Jungmann derrubou Segovia. Raquel, Barroso e Torquato ajudaram
O delegado Fernando Segovia já havia virado carvão pela sequência de episódios em que falou demais, culminando na crise gerada pela entrevista em que indicou que o inquérito que investiga o presidente Michel Temer poderia ser arquivado por falta de elementos. Sua queda, porém, não era prevista nem no Planalto. Foi, antes de tudo, uma maneira de o novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, mostrar força ao assumir o cargo – e contou com a colaboração de outros personagens.
Jungmann conseguiu convencer Temer a substituir o diretor-geral da PF, apoiado por políticos do MDB como José Sarney, depois que a produradora geral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF, nesta segunda-feira, que proibisse o delegado de falar sobre a investigação e que determinasse sua saída do cargo se ele o fizesse. Desse episódio, precedido por um puxão de orelhas do próprio ministro Luís Roberto Barroso, a que Segovia teve prestar satisfação de sua entrevista, sobrou um diretor da PF extremamente fragilizado.
Para Temer, não seria mais vantagem nenhuma ter o amistoso Segovia no cargo. Ao contrário, depois das afirmações do delegado, as investigações sobre o envolvimento de Temer na corrupção do porto de Santos voltaram à mídia com força total, levantando desconfianças de favorecimento do presidente da República. Ou seja, qualquer ato da PF favorável a Temer sob a gestão Segovia seria questionado.
Com a nomeação do delegado Rogerio Galloro, ex-braço direito de Leandro Daiello e nome preferido do ministro da Justiça, Torquato Jardim, desde a indicação de Segovia, o Planalto espera reduzir os rumores sobre interferências na PF a favor de Michel Temer e seus amigos.
De quebra, Jungmann se livra de passar o constrangimento sofrido por Torquato Jardim, que viu seu subordinado Segovia ir despachar pessoalmente com o presidente da República sem a sua presença.
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