Perspectiva de conflito no Oriente Médio
Para quem acompanha atentamente os desdobramentos da crise EUA-Israel-Irã por conta do polêmico programa nuclear iraniano que acena com o desenvolvimento de armas nucleares e, baseado nos recentes posicionamentos de autoridades iranianas sobre a existência do Estado judeu, a perspectiva para a região é sombria com a possibilidade de eclosão de um novo conflito armado, independentemente da participação ou não dos Estados Unidos. Ao que tudo indica, seria um ataque pontual, operacionalizado de forma preventiva, conceito lançado pelo ex-presidente norte- americano W. Bush após o 11 de Setembro, que penalizou o Iraque com uma segunda invasão militar àquele país, a despeito dos protestos da Organização das Nações Unidas, hoje ainda mais desgastada pelos frequentes insucessos, especialmente em relação à crise na Síria.A tensão vem sendo crescente com a adoção de contramedidas de ambos os lados no que se conhece por guerra psicológica. Iniciou-se com um ataque cibernético por meio do vírus Stuxnet à usina nuclear de Natanz, ainda no governo Bush, estratégia também adotada pelo atual presidente, Barack Obama, na tentativa de retardar o avanço do programa. A resposta de Teerã foi a realização de exercícios militares com testes de mísseis de longo alcance realizado no Estreito de Ormuz. Prosseguiu com sansões da União Europeia e dos EUA, o que ocasionou o corte do fornecimento de petróleo e óleo cru do Irã à França e ao Reino Unido e a possibilidade de fechamento do estreito à navegação internacional, o que determinará a escassez do produto em diversos países. Enfim, apresentamos um conjunto de eventos críticos, que tornam cada vez difícil a possibilidade de uma solução diplomática para a questão.
Para muitos especialistas, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão autônomo ligado a ONU, perdeu a legitimidade para inspecionar, uma vez que foi a mesma que, atendendo a pressões políticas e econômiàas, afirmou haver armas de destruição em massa no Iraque em 2003, fato que selou a invasão militar e que posteriormente foi provado não existir. Mas, a julgar pelas recentes declarações de dignitários iranianos, o desejo de “varrer o Estado judeu do mapa” soa como um aviso premonitório. Estimativas de órgãos de defesa em caso de uma guerra apontam para cerca de 500 vítimas fatais nos ataques, porém o número pode chegar em torno de 5 mil baixas, a maioria de civis. Isto porque estes deverão incluir a Faixa de Gaza na tentativa de neutralizar uma suposta ofensiva com foguetes do Hamas e o sul do Líbano, contra ataques do Hezbollah, no mesmo sentido.
*André Luís Woloszyn é analista de assuntos estratégicos. Copiado : http://www.jb.com.br/
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