Os selvagens do “mercado”
Não se pode acusar de incoerente o senhor Jair Bolsonaro.
Como ele defende a lei da selva na vida social, onde mata quem pode, morre quem não tem saída, é compreensível que seu “guru” econômico se apresente, como faz na Folha, para o papel de gerente da liquidação “queima total” do Estado brasileiro.
A entrevista do “economista” Paulo Guedes, hoje, é de um primarismo que rivaliza com o de seu chefe.
“Vende tudo”, é o resumo de sua obtusidade . uma versão do “mete bala” que virou o gesto símbolo do marqueteiro da morte.
Por que não pode vender o Correio? Por que não pode vender a Petrobras? E se o mundo for para um negócio de energia solar? E o shale gas [gás de xisto]? E se o petróleo, daqui a 30 anos, estiver valendo US$ 8 [o barril]? Você sentou em cima de um totem, ficou adorando o Deus do óleo. Por que uma empresa que assalta o povo brasileiro tem que continuar na mão do Estado?
Não gasto o tempo e o óbvio do leitor.
Como ao seu líder, não há um que o vá levar a sério, exceto os tolos, mas serve para o mesmo que ele: para manter um discurso de extermínio de todo o pouco que se construir de soberania e de estado nacional.
Faltou aos repórteres o tirocínio de perguntar-lhe se, acaso, também não seria mais econômico privatizar as Forças Armadas?
Não seria mais barato contratar uns mercenários, para atuarem quando necessário? Ou fazer um convênio com um exército estrangeiro? Como o “mito” já bateu continência para a bandeira norte-americana, por que não?
Afinal, o mercado é seu país, seu povo, seu deus.
O crime que você vê por aqui
Indispensável, para quem quer entender o que se passa – e o que não se passa – no Rio de janeiro, em matéria de Segurança Pública, a reportagem lúcida e detalhada de João Pedro Pitombo e Luiza Franco, na Folha.
Esta lá a cidade partida: rouba-se nas áreas mais ricas e turísticas e mata-se nas regiões periféricas.
Menos, porém, que na maioria das capitais do Brasil, ao ponto de ficar o Rio como a 21ª capital brasileira em número de homicídios por 100 mil habitantes ou, na ordem inversa, a sétima entre as com menos homicídios entre as 27 sedes estaduais ou distritais.
Não está na reportagem, mas ranking seria bem melhor sem as mortes provocadas em ações policiais. Só as “oficiais”, excluindo as execuções, elas foram, entre janeiro e maio do ano passado, 480 das 2.942 mortes por homicídio. Uma em cada oito mortes, portanto.
A percepção do carioca sobre a violência é a dos assaltos de rua, a dos tiroteios e balas perdidas, além das mortes por reação, em geral de quem tem uma arma, a assaltantes.
Nada tem a ver com o “crime organizado”.
Este tem a ver, sim, com os assassinatos, porque as regiões da cidade que ostentam os mais pavorosos índices de homicídio, como marcados no mapa não são territórios, como se diz, apenas das facções do tráfico. São das milícias formadas por policiais, ex-policiais, ex-militares e correlatos, que vivem da exploração das comunidades das quais o Poder Público se esqueceu.
Tudo isso se dá num caldo que tem o medo como ingrediente principal.
Medo que se cozinha no caldeirão dos meios de comunicação, regidos pelo Império Globo.
O povo simples e trabalhador, com prazer, entregaria os nomes, o paradeiro, todos os esquemas da criminalidade que o oprime.
Se tivesse em quem confiar.
Mas não pode confiar em quem o humilha, quem o põe contra a parede, para quem desconfia dele só por ser povo e por ser pobre.
Quando poder estatal criminaliza o pobre, por que o pobre entenderia que o Estado lhe pertence?
copiado http://www.tijolaco.com.br/blog
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