Argentina: escândalo 'Cadernos da corrupção' surpreende família Macri

Argentina: escândalo 'Cadernos da corrupção' surpreende família Macri

AFP/Arquivos / JUAN MABROMATAO empresário Franco Macri, pai do presidente argentino, foi convocado pela Justiça em uma investigação de suspeita de suborno nos governos de Néstor e Cristina Kirchner
O "Cadernos da corrupção", um escândalo de subornos que abala a classe política e empresarial da Argentina, registrou uma reviravolta com a convocação para depor na Justiça de Franco e Gianfranco Macri, pai e irmão do presidente Mauricio Macri, respectivamente.
Intimados para comparecerem nesta quinta-feira (13), em Buenos Aires, perante o juiz Claudio Bonadio, apenas Gianfranco Macri se apresentou no início da manhã e entregou um texto por escrito, informou a agência oficial de notícias Telam.
Os advogados de ambos pediram a suspensão do comparecimento de Franco, de 88 anos, por questões de saúde. O pedido será analisado pelo tribunal depois que ele for submetido a uma avaliação médica.
Os Macri foram intimados a responder a denúncias de que a empresa Autopistas del Sol, parte do conglomerado Socma (Sociedad Macri), pagava regularmente vultosas quantias para conseguir licitações de obras viárias.
Na declaração entregue nesta quinta, Gianfranco Macri garantiu que, até 2009, desenvolveu "a maior parte" de suas "atividades empresariais e trabalhistas fora do âmbito do Socma e de suas empresas". Também descartou qualquer vínculo com a Autopistas del Sol, como noticiou a imprensa local.
"Nunca paguei uma propina na minha vida", afirmou, ao deixar o tribunal.
- Prudência no governo -
O presidente Macri, que trabalhou na empresa da família antes de ser dirigente de futebol e entrar para a política, não comentou o caso, e seus ministros disseram apenas que o governo respeita a independência da Justiça.
"É uma decisão judicial. É o único comentário que temos a fazer", disse a ministra de Segurança, Patricia Bullrich.
O ministro da Justiça, Germán Garavano, enfatizou que "não vai interceder de modo algum" no caso.
Em sua defesa, os Macri vão alegar que, no momento da investigação, já haviam cedido boa parte de suas ações na Autopistas del Sol. Nesta empresa, estaria lhes restando apenas uma participação de 7%, não interferindo, portanto, na nomeação de diretores, nem nas decisões, de acordo com a imprensa local.
A Socma está, atualmente, sob a liderança de Gianfranco Macri, mas seus negócios são bem menos importantes do que no passado. Agora, concentram-se no setor de serviços para a indústria petroleira e contam com a representação da marca de automóveis chineses Chery.
Também devem depor hoje Eduardo Eurnekian, poderoso empresário à frente da holding Corporación América, que administra terminais de aeroporto na Argentina e em outros países da América Latina.
- A arqui-inimiga -
O caso, que surgiu dos cadernos de anotações feitas durante anos por um motorista do Ministério do Planejamento, investiga o suposto pagamento de suborno com dinheiro vivo por parte de empresários em troca de concessões para a construção de obras públicas entre 2003 e 2015. Esse período corresponde aos mandatos de Néstor Kirchner, já falecido, e de sua mulher, Cristina.
Segundo as primeiras estimativas, a rede de corrupção envolveu pelo menos 160 milhões de dólares. Cerca de 40 pessoas estão sendo processadas.
A principal envolvida é Cristina Kirchner, presidente entre 2007 e 2015, senadora desde 2017 e a principal adversária política de Macri.
Em setembro, o juiz pediu a retirada de imunidade de Cristina Kirchner, que não foi tramitada pelo Senado, assim como sua prisão preventiva, por considerá-la "chefe de uma associação ilícita". Semanas antes, ordenou uma operação de busca e apreensão em suas três residências: uma, em Buenos Aires; e duas, na província patagônica de Santa Cruz, ao sul.
Vários empresários e alguns ex-funcionários kirchneristas fizeram acordos de cooperação com a Justiça para ficarem em liberdade.
O caso já envolveu Angelo Calcaterra, primo do presidente Macri, que teria participado da rede de corrupção de sua empresa, a IECSA. Até 2007, esta última pertencia ao grupo Socma. Ele está sendo processado em liberdade, após declarar que contribuiu com dinheiro não registrado para a campanha presidencial do kirchnerismo em 2015.

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