Dois repórteres da agência Reuters na Birmânia foram indiciados nesta quarta-feira (10/1) por quebra de sigilo de informação sensível de Estado, segundo o jornal britânico The Guardian. Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, são birmaneses e trabalham para a agência anglo-canadense. Eles estão presos desde o dia 12 de dezembro do ano passado, acusados de obter documentos sigilosos de policiais para publicar seu conteúdo no serviço da agência.
As fontes dos repórteres são policiais que trabalharam no estado de Rakhine, onde vem ocorrendo uma perseguição aos birmaneses da etnia ruaingá (em inglês, Rohingya), de maioria muçulmana, pauta que Lone e Oo estavam apurando, de acordo com o Guardian. O jornal britânico diz ainda que, na audiência de hoje, os promotores birmaneses acusaram formalmente os dois jornalistas de violarem a Lei de Segredos Oficiais, indicando que o caso prosseguirá apesar de pressões estrangeiras. Se forem condenados, eles podem ser sentenciados a até 14 anos de prisão.
Na próxima audiência, dia 23, o juiz decidirá se os repórteres podem aguardar o julgamento em liberdade. A Lei de Segredos Oficiais remonta a 1923, quando a Birmânia era parte da Índia sob domínio colonial britânico. Na época, a Reuters detinha o monopólio de notícias internacionais para a colônia.
Cerca de 650 mil refugiados ruaingás já deixaram a Birmânia rumo a Bangladesh, segundo dados de entidades de direitos humanos.
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