Graça, a forte
Graça Foster, presidente da Petrobras, resistiu a um dos mais intensos bombardeios midiáticos já vistos no País; denúncias de Venina Velosa ecoaram durante horas nos telejornais da Globo, mas não foram suficientes para afastá-la do comando da companhia; Graça teve reafirmada a confiança da presidente Dilma Rousseff e apresentou recorde de produção de petróleo, com mais de 700 mil barris no pré-sal; para completar, ela também anunciou novas medidas para reforçar os controles da estatal; Graça fica e terá uma das missões mais importantes de 2015: recuperar a confiança da sociedade na Petrobras; Graça é a capa da nova edição da revista 24/7, com esta e as principais histórias da semanaQuando observadores políticos e econômicos davam a queda de Graça Foster como favas contadas, na semana passada, eis que ela não apenas foi mantida no cargo, como saiu de uma crise midiática fortalecida.
Para chegar a esta situação, dois fatores tiveram grande peso: a confiança de Dilma, é claro, e o desempenho da companhia o setor de exploração de petróleo. Na gestão de Graça, a estatal tornou-se a única petrolífera do mundo a aumentar, nos últimos seis anos, sua própria produção de petróleo.
Defensora do atual modelo de partilha do pré-sal, que tornou a estatal brasileira associada das gigantes Shell e Total e das chinesas CNPC e CNOOC, Graça é uma executiva que, assim que chega ao seu gabinete, convoca os responsáveis pela produção para apurar a evolução da extração.
Com atenções voltadas para este setor, ela pôde anunciar, na última terça-feira 23, a quebra de mais um recorde. A Petrobras acabara de obter a retirada de 700 mil barris/dia no pré-sal, superando as previsões mais otimistas.
CHUVA DE PEDRAS NA MÍDIA - Exposta à mídia, Graça também venceu o que se pode chamar de uma luta de vale tudo promovida pela Rede Globo. No programa Fantástico, no domingo 21, e, no dia seguinte, em rigorosamente todos os seus telejornais, a emissora dos três irmãos Marinho despejou sobre o público a repetição, à exaustão, de uma entrevista da ex-gerente Venina Velosa, toda ela feita para acusar Graça de leniência com denúncias de corrupção. Quando obteve o direito de falar a respeito, na mesma Globo, Graça reposicionou a situação, garantido que jamais fora procurada por Venina com qualquer tipo de denúncia, mas que desvios nos padrões de procedimentos haviam sido apontados pela ex-gerente e encaminhados para apuração.
A versão de Graça convenceu a presidente Dilma, que já conhecia o conteúdo dos ataques de Venina. A Globo, afinal, não fora a primeira a entrevistá-la. Em análises de voz feitas pelo Instituto Truster a pedido do portal Diário do Centro do Mundo, as conclusões foram de que, nas respectivas entrevistas, Venina e Graça tiveram posturas díspares: a primeiro teria mentido, enquanto a segunda teria falado a verdade.
O certo é que a chuva de pedras despejada pela emissora não derrubou Graça. Em café da manhã com jornalistas, na véspera do Natal, a presidente Dilma fez uma pergunta que não quer calar, ao confirmar a manutenção de Graça no comando da companhia:
- A quem interessa a demissão?, quis saber a presidente, deixando claro que uma troca na presidência da Petrobras, agora, seria muito mais do agrado dos adversários da companhia do que dos reais interesses dela.
A partir da evolução das investigações da operação Lava Jato, Graça foi surpreendida pelos fatos, mas não ficou de braços cruzados.
- Para que tudo isso viesse à tona, foi preciso uma investigação feita por vários órgãos, escutas telefônicas, tomadas de depoimentos oficialmente, era tudo encoberto, lembrou Graça na entrevista à Globo:
- A Petrobras não faz escuta telefônica, lembrou a presidente da companhia.
Para dar novos padrões de governança a empresa, Graça convocou reuniões que findaram na criação de uma diretoria de Compliance, que não existia, e, agora, toma corpo a decisão de verificação dos negócios da Petrobras por uma comissão de notáveis.
A presidente Dilma acredita que, pelo comprometimento demonstrado, Graça é quem tem as melhores condições para chefiar o novo momento da estatal – exatamente porque, em sua administração, soube fortalecê-la no estratégico terreno da exploração de matéria prima.
Após um movimento especulativo em torno de nomes para o lugar da atual presidente, o Palácio do Planalto passou a vazar informações de que, ao menos até fevereiro, não haverá mudanças na cúpula da companhia.
CONFIANÇA INABALÁVEL - Em mais de uma ocasião, confirmada na duas pontas da notícias, Graça colocou seu cargo à disposição de Dilma, mas a presidente não deixou que essa linha de conversa prosperasse. Escolha da cota pessoal da presidente, Graça cumpre, no fundamental, o que Dilma queria dela – a exploração bem sucedida do pré-sal. Nos ataques ao cargo da chefe da companhia, não faltaram rumores sobre nomes e até mesmo especulações de mudança no modelo de partilha e de quebra no caixa da companhia. Em que pesem as dificuldades, será Graça Foster, e não outra pessoa, a enfrentar os problemas criados para a estatal com a roubalheira que está sendo descoberta.
A previsão é a da divulgação do balanço da companhia em 31 de janeiro. Se não estiver auditado, o resultado pode provocar a antecipação de vencimentos, contra a Petrobras, estimados em US$ 97 bilhões. Um efeito colateral será o rebaixamento da nota de crédito da empresa, a ser derrubado pelas agências de classificação de risco. Isso vai significar um aumento nas taxas de captação de recursos que a companhia precisar fazer nos mercados doméstico e internacional.
Ainda na véspera do Natal, Graça foi colhida pela notícia de que a cidade de Providence, nos Estados Unidos, decidiu colocá-la como ré, ao lado de 15 diretores da estatal e bancos que participaram do lançamento de títulos da companhia no exterior. Ao lado da informação de que a agência Moody´s colocou a nota da companhia em revisão, a notícia foi forte o suficiente para derrubar em 6% as ações da companhia na Bolsa de Valores de são Paulo. Porém, Graça já vem superando os altos e baixos da companhia na bolsa – e dificilmente situações já previstas como um novo processo e a mudança da nota irão mudar a opinião de Dilma sobre manter sua mulher de confiança no cargo.
Até a eclosão do escândalo em seus detalhes, Graça acreditava que a estatal não necessitaria tomar recursos para fazer frente aos seus compromissos. Essa é uma posição que prevalece. Até que as datas cheguem, o melhor parece ser, mesmo, acreditar nas informações dadas pela presidente da Petrobras. Até aqui, quem duvidou e apostou no fim da gestão de Graça Foster à frente da maior companhia brasileira, perdeu a sua aposta. Ao contrário do que era o sendo comum, Graça é forte.
copiadohttp://www.brasil247.com/pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário