DIZ ESTAR 'POR AQUI' COM O ECONOMISTA VER DEPOIS Bolsonaro ameaça demitir Joaquim Levy da presidência do BNDES Arminio Fraga: Levy deveria pedir demissão antes de ser demitido por Bolsonaro Pivô de crise entre Bolsonaro e Levy, advogado ajudou a criar o Prouni

DIZ ESTAR 'POR AQUI' COM O ECONOMISTA

Bolsonaro ameaça demitir Joaquim Levy da presidência do BNDES




Bolsonaro ameaça demitir Levy do BNDES e diz estar 'por aqui' com economista

Presidente disse que Levy 'está com a cabeça a prêmio' por intenção de nomear executivo que trabalhou na gestão petista



15.jun.2019 às 15h37
Paulo Saldaña

BRASÍLIA
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ameaçou demitir o presidente do BNDES, Joaquim Levy, mesmo sem a anuência do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Bolsonaro disse que Levy "está com a cabeça a prêmio há algum tempo". Clima teria piorado, segundo Bolsonaro, depois da intenção de Levy em nomear um executivo que trabalhou na gestão petista.
"Eu já estou por aqui com o [Joaquim] Levy. Falei pra ele demitir esse cara [Marcos Barbosa Pinto] na segunda-feira ou eu demito você, sem passar pelo Paulo Guedes", disse Bolsonaro diante do Palácio da Alvorada, no início da tarde deste sábado (15). 
Barbosa Pinto foi assessor do BNDES no governo do PT e, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, voltaria ao banco para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do BNDES. Levado por Guedes para a presidência do BNDES durante a atual gestão, Levy foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT).
O presidente disse que "governo é assim, não pode ter gente suspeita" em cargos importantes. "Essa pessoa, o Levy, já vem há algum tempo não sendo aquilo que foi combinado e aquilo que ele conhece a meu respeito. Ele está com a cabeça a prêmio já há algum tempo", disse. 
Questionado se Levy já estaria demitido, Bolsonaro negou. 
Na última semana, Bolsonaro afirmou que vai demitir o presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, por ele ter se comportado como "sindicalista". 
Desagradou o presidente o fato de o general ter tirado foto com parlamentares de esquerda e de ter dito que não haverá privatização dos Correios, como é planejado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
 
O presidente do BNDES, Joaquim Levy, em evento no Rio
O presidente do BNDES, Joaquim Levy, em evento no Rio - REUTERS
 


Advogado que pode provocar demissão de Levy ajudou a criar Prouni

Bolsonaro ameaçou demitir presidente do BNDES por intenção de indicar executivo que trabalhou na gestão petista


15.jun.2019 às 20h20

Júlia Barbon

RIO DE JANEIRO
Apontado por Jair Bolsonaro como o nome que pode provocar a demissão de Joaquim Levy da presidência do BNDES, o advogado Marcos Barbosa Pinto tem uma trajetória de serviços prestados a governos do PT.
Neste sábado (15), Bolsonaro ameaçou dispensar Levy após demonstrar intenção de nomear Barbosa Pinto como diretor da área de mercado de capitais do banco. "Eu já estou por aqui com o Levy. Falei pra ele demitir esse cara na segunda-feira ou eu demito você, sem passar pelo [ministro da Economia] Paulo Guedes", disparou diante do Palácio da Alvorada, em Brasília.
 
Marcos Pinto já havia sido assessor da diretoria e chefe do gabinete da presidência do BNDES em 2005 e 2006, durante o mandato de Lula. Depois, foi o mais jovem diretor da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais, até 2010.
Antes disso, foi consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) junto ao Ministério do
Planejamento de Lula, em 2004. A revista "Capital Aberto", que o entrevistou em 2008, diz que, na época, ele assumiu o papel de assessor informal do governo federal, que havia descoberto um projeto seu de parcerias público-privadas (PPPs) para países africanos elaborado para o Banco Mundial.
Nas horas vagas, disse ele à revista, ajudou, a convite de Fernando Haddad, então ministro da Educação, a elaborar o anteprojeto de lei das PPPs no Brasil e o Prouni, programa que oferece bolsas estudantis a estudantes de baixa renda.
Marcos Pinto nasceu e morou até a adolescência em Amambaí, no Mato Grosso do Sul. O pai foi vereador e presidente da Câmara Municipal local, mas de início ele descartou a política, depois de participações em movimentos estudantis.
"Observo o Brasil com olhos de encanador", declarou dez anos atrás à "Capital Aberto". "Tentar resolver as grandes questões é para outras pessoas, com carisma e vocação para disputar eleições. O meu talento está em olhar um problema específico e perceber que dá para resolvê-lo, com um pouquinho de técnica."
Barbosa Pinto é doutor em direito pela USP (2008), mestre pela Universidade de Yale (2001) e mestre em economia e finanças pela Fundação Getúlio Vargas (2011). Também foi pesquisador visitante da Universidade de Columbia por alguns meses entre 2006 e 2007.
Ainda estava em Nova York quando foi chamado pelo ministro da Fazenda de Lula, Guido Mantega, para o cargo na CVM. Depois do fim de seu mandato na autarquia, ele seguiu a carreira no setor privado.
Deu aulas de direito por dois anos na Fundação Getúlio Vargas e foi membro do conselho de administração de diversas companhias, como América Latina Logística, Unidas, Multiterminais, Chilli Beans, Energisa, BR Malls, São Francisco Saúde, Simpress e Fibria.
Uma das suas atuações mais duradouras foi na Gávea Investimentos, de 2011 a 2018, ao lado do economista Arminio Fraga, colunista da Folha e ex-presidente do Banco Central.
Neste sábado, comentando a ameaça de Bolsonaro, Fraga disse que “Levy deveria pedir demissão antes de ser demitido na segunda-feira”.
Levado pelo ministro Paulo Guedes para a presidência do BNDES durante a atual gestão, Levy foi ministro da Fazenda no segundo mandado de Dilma Rousseff (PT), por 11 meses.














Levy deveria pedir demissão antes de ser demitido por Bolsonaro, diz Arminio Fraga

Ex-presidente do BC diz que polarização por negar contratação de alguém por ter trabalhado para governo petista é absurda



15.jun.2019 às 19h17
William Castanho
SÃO PAULO
O economista Arminio Fraga disse neste sábado (15) que o presidente do BNDES, Joaquim Levy, deveria pedir demissão antes desta segunda-feira (17).
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que está “por aqui” com Levy e sua “cabeça está a prêmio há algum tempo”. 
“Levy deveria pedir demissão antes de ele ser demitido na segunda-feira”, disse Fraga que é colunista da Folha e ex-presidente do Banco Central.
Bolsonaro disse que poderia demitir Levy, sem falar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, porque ele pretende indicar Marcos Barbosa Pinto, que trabalhou durante governo do PT, para a diretoria de Mercados de Capitais do banco.
“Essa polarização e essa radicalização me parecem um absurdo.”, afirmou Fraga. "[Essa polarização] me parece ser o oposto do que o país precisa neste momento, o país precisa acertar sua vida.”
Sobre as declarações de Bolsonaro sobre Levy, Fraga diz que pode ser que haja uma motivação maior.
“No caso dele em particular, que é outro profissional com grande experiência em assuntos públicos, pode ser encarado como algo da gestão do BNDES não estar alinhada com os objetivos da área econômica. Não sei se o caso ou não. O que seria uma pena, mas é algo que acontece em governo”, disse.
O episódio sobre Marcos Pinto causa espanto pela motivação da demissão.
“Marcos é um sujeito seríssimo, um profissional de mão cheia, um brasileiro com 'b' maiúsculo. Ele se arriscou a aceitar essa posição [cargo], que é bem compatível com o histórico dele profissional, com o currículo. Então isso tudo me parece um enorme absurdo”, afirmou Fraga.
Segundo ele, Marcos Pinto é “um profissional de mão cheia, uma pessoa do bem, que se pôs à disposição de um governo com o qual certamente ele não se alinha, mas para cumprir uma missão”.
“O caso dá mais colorido negativo a algo absurdo”, disse o economista.
Barbosa Pinto e Fraga foram sócios por sete anos na Gávea Investimentos. Ele atuou ao lado de Fraga entre maio de 2011 e outubro de 2018.
Barbosa Pinto já trabalhou nos setores privado e público. Foi membro do conselho de administração da América Latina Logística, Unidas, Chilli Beans, BR Malls e Fibria.
Trabalhou no BNDES como assessor da diretoria de dezembro de 2004 a março de 2006. De março de 2006 a novembro, foi chefe de gabinete da presidência do banco. Foi também consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Barbosa Pinto é advogado. Estou na USP (Universidade de São Paulo). É mestre em Economia e Finanças pela FGV e doutor em direito pela USP. Fez ainda mestrado na Universidade de Yale. E foi pesquisador da Universidade de Columbia.
O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, em evento em São Paulo
O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, em evento em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress
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