Em entrevista ao 'NYT', Lula nega existência do mensalão
Em entrevista ao 'NYT', Lula nega existência do mensalão
Em entrevista ao
jornal americano NY Times publicada no sábado, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva voltou a negar a existência do mensalão. "Não
acredito que tenha ocorrido", disse, afirmando que o Partido dos
Trabalhadores (PT) não tinha necessidade de compra de votos, pois já
havia assegurado a maioria no Congresso com alianças políticas.
O
ex-presidente disse, contudo, que vai respeitar a decisão do tribunal
sobre o caso. "Se alguém é culpado, deve ser punido, se for inocente,
deve ser absolvido", declarou Lula.
O NYT ressalta a trajetória
política de Lula, desde os tempos de sindicalista. "Agora, Lula e sua
criação daqueles tempos, o Partido dos Trabalhadores, estão enfrentando
um de seus momentos mais graves", diz o NYT sobre o mensalão. Lula deu entrevista ao 'NYT'O
jornal americano também destaca o retorno de Lula à linha de frente na
política. A publicação descreve Lula como "um dos maiores ícones na
política brasileira" e cita o empenho do ex-presidente na campanha de
candidatos à prefeitura, o que estaria gerando controvérsias ao
transformar antigos rivais em aliados.
O político aproveitou para
opinar sobre a crise europeia. "Eu sei que a Europa não gosta que nos
intrometamos em seus problemas, mas quando a crise foi no Brasil, todos
tinham algo a dizer. Vamos ser francos: se a Alemanha tivesse resolvido o
problema da Grécia anos atrás, não teria piorado dessa forma", disse
Lula.
Na entrevista, Lula descartou a possibilidade de se
candidatar à Presidência da República em 2014. "A Dilma é minha
candidata e, se Deus quiser, vai ser reeleita", disse Lula. O jornal
destaca, contudo, que em 2018 . há possibilidade do político voltar a
concorrer. "Não é fácil saber como agir no papel de ex-presidente",
acrescentou.
O NYT menciona, ainda, uma entrevista anterior com o
também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na qual ele teria
descrito Lula como alguém carismático, "um encantador de serpentes". O mensalão do PT
Em
2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no
suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto
Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele,
parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar
de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o
escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da
Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e
perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como
operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e
ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados
por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda
por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a
Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no
inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de
serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus.
José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de
figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo
publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário
Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério
Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone
Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes:
formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A
então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José
Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados
por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O
publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a
ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro
da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por
peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP)
responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e
PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho
de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do
processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram
de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do
ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas,
ambos por falta de provas.
A ação penal começou a ser julgada em 2
de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular
o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia,
acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão.
Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia
e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade
por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal
de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no
processo.
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