Dilma enxergou problemas reais e agiu com precisão

Dilma enxergou problemas reais e agiu com precisão

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As duas etapas já anunciadas da reforma ministerial demonstram que a presidente Dilma Rousseff teve uma visão clara dos desafios que rondavam – e ainda rondam – seu segundo mandato; o primeiro movimento, com a chegada de Joaquim Levy e Nelson Barbosa, que se somaram a Alexandre Tombini, visava recuperar a confiança dos agentes econômicos; o segundo, com ministros que têm lealdade, densidade política e capacidade administrativa (Cid Gomes, Jaques Wagner, Eduardo Braga e Gilberto Kassab já governaram estados importantes e a maior cidade do País) garantem estabilidade política; nuvens escuras no horizonte começam a se dissipar; artigo de Leonardo Attuch

24 de Dezembro de 2014 às 17:42

Por Leonardo Attuch
Há razões concretas para acreditar no sucesso do segundo governo Dilma. E elas se tornam cada vez mais evidentes a partir das escolhas feitas por ela para compor seu gabinete ministerial.
Durante a campanha presidencial, uma das mais radicalizadas da história do País, era possível enxergar duas nuvens escuras formadas no horizonte. Uma pairava sobre a atividade empresarial, contaminada pelo excesso de pessimismo dos agentes econômicos, e outra sobre a política, fragilizada pelo escândalo da Operação Lava Jato, que expôs as vísceras do sistema de financiamento eleitoral no País.
Ao compor seu ministério, sem ceder à pressa dos que exigiam decisões de afogadilho, a presidente Dilma demonstrou ter tido a compreensão precisa dos desafios que rondavam – e ainda rondam – seu segundo mandato.
Na economia, era preciso recuperar a confiança de empresários e investidores. E as escolhas de Joaquim Levy, um especialista em contas públicas reconhecido pelo mercado, ao lado de Nelson Barbosa, que terá a missão de elaborar novas reformas estruturais, não poderiam ter sido mais adequadas. Os dois se somam a um Alexandre Tombini que, no segundo mandato à frente do Banco Central, terá maior autonomia para gerir a política monetária, como, aliás, já demonstra a última ata do Comitê de Política Monetária, que sinaliza a busca do centro da meta de inflação já em 2016.
A crise política
Se havia riscos na economia, o temporal anunciado na política parecia ser bem mais assustador. Havia o risco concreto de que a presidente Dilma assumisse um segundo mandato sem as contas aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, tendo de lidar com um Congresso em ebulição, diante das denúncias da Lava Jato.
Hoje, 24 de dezembro, um dia depois do anúncio de 13 novos ministros, essa crise parece ser bem menor. Ao compor seu gabinete, a presidente Dilma demonstrou critério e coerência. Entre os fatores que explicam suas decisões, destacam-se fatores como lealdade, densidade política e capacidade administrativa. No pelotão de elite da nova equipe, destacam-se três ex-governadores e um ex-prefeito da maior cidade do País: Jaques Wagner, da Bahia, Eduardo Braga, do Amazonas, Cid Gomes, do Ceará, e Gilberto Kassab, de São Paulo. 
Com esses quatro nomes no time, que são também conhecidos pela capacidade de articulação política, a tempestade que se anunciava hoje parece mais uma chuva de verão. O fato concreto é um só: Dilma, hoje, tem uma retaguarda gigantesca no Congresso para enfrentar eventuais turbulências. E a palavra impeachment desaparecerá do vocabulário político.
Mais mudanças?
A montagem da nova equipe demonstra, ainda, uma mudança clara de atitude da presidente Dilma. Neste segundo mandato, ela será mais presidente – e menos ministra de todas as áreas. É ilógico imaginar que nomes como Levy, Barbosa, Wagner, Braga, Cid e Kassab não terão autonomia para tocar suas áreas e executar seus projetos.
No primeiro mandato, a presidente hiperdetalhista, que se envolvia praticamente em todas as áreas, seguia uma lógica distinta. Dilma ainda enfrentava uma transição, com um gabinete herdado do antecessor, e tinha grandes desafios pela frente, como a organização de uma Copa do Mundo.
Hoje, reeleita, ela parece mais segura para trabalhar em equipe, delegar missões e preparar transformações que poderão ter profundo impacto na realidade brasileira. A mais importante, mãe de todas as reformas, é a mudança do sistema político, anunciada em seu discurso da vitória. Só ela será capaz de estancar os escândalos de corrupção que, há meses, ocupam todas as páginas do noticiário político.
Por último, mas não menos importante, será preciso profissionalizar a gestão das empresas estatais, tornando-as imunes ao loteamento político, mas sem perder de vista os interesses nacionais e estratégicos que norteiam a atuação de cada uma delas.
Voltando à primeira frase deste artigo, há razões concretas para otimismo. Um feliz Natal a todos! * Leonardo Attuch é editor-responsável pelo 247
 copiado http://www.brasil247.com/pt/247/poder

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