Julgamento de ex-diretores da Ford por cumplicidade com a ditadura argentina chega ao fim nesta terça
AFP / Eitan ABRAMOVICH(2017) Ex-funcionários da Ford abrem um cartaz em Buenos Aires, no início do julgamento dos dois ex-diretores da empresa
O julgamento de dois ex-diretores da montadora Ford acusados de cumplicidade na perseguição de representantes sindicais durante a ditadura argentina (1976-1983) termina nesta terça-feira, com a leitura do veredito.
Após um ano de processo, os acusados Héctor Sibilla, ex-diretor de segurança da Ford, e Pedro Muller, ex-gerente de manufatura, poderão dizer algumas palavras antes do anúncio da sentença.
A Promotoria solicitou penas de 25 anos de prisão, a máxima prevista para os crimes de privação ilegal de liberdade e tormentos.
"Esperamos um veredicto de responsabilidade, para que fique claro que houve cumplicidade empresarial com a ditadura. É muito importante para a história da Argentina", declarou à AFP Tomás Ojea, advogado das vítimas.
Esta é a primeira vez que ex-diretores de uma multinacional são julgados na Argentina por crimes vinculados à ditadura.
No processo também figura como acusado o ex-general Santiago Riveros, que comandou o centro de detenção clandestino Campo de Mayo e já foi condenado anteriormente por crimes contra a humanidade em outros julgamentos sobre a ditadura.
Ao longo do ano, apenas Muller compareceu ao tribunal durante a etapa das alegações, mas sem pronunciar uma palavra.
Em 1976, quando aconteceu o golpe de Estado que derrubou a presidente María Estela Martínez de Perón, a fábrica da Ford tinha quase 5.000 operários e 2.500 funcionários administrativos.
A fábrica tinha 100 representantes sindicais e 24 deles foram levados para cativeiro, muitas vezes no próprio local de trabalho e com listas elaboradas pela empresa, em represália por seu ativismo sindical, de acordo com a Promotoria.
Vários deles foram torturados na fábrica, na localidade de General Pacheco, na periferia norte de Buenos Aires, antes da transferência para centros clandestinos de detenção, segundo os depoimentos das vítimas.
Todos sobreviveram à ditadura, mas após mais de 40 anos apenas 13 representantes sindicais seguem vivos.
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