Noblat diz que Loures delatará. Será?
Ricardo Noblat, em sua coluna em O Globo, diz que “o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, flagrado correndo por uma rua de São Paulo com uma mala de dinheiro, decidiu fazer um acordo de delação premiada”. O aviso, segundo o colunista, já teria sido feito a Michel Temer.
Não sei se é verdade, mas alinha-se ao que diz, na sua coluna de hoje na Folha, Monica Bergamo: “Rodrigo da Rocha Loures passa por momento crítico e está muito mal, segundo relatos de quem esteve com ele na prisão”.
Claro que o método “prende que ele entrega” funciona com todos – ou quase todos – apenas variando o tempo pelo qual se resiste a dizer ou a verdade ou o que se quer que seja a verdade.
Ao final da sessão do STF, ontem, o advogado de Loures, Cézar Bittencout, fez um patético apelo para que se concedesse prisão domiciliar a seu cliente, que você pode assistir abaixo.
Na sua fala, com o cuidado de dizer que são “palavras do delator”, diz que Loures “é um simples mensageiro”.
A mensagem foi, ao que parece, transmitida.
Pela televisão, com o RSVP, aquela abrevitura chique do francês Répondez S’il Vous Plaît, “Responda por favor”.
Um rato se defende com ratos
A melancólica cena de um plenário vazio, com dúzia ou dúzia e meia de parlamentares, durante a leitura da acusação de corrupção passiva feita pela Procuradoria Geral da República, não é, diz hoje Bernardo Mello Franco, na Folha, apenas o desinteresse pelo cumprimento de uma formalidade processual.
O Planalto conta com essa inércia para segurar Temer na cadeira. A fidelidade ficou mais cara, mas ainda parece possível comprá-la com a distribuição de cargos e emendas.
Se é difícil convencer 172 deputados a defender Temer no microfone, a solução pode estar no plenário vazio. É por isso que o governo passou a apostar nas ausências para barrar a denúncia. A ideia é manter os parlamentares longe de Brasília ou bem escondidos, como aconteceu na primeira leitura da acusação.
Se é difícil convencer 172 deputados a defender Temer no microfone, a solução pode estar no plenário vazio. É por isso que o governo passou a apostar nas ausências para barrar a denúncia. A ideia é manter os parlamentares longe de Brasília ou bem escondidos, como aconteceu na primeira leitura da acusação.
Então, fica combinado assim.
Os “valentes” temeristas, a troco de ração dobrada, aparecerão no plenário, para não dar a impressão de deserção e isolamento.
Os covardes governistas – ainda que seja pleonasmo chamar de covarde a quem participa de um golpe contra o voto popular – escafeder-se-ão, para usar a tão adequada mesóclise.
Mais ou menos como se fez, 33 anos atrás, na votação da emenda das diretas-já, para nos devolver o que agora queremos que seja devolvido: nosso direito de escolher o Presidente.
Foram 298 votos a favor e apenas 65 contra e três abstenções, mas como era necessário que fossem 320 votos – agora são 342 – a vontade popular foi-nos negada, graças a 113 ratos que se esconderam na toca da ausência.
Desta vez, tudo indica, não haverá o festim nojento que se viu no impeachment, com as invocações de Deus, das mulheres, dos filhos e netos para explicar porque roíam o governo eleito.
Mas ratos são ratos e se houver barulho e movimento, cada um foge para seu canto e seu queijo.
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