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As delícias de ser governo e oposição ao mesmo tempo




Eduardo Guimarães
EDUARDO GUIMARÃES
Não apoio "incondicionalmente" Dilma, Lula ou o PT; apoio enquanto os governos petistas continuarem promovendo aquilo que julgo o mais importante em termos de políticas públicas hoje no país

A escolha do ministério de Dilma Rousseff vem rendendo críticas duras a ela e até a quem não a critica. Uma parte dessas críticas sugere que alguns, como este que escreve, apoiariam a presidente de modo mais decidido por terem algum interesse pessoal.
Duas pesquisas recentes, porém, mostram que, ao menos para blogueiros, pichar o governo Dilma e sua titular é melhor porque rende muito mais curtidas e retuítes nas redes sociais do que defender.
Pesquisa Datafolha de setembro sobre a corrida presidencial em primeiro turno mostrou que quanto mais alta a classe social menor era, naquele momento, o apoio a Dilma e ao seu governo, ocorrendo o inverso conforme se fosse descendo a pirâmide social.

Como se vê, em setembro deste ano 52% dos eleitores de classe média alta apoiavam algum candidato de oposição e 36%, a candidata da situação. Já na classe média intermediária, 49% votavam na oposição e 35%, no governo. Por fim, na classe média baixa 44% apoiavam Marina ou Aécio e 40%, Dilma.
Como Dilma venceu a eleição? As classes D e E – que o Datafolha chamou de "excluídos" e que ainda são expressivas no país –, aliadas à classe média baixa – que é maioria –, deram conta de formar uma maioria mais tênue a favor de Dilma do que em 2010, mas, ainda assim, uma maioria. E ela se reelegeu.
Já uma outra pesquisa, ainda mais recente – divulgada em dezembro –, mostra que as classes sociais mais altas são maioria na internet. E o que é pior – ou melhor, para alguns: as classes mais baixas, que apoiam mais Dilma, em GRANDE parte nem acessam a rede.
A pesquisa em questão foi feita pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a Secom. Trata-se da Pesquisa Brasileira de Mídia 2015.
Um trecho dessa pesquisa esclarece meu ponto de vista:
"(...) Os dados mostram que 65% dos jovens com até 25 anos acessam internet todos os dias. Entre os que têm acima de 65 anos, esse percentual cai para 4%. Entre os entrevistados com renda familiar mensal de até um salário mínimo (R$ 724), a proporção dos que acessam a internet pelo menos uma vez por semana é de 20%. Quando a renda familiar é superior a cinco salários mínimos (R$ 3.620 ou mais), a proporção sobe para 76%. Por sua vez, o recorte por escolaridade mostra que 87% dos respondentes com ensino superior acessam a internet pelo menos uma vez por semana, enquanto apenas 8% dos entrevistados que estudaram até 4ª série o fazem com a mesma frequência. (...)"
Como se vê, essa pesquisa mostra que o público mais jovem também acessa muito mais a internet do que o público mais maduro. Convém ao entendimento do texto guardar esses dados para relembrá-los mais adiante.
Vai ficando claro, pois, que criticar Dilma por qualquer coisa é conduta tão popular entre a classe média – sobretudo a do Sul e do Sudeste – que até o setor dessa classe que votou na reeleição há míseros dois meses não deixa de pagar um pedagiozinho ao antipetismo jovem das classes sociais mais altas – um antipetismo que pode ser de esquerda ou de direita.
Apesar da indignação, este blogueiro já se acostumou a ser qualificado como "apoiador incondicional" do governo Dilma – tanto pela direita quanto pela esquerda. Essa pecha que sugere um interesse qualquer que não o interesse público.
De fato, apoio o PT de forma decidida. E não é de hoje. Apoio os candidatos a presidente petistas desde 1989, quando o partido começou a pregar a construção de um mercado de consumo de massas. E, após a chegada de Lula ao poder, venho apoiando os governos petistas de forma igualmente decidida.
Para o bem ou para o mal, sou um homem que se compromete com as suas escolhas, apesar de se comprometer assim não ser fácil. É muito mais fácil não se comprometer tanto, de forma a não ser muito identificado com eventuais fracassos do alvo do comprometimento.
Não apoio "incondicionalmente" Dilma, Lula ou o PT; apoio enquanto os governos petistas continuarem promovendo aquilo que julgo o mais importante em termos de políticas públicas hoje no país.
O que é mais importante em termos de políticas públicas hoje no país? Promover distribuição de renda.
Nesse contexto, quero abordar reportagem publicada recentemente pela insuspeita revista Exame, da editora Abril. O título: "Nordeste cresce mais que o Brasil e ganha poder econômico".
Apesar de pertencer ao mesmo grupo da revista Veja, a Exame é uma revista de negócios e o tom da matéria, expresso em chamadas do texto como "A hora é agora", aponta oportunidades de negócios na região que historicamente puxa para baixo os índices sociais do país.
A matéria mostra o porquê de meu apoio dito "incondicional" ao governo Dilma: enquanto governos do PT continuarem mantendo o Brasil nesse caminho, terão meu apoio. E não é por bondade, mas porque acho que sem distribuição de renda este país não irá a lugar algum.
Confira, abaixo, matéria da irmã da revista Veja que resume minhas razões para manter decididamente escolha que eu mesmo fiz há escassos dois meses e que não irá mudar por conta do nome de um ou outro novo ministro – o post contém um último comentário após a matéria abaixo.

Eis por que apoio o governo Dilma. E não será escolha de ministros dos partidos da coligação pela qual a presidente se reelegeu que me fará deixar de apoiá-la.
Dilma Rousseff reelegeu-se presidente pela coligação partidária "Com a Força do Povo", que congregou PT, PMDB, PSD, PP, PR, PROS, PDT, PCdoB e PRB. Quem votou em Dilma sem saber disso, votou mal.
Quem conhecia os partidos da coligação de Dilma e que, em grande parte, apoiaram o governo Lula, não tem por que se enfezar com ministros saídos desses partidos. É legítimo que tenham influência na formação do governo. É assim em todos os governos desde sempre.
É cômodo apoiar Dilma, pero no mucho. Sobretudo para quem quer agradar o público jovem e mais rico, mais refratário ao atual governo. Porém, este blog não foi criado para oferecer comodidade ao seu autor, mas para viabilizar sua luta por um país mais justo.

 COPIADO  http://www.brasil247.com/



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