Povo quer Constituinte, mas a mídia silencia
Plebiscito popular sobre reforma política realizado no último 7 de setembro teve 1.744.872 votos de brasileiros de todas as regiões do País, com mais de 96% de apoio à Constituinte exclusiva, mas foi solenemente ignorado pelos meios de comunicação tradicionais, aponta Tereza Cruvinel, colunista do 247; "O silêncio da mídia sobre o plebiscito expressa, além de sua dissintonia com as iniciativas populares, a descrença no resultado de tudo que não tem origem no status quo", diz ela; movimento nasceu com as manifestações de junho e evidencia a urgência de se rediscutir o modelo de representação popular; leia a íntegra
247 -
Uma iniciativa popular sobre reforma política mobilizou 1.744.872
brasileiros, no último dia 7 de setembro, mas foi solenemente ignorada
pelos meios de comunicação tradicionais. Trata-se do plebiscito sobre a
urgência de uma reforma política, realizado na internet, em que 96,9%
dos votantes declararam apoio a uma Constituinte exclusiva para tratar
do tema.
Esse plebiscito é o tema do novo artigo de Tereza Cruvinel, colunista do 247. "O
movimento que preparou esta consulta começou no ano passado, depois das
manifestações de junho, quando ficou evidente a falência do atual
sistema eleitoral para garantir a legitimidade de nosso regime
democrático baseado na representação popular através dos partidos
políticos. Entre as 450 instituições patrocinadoras há sindicados,
organismos de classe, associações civis as mais diversas e apenas três
partidos políticos: PT, PC do B e PCR", diz ela no texto "A mídia, o povo e o plebiscito popular".
"O silêncio da mídia sobre o
plebiscito expressa, além de sua dissintonia com as iniciativas
populares, a descrença no resultado de tudo que não tem origem no
status quo. A História, entretanto, já mostrou algumas vezes que o
caminho social pode nascer das pequenas trilhas. Em 1983, um jovem
deputado de terno branco e chapéu panamá, recém chegado à Câmara,
chamado Dante de Oliveira, corria atrás dos jornalistas no Salão Verde
da Câmara para falar de sua proposta de emenda constitucional
restabelecendo as eleições diretas para presidente da Repúblicas. Que
utópico, diziamos nós, e o ouviamos por delicadeza. Saía um registro
aqui, outro ali. Ate que em algum momento dr. Ulysses Guimaráes, como
nós e todos o chamávamos, colocou-a na agenda do PMDB. Os outros
partidos de oposição se juntaram, levantaram a bandeira e aconteceu a
memorável campanha das diretas-já", lembra a jornalista.
Leia a íntegra no blog de Tereza Cruvinel.
No último dia 7 de Setembro, 1.744.872 pessoas de
todas as regiões do Brasil votaram pela Internet no plebiscito popular,
organizado por 450 entidades da sociedade civil sobre a reforma
política. Entre estas, 96,9% (1.691.006) votaram SIM à constituinte
exclusiva para reformar o sistema Político, e 3,1% (53.866) votaram
NÃO. Outros milhares votaram através das 40 mil urnas físicas e estes
votos ainda estão sendo apurados pelos 1.800 comitës organizativos.
Toda esta mobilização, entretanto, mereceu da grande mídia um silëncio
ensurdecedor, que fala de sua desconexão com os movimentos populares.
Afora uma nota aqui (como a de Ilimar Franco hoje no Globo), outra ali,
nada na mídia impressa nem nos meios eletrônicos.
O movimento que preparou esta
consulta começou no ano passado, depois das manifestações de junho,
quando ficou evidente a falência do atual sistema eleitoral para
garantir a legitimidade de nosso regime democrático baseado na
representação popular através dos partidos políticos. Entre as 450
instituições patrocinadoras há sindicados, organismos de classe,
associações civis as mais diversas e apenas três partidos políticos: PT,
PC do B e PCR. Não sei que peso eles tiveram na mobilização, que não
contou com apoio oficial da Justiça Eleitoral ou de qualquer agência do
Estado. Foi realizado graças ao engajamento de milhares de militantes e
ativistas de todas as partes do Brasil, preocupados com os rumos da
democracia que, aos trancos e barrancos, o povo brasileiro vem
construindo e aprimorando. Trata-se de um movimento independente que,
em algum momento, terá de ser ouvido, se náo pelas midias, pelo menos
pelos partidos e políticos que se sustentam sobre um sistema erodido
pelo descredito na política, decorrente dos delitos de uns e da campanha
movido pelos agentes do negativismo contra a atividade política. O
resultado final da consulta será divulgado no dia 24 de setembro, quando
será apresentado aos dirigentes do Congresso, aos partidos e aos
candidatos a presidente.
O silëncio da mídia sobre o plebiscito expressa, além de
sua dissintonia com as iniciativas populares, a descrença no resultado
de tudo que näo tem origem no status quo. A História, entretanto, já
mostrou algumas vezes que o caminho social pode nascer das pequenas
trilhas. Em 1983, um jovem deputado de terno branco e chapéu panamá,
recém chegado ä Câmara, chamado Dante de Oliveira, corria atrás dos
jornalistas no Salão Verde da Cãmara para falar de sua proposta de
emenda constitucional restabelecendo as eleiçoes diretas para presidente
da Repúblicas. Que utópico, diziamos nós, e o ouviamos por delicadeza.
Saia um registro aqui, outro ali. Ate que em algum momento dr. Ulysses
Guimaráes, como nós e todos o chamávamos, colocou-a na agenda do PMDB.
Os outros partidos de oposição se juntaram, levantaram a bandeira e
aconteceu a memorável campanha das diretas-já.
Seja através do plebiscito, do referendo ou de uma
iniciativa corajosa do Congresso, a reforma política terá que vir. Assim
como passado eram inexoráveis a anistia, o fim do arbítrio, as eleições
diretas e a Constituinte. Quem não gosta da ideia, trate de assimilar
isso.
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