopoldo López, presidente do partido de direita Voluntad Popular.
Ele acusou o governo de promover a violência propositalmente nos protestos, com intuito de deslegitimar a luta.
López tem
postado vídeos sobre os protestos.
Também lideram o movimento o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, também da oposição, e a deputada Maria Corina Machado.
Já
Henrique Capriles, principal nome da oposição, criticou os rumos violentos dos protestos, mas não deixou de criticar Maduro pelas mortes.
3. Há pessoas a favor do governo?
Em resposta aos protestos, outros tantos venezuelanos estão saindo às ruas em apoio ao governo, gerando mais tensão.
No dia 12, enquanto milhares de venezuelanos contra Maduro se reuniam
no centro de Caracas, outras tantos, vestidos de vermelho (a cor do
governo), marchavam em prol da Venezuela.
Além da polícia venezuelana, há milícias pró-governo nas ruas, aumentando o risco de violência e caos.
4. Qual é a real situação do país?
O país vive um caos econômico.
A inflação já chega a 56% e desde o ano passado há escassez de produtos básicos como leite e papel higiênico.
Os preços dos alimentos, por exemplo, são os
mais altos em 18 anos.
Maduro também aprovou leis impopulares. Uma, limita o lucro dos empresários a 30%.
Ele chama esse decreto-lei de “lei dos lucros justos”. Na prática, está
acabando com a produtividade do comércio e da indústria.
Outra medida
lhe concedeu, na prática, poderes absolutos. É a Lei Habilitante, aprovada em novembro de 2013.
Com ela, pode governar por decreto, criando leis e medidas sem necessitar da aprovação dos legisladores.
Segundo o governo, a medida serve para “estabelecer mecanismos
estratégicos de luta contra as potências estrangeiras que queriam
destruir a pátria no campo econômico, político e midiático”.
5. Como o presidente reagiu às manifestações?
Maduro tem reagido com truculência, colocando a polícia nas ruas. A
morte de três pessoas mostra o tipo de embate entre civis e forças de
segurança.
Segundo ele, os protestos são uma tentativa de “golpe de estado” e estão sendo levados por “fascistas”.
Ele decretou a prisão do opositor Leopoldo López. Como ele teria incitado as manifestações, o acusa de homicídio e terrorismo.
6. Como a comunidade internacional está reagindo?
O
Mercosul já declarou apoio ao governo de Maduro, deixando claro que considera que grupos extremistas estão por trás da violência.
Em nota, o Mercosul disse rechaçar “as ações criminosas dos grupos
violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na Venezuela
como instrumento de luta política”.
Evo Morales, presidente da Bolívia e velho aliado da Venezuela, disse
que o “imperialismo norte-americano” financia os jovens manifestantes.
Já a ONU pediu que o governo venezuelano investigasse as mortes de
manifestantes e afirmou que estar "profundamente preocupada com a
violência na Venezuela".
América Latina
20 fotos dos violentos protestos na Venezuela
Manifestações nas ruas de Caracas contra o governo já duram dias, com um saldo de centenas de presos e feridos e três mortos
REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Veja a seguir fotos dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro, que responde com repressão e teorias conspiratórias
São Paulo - As ruas de Caracas, na
Venezuela, foram tomadas por milhares de manifestantes na última semana.
Na maioria jovens estudantes, eles protestam contra o governo de
Nicolás Maduro, que responde com violência desmedida.
Três manifestantes já foram mortos e outros centenas já
foram feridos e presos. Não só as forças policiais do governo, mas milícias pró-Maduro também agem com violência nos protestos.
Os jovens reclamam de um governo delirante, que mantém o discurso de
"forças externas malignas querem prejudicar a revolução bolivariana".
Para Maduro, os protestos foram uma "tentativa de golpe".
Enquanto isso, a economia do país está em frangalhos: a inflação passa dos 50% e faltam produtos básicos nas prateleiras.
Veja a seguir 20 fotos dos violentos protestos:
"Já basta de propaganda de guerra", advertiu Maduro em mensagem à nação
Jorge Silva/Reuters
Nicolás Maduro: presidente ameaçou nesta quinta-feira "bloquear" a rede de televisão americana CNN
O presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro, ameaçou nesta quinta-feira "bloquear" a rede de televisão americana
CNN caso a emissora mantenha o que chamou de "propaganda de guerra".
"Pedi à ministra (das Comunicações) Delcy Rodríguez que notifique à CNN
sobre o início do processo administrativo para tirá-los da Venezuela
caso não mudem isto. Já basta de propaganda de guerra", advertiu Maduro
em mensagem à nação.
"Estava agora no meu gabinete vendo a CNN. Durante as 24 horas do dia
sua programação é de guerra. Eles querem mostrar ao mundo que na
Venezuela há uma guerra civil, mas na Venezuela o povo está
trabalhando".
Na semana passada, o governo venezuelano bloqueou o canal de notícias
colombiano a cabo NTN24, sob a acusação de tratar de gerar "frustração"
entre a população, quando transmitia confrontos após uma passeata da
oposição.
O NTN24 pretendia "transmitir um fracassado golpe de Estado como o de
11 de abril (de 2002, contra o então presidente Hugo Chávez). Fora do ar
NTN24!", disse Maduro na ocasião.
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