Percepção de que Brasil está no rumo errado supera fase pré-impeachment e atinge nível recorde, diz pesquisa
Segundo levantamento do instituto Ipsos, somente 5% dos brasileiros consideram que país está no caminho certo; proporção dos que avaliam governo federal como 'ruim ou péssimo' também atingiu maior patamar.
SERHII
LOHVYNIUKProporção
dos que avaliam governo federal como "ruim ou péssimo"
também atingiu maior patamar
A
percepção de que o Brasil não está no caminho certo atingiu o
maior nível já alcançado, superando o recorde anterior, registrado
durante os últimos meses de governo da ex-presidente Dilma Rousseff,
segundo uma pesquisa feita pela consultoria Ipsos e divulgada nesta
quinta-feira.
De
acordo com o levantamento, 95% dos brasileiros consideram que o país
segue no rumo errado. O índice é superior ao verificado durante
março do ano passado (94%), antes, portanto, de que a petista fosse
suspensa temporariamente e posteriormente afastada em definitivo do
cargo.
A
pesquisa 'Pulso Brasil' conduziu 1,2 mil entrevistas, pessoais e
domiciliares, em 72 municípios no Brasil durante os dias 1º e 13 de
junho deste ano. A margem de erro é de três pontos percentuais.
"Não
vemos nenhuma fagulha de esperança por parte da população quanto à
melhora nos rumos do país. A avaliação da esmagadora maioria da
população é fortemente negativa", diz à BBC Brasil Danilo
Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, responsável pelo estudo.
Entre
os que consideram que o país está no caminho certo (5%), houve uma
piora na avaliação das classes A, B e C em relação a maio. Para
as classes D e E, foi registrada uma ligeira melhora.
Ainda
na mesma base de comparação, todas as regiões, com exceção do
Nordeste, também tiveram mais pessoas apontando que o Brasil está
no rumo errado.
A
avaliação dos brasileiros sobre o governo federal também piorou.
Para 84% dos entrevistados, o governo Temer é considerado "ruim
ou péssimo", outro número recorde.
Até
então, a pior avaliação havia ocorrido em setembro de 2015, quando
82% descreviam a administração de Dilma Rousseff dessa forma.
Segundo
a pesquisa, 12% consideram o governo como "regular". Apenas
2% avaliam a gestão de Temer como "ótima ou boa". Os 2%
restantes não souberam ou não responderam.
Direito
de imagem
ABR
Image
captionCresceu proporção dos que consideram que Lava Jato "está mostrando que todos os partidos são corruptos"
Lava Jato
Para
96% dos entrevistados, a operação Lava Jato deve continuar "com
as investigações até o fim, custe o que custar".
Entre
eles, 95% defendem a continuidade das investigações "mesmo que
isso traga mais instabilidade política" enquanto que a operação
é apoiada por 94% "mesmo que isso traga mais instabilidade
econômica".
Segundo
a pesquisa, um número maior de brasileiros (74%) acredita que a Lava
Jato "está investigando todos os partidos". Em maio, a
proporção era de 66%.
Já
o porcentual dos que discordam caiu de 21% para 15%.
Também
aumentou a proporção (para 82%) dos que consideram que a operação
"está mostrando que todos os partidos são corruptos".
Na
mesma base de comparação, mais brasileiros acham que a Lava Jato
ajuda a "transformar o Brasil em um país sério" (79%
contra 74%).
Metade
dos entrevistados (50%) discorda da afirmação de que a operação
"vai acabar em pizza". Em maio, esse número havia sido de
47%.
Cresceu
ainda a percepção de que as lideranças políticas estão tentando
acabar com a Lava Jato.
Em
maio, 83% concordavam com essa possibilidade. Em junho, esse
porcentual subiu para 89%.
Já
87% consideram que a Lava Jato vai "fortalecer a democracia no
Brasil".
Para
64% dos brasileiros, o PT continua sendo o partido mais associado à
Lava Jato - alta de sete pontos percentuais em relação ao mês
anterior.
PMDB
(12%) e PSDB (3%) completam a lista. Não sabe ou não responderam
somam 17%.
Quando
questionados sobre quem consideram o nome "mais envolvido na
operação", 57% dos entrevistados afirmaram ser o ex-presidente
Lula.
O
petista é seguido por Aécio Neves (44%), Michel Temer (43%), Dilma
Rousseff (35%), Eduardo Cunha (33%), Renan Calheiros (9%), José
Serra (4%), Geraldo Alckmin (3%), Fernando Henrique Cardoso (2%),
Romero Jucá (2%), Rodrigo Maia (2%), Marina Silva (1%), Gilmar
Mendes (1%) e Jair Bolsonaro (1%).
Presidente Michel Temer tem maior índice de rejeição entre lideranças políticas analisadas
Lideranças políticas
Entre
as lideranças políticas analisadas pela pesquisa, o presidente
Michel Temer tem o maior índice de rejeição.
Segundo
a pesquisa, 93% desaprovam "totalmente ou um pouco" o
peemedebista. Em maio, esse porcentual era de 86%.
A
ex-presidente Dilma Rousseff ocupa o segundo lugar, com 82% de
desaprovação.
Em
terceiro, está o ex-presidente Lula. Segundo o levantamento, 68% o
desaprovam "totalmente ou um pouco".
O
levantamento mostra que todas as lideranças analisadas,
independentemente da coloração político-partidária, registraram
um aumento de rejeição.
Isso
inclui até mesmo figuras notoriamente elogiadas pelos brasileiros,
como o juiz federal Sergio Moro, que comanda a Lava Jato, e o
ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa.
Diferentemente
de outras lideranças políticas, ambos ainda têm índices de
aprovação superiores aos de desaprovação. Mesmo assim, a forma
como vêm atuando no país piorou na percepção dos entrevistados.
Em
maio, por exemplo, 22% diziam desaprovar "totalmente ou um
pouco" Moro. Esse percentual subiu para 28% em junho.
No
caso de Barbosa, sua rejeição aumentou de 26% para 37%, quase se
igualando à sua aprovação (42%).
"Toda
a classe foi impactada, em maior ou menor proporção, pelo
sentimento de insatisfação que assola o Brasil, como se não
houvesse luz no fim do túnel", opina Cersosimo.
"Inegavelmente,
parte dessas pessoas nunca aprovou Moro ou Barbosa. Mas outra parte
talvez tenha ficado decepcionada por não ter tido atendidas suas
expectativas em relação aos dois", acrescenta.
"Desde
o impeachment, o Brasil está paralisado. A propalada construção da
agenda positiva, defendida por Temer e seus aliados, ainda não
ocorreu. O clima é de desesperança generalizada e a percepção da
população sobre essas lideranças mostra isso", conclui.
copiado http://www.bbc.com/
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