Diretora do FMI diz que Brasil é país mais protegido contra crise
Lagarde afirma, no entanto, que a economia não está imune a turbulência global
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BRASÍLIA — Em sua primeira visita oficial ao Brasil desde que assumiu o cargo, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou, nesta quinta-feira, que, do ponto de vista da instituição, o Brasil é o país que está mais protegido contra uma possível contaminação da crise europeia em outras economias. A diretora-gerente do FMI elogiou a política fiscal brasileira e disse que o governo, ao reduzir os tributos para estimular o consumo, está no caminho certo:
— Acreditamos que o Brasil está mais bem protegido do que quaisquer outros países dos efeitos de contaminação e das consequências da crise do euro.
Em comunicado divulgado mais tarde Lagarde afirmou, no entanto, que a economia brasileira "não está imune". "O desafio agora é encontrar um equilíbrio que permita ao país apoiar o crescimento e conduzir a inflação para a convergência da meta fixada pelo Banco Central. E tudo isso sem deixar de proteger — ou mesmo expandir — seus gastos sociais e modernizar a infraestrutura", diz a nota.
Lagarde que se encontrou com a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ainda que o Brasil tem um histórico "extremamente sólido" e se encontra em situação econômica "muito favorável". Sobre as medidas anunciadas, na manhã desta quinta-feira, por Mantega e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse considerá-las positiva:
— As medidas anunciadas mais cedo certamente estão indo pelo caminho certo para estimular investimento nesse país. O FMI tem uma atitude positiva em relação a esse processo.
O principal ponto da conversa de Lagarde com Dilma e Mantega foi a crise que assola a zona do euro, que ameaça o ritmo de expansão global, com consequências para as nações emergentes.
Mantega diz que prefere “ser credor do que devedor”
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não resistiu e brincou com a diretora-gerente do Fundo, ao fechar a conferência de imprensa dada pelos dois:
— Desta vez o FMI não veio dar dinheiro, mas pedir dinheiro. Prefiro ser credor do que devedor.
O Fundo está em campanha pela união das maiores economias do planeta na ação de resgate dos países europeus. Lagarde, no entanto, deixará Brasília de mãos vazias. Mantega, disse que o país está disposto a colaborar com um aporte adicional de recursos, através de acordos bilaterais de crédito. Mas esse apoio está condicionado ao aumento das cotas do Fundo, acertadas em 2009 e 2010, e à atuação dos países europeus para debelar a crise.
O ministro da Fazenda também deixou claro que qualquer decisão do governo brasileiro será tomada em conjunto com os demais membros dos Brics (sigla para o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Disse que espera que isso ocorra antes de fevereiro, quando o G-20 financeiro (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) se reunirá. E frisou que outros países, como os Estados Unidos e os próprios europeus, devem participar desse aporte:
— Não há quantia definida. É uma discussão que estamos fazendo com os Brics, que concordaram em fazer um aporte ao FMI, mas sob determinadas condições.
Mantega enfatizou que o governo brasileiro continua bastante preocupado com a economia europeia. Em sua opinião, a situação está piorando, devido à falta de liquidez:
— Conversamos sobre o papel do FMI e a situação da economia europeia. Do meu ponto de vista, a crise europeia está se agravando. Estamos vendo um mercado com cada vez menos recursos financeiros... Esperamos uma solução a mais rápida possível, antes que a situação financeira se deteriore. Nossa preocupação é que a crise chegue aos países emergentes.
Já Christine Lagarde disse que o FMI está presente "para apoiar a todos os seus membros", ou seja, não apenas os europeus.
— O FMI não está focado apenas na zona do euro — destacou.
A atuação conjunta dos seis maiores bancos centrais do mundo, no sentido de reduzir os juros e aliviar as pressões sobre o euro são positivas, mas insuficientes, sinalizou Lagarde.
— Vemos com bons olhos a atuação conjunta dos bancos centrais. Notamos que esse tipo de ação conjunta produz efeitos imediatos, conforme verificamos sempre que os bancos centrais agem em conjunto. Trata-se de uma iniciativa positiva, mas não é a única necessária — disse a diretora-gerente do FMI, que se reunirá ainda com o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini.
Copiado : http://oglobo.globo.com/economia
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