Contas do governo têm déficit de R$ 29,3 bi no pior maio em 21 anos
No acumulado do ano, resultado é negativo em R$ 35 bi, também o pior desde 97.
Após
registra superávit
em abril,
as contas do governo voltaram ao vermelho em maio, quando foi
registrado um déficit primário de R$ 29,37 bilhões, informou a
Secretaria do Tesouro Nacional nesta quinta-feira (29).
O
resultado primário considera apenas as receitas e desepesas e não
leva em conta os gastos do governo federal com o pagamento dos juros
das dívida pública.
Esse
foi o pior resultado para meses de maio desde o início da série
histórica, em 1997, ou seja, em 21 anos. Até então, o maior
déficit para meses de maio havia sido registrado em 2016 - quando o
rombo somou R$ 15,47 bilhões.
Segundo
a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, o resultado de
maio foi influenciado pela antecipação do pagamento de precatórios
e sentenças judiciais. Normalmente pagos em novembro e dezembro, o
governo decidiu antecipar esses desembolsos para maio e junho.
O
pagamento de precatórios e sentenças judiciais elevou as despesas
em R$ 10,7 bilhões em maio, contra o mesmo mês de 2016. Com essa
antecipação, o governo economizará R$ 97 milhões por mês até o
fim do ano em atualização monetária. No acumulado de 2017, a
economia com a medida será de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões,
disse ela.
No
acumulado de janeiro a maio deste ano, as contas também foram
deficitárias: R$ 34,98 bilhões. O resultado também foi o pior para
o período desde o início da série histórica, em 1997.
Nível de atividade
O
fraco resultado das contas públicas acontece em um ambiente ainda de
baixo nível de atividade, que tem se refletido em instabilidade na
arrecadação.
Embora
apareçam alguns sinais de melhora no ritmo da economia, como alta da
confiança e da produção industrial, o desemprego ainda segue alto.
Tensões políticas recentes também impactam o nível de atividade.
De
acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, as receitas totais
recuaram 1,7% em termos reais (após o abatimento da inflação) de
janeiro a maio deste ano, na comparação com igual período de 2016,
para R$ 559,92 bilhões.
As
despesas totais caíram um pouco menos: 1,1% em termos reais, na
comparação com os cinco primeiros meses do ano passado, para R$
496,39 bilhões.
Rombo da Previdência Social
A
Secretaria do Tesouro Nacional informou que o rombo da Previdência
Social (sistema público que atende aos trabalhadores do setor
privado) avançou de R$ 49,73 bilhões, nos cinco primeiros meses de
2016, para R$ 70,02 bilhões no mesmo período deste ano, um aumento
de 40,8%.
Para
2017, a expectativa do governo é de que o INSS registre novo
resultado negativo, de R$ 184,2 bilhões.
O
Congresso discute proposta do governo Michel Temer para a reforma
da Previdência.
De acordo com o governo, o objetivo da medida é frear o crescimento
do déficit do INSS.
Concessões, dividendos e investimentos
Nos
cinco primeiros meses deste ano, ainda de acordo com os dados
oficiais, as receitas com concessões registraram forte queda, para
R$ 2,41 bilhões, contra R$ 13,32 bilhões no mesmo período do ano
passado.
Por
outro lado, houve um aumento no recebimento de dividendos, que
totalizaram R$ 2,31 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano, em
comparação com R$ 794 milhões no mesmo período de 2016.
Os
dados oficiais mostram que o governo também diminuiu fortemente o
pagamento de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) e do Minha Casa, Minha Vida, para R$ 8,06 bilhões, de janeiro
a maio deste ano. No mesmo período de 2016, os gastos esses
investimentos somaram R$ 16,44 bilhões.
Meta fiscal e aumento de tributos
A
meta fiscal do governo federal para este ano é de déficit primário
(despesas maiores do que receitas, sem contar os juros da dívida
pública) de até R$ 139 bilhões.
Neste
começo de 2017, as receitas com impostos foram menores que as
previstas, o que levou a equipe econômica a anunciar, no mês
retrasado, uma série de medidas para tentar atingir a meta, entre
elas um corte
de R$ 42,1 bilhões em gastos e
aumento da tributação sobre a folha de pagamento.
No
mês passado, porém, o governo liberou R$ 3,1 bilhões em gastos e
diminuiu o valor do bloqueio na peça orçamentária deste ano.
Nesta
quinta-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que
o governo
elevará impostos, se verificar que a medida é necessária para o
cumprimento da meta fiscal neste ano.
Ele disse, porém, que essa decisão ainda não foi tomada.
No
ano passado, o rombo fiscal somou R$ 154,2 bilhões, o maior em 20
anos. Em 2015, o déficit fiscal totalizou R$ 115 bilhões. A
consequência de as contas públicas registrarem déficits fiscais
seguidos é a piora da dívida pública e mais pressões
inflacionárias.
copiado http://g1.globo.com/economia/noticia/contas-do-governo-tem-deficit-de-r-293-bilhoes-no-pior-maio-em-21-anos.ghtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário