Ucranianos votam em grande número para presidente, menos no leste

  • 25/05/2014 - 16:00

    Ucranianos votam em grande número para presidente, menos no leste


    Os ucranianos votavam em grande número neste domingo para eleger um novo presidente, à exceção das regiões separatistas do leste.
    O eleito terá a difícil missão de acabar com o movimento separatista armado e de melhorar as relações com a Rússia.
    Depois de seis meses de uma crise política acompanhada com preocupação por europeus e que se transformou em uma disputa entre russos e ocidentais, o magnata pró-ocidental Petro Poroshenko é o grande favorito da votação.
    De acordo com pesquisas, ele deve receber mais de 40% dos votos, bem à frente de Yulia Tymoshenko, musa da Revolução Laranja, que levou ao poder o movimento favorável à aproximação com o Ocidente em 2004.
    "A primeira coisa a fazer é levar a paz a todos os cidadãos ucranianos. E as pessoas armadas devem deixar as ruas das cidades", declarou Poroshenko depois de votar no centro de Kiev.
    Votando em sua cidade natal de Dnipropetrovsk, a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko repetiu seu credo: "um referendo sobre a adesão da Ucrânia à Otan para levar a paz ao país".
    No total, mais de 36 milhões de eleitores foram convocados às urnas, da nacionalista Lviv, no oeste, à antiga capital Kharkiv e à pérola do Mar Negro, Odessa.
    - Longas filas -
    "Espero que esta eleição traga enfim a paz à Ucrânia", resumiu Oleg, um empresário de 38 anos que votou em Lviv, a 80 km da Polônia.
    A professora de 31 anos, Irina Myssak, disse esperar que o presidente eleito "leve a Ucrânia à Otan e à União Europeia".
    "Não quero mais ver o que acontece no leste", acrescentou ela, referindo-se à insurreição armada que ganhou as regiões na fronteira com a Rússia, cenário de combates com o Exército ucraniano que deixaram mais de 150 mortos desde 13 de abril.
    Na capital, Kiev, os eleitores tinham que ter paciência para eleger seu novo presidente, além de um novo prefeito. Longas filas se formaram desde o início da jornada eleitoral.
    "Vou votar na Yulia" Tymoshenko, disse Raissa Podlesniuk, de 73 anos. Petro "Poroshenko será um outro Yanukovytch, um oligarca que nem mesmo ousou debater com Yulia na televisão", acrescentou a aposentada, referindo-se ao fato de o favorito na eleição ter sido ministro da Economia no governo do presidente deposto Viktor Yanukovytch.
    - Centros de votação fechados no leste -
    Mas no leste separatista, onde os insurgentes haviam ameaçado fazer de tudo para impedir a votação, a imensa maioria dos centros estava fechada. De acordo com a Comissão Central Eleitoral, apenas um terço dos distritos eleitorais das regiões de Lugansk e de Donetsk funcionavam.
    No reduto rebelde de Donetsk, nenhum centro de votação estava aberto e as ruas da cidade ficaram desertas.
    "A Ucrânia é hoje um outro país, e não vejo por que devemos participar desta eleição", declarou à AFP Elisabeta, no centro da cidade de Donetsk. "Pouco importa o resultado. Hoje, isso não mais nada a ver conosco", acrescentou.
    A votação tinha poucas chances de acontecer, devido ao medo dos eleitores de comparecer aos locais de voto. Comissões eleitorais estão sob controle de separatistas e, em muitos lugares, as urnas e cédulas simplesmente não chegaram ao destino.
    - 'Provocação deliberada' -
    Petro Poroshenko, de 48 anos, tem todo o favoritismo, apesar de uma campanha pouco movimentada.
    O magnata, que promete administrar a Ucrânia como faz com sua empresa de chocolates Roshen, não tem garantida a eleição no primeiro turno e talvez tenha que esperar um segundo, marcado para 15 de junho.
    Seus principais adversários, Yulia Tymoshenko e o pró-russo Serguei Tiguipko, que promete a normalização das relações econômicas com a Rússia, sonham em ampliar a disputa para tentar reverter a situação.
    Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, esboçou um gesto de apaziguamento ao anunciar que respeitaria a "escolha do povo ucraniano" e trabalharia com o chefe de Estado eleito.
    Mas, neste domingo, a tensão voltou a aumentar com a visita do primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, à península da Crimeia, em um ato chamado de "provocação deliberada" pelo governo interino de Kiev. A região foi anexada pela Rússia em março, menos de um mês depois da queda de Yanukovytch.
    "A visita do primeiro-ministro russo à Crimeia ocupada, no dia da eleição presidencial na Ucrânia, é (...) uma provocação deliberada que tem como objetivo desestabilizar a situação na Ucrânia", afirmou o Ministério ucraniano das Relações Exteriores em um comunicado.
    "É o oposto do desejo manifestado pelo presidente Vladimir Putin de que a eleição na Ucrânia aconteça com calma e serenidade", concluiu o ministério.
    - Aumento da violência no leste -
    O fim da campanha foi marcado pela intensificação dos combates na "frente leste", na região de Donetsk onde 26 pessoas, na maioria soldados ucranianos, morreram em combates entre separatistas e forças leais a Kiev.
    Na cidade de Slaviansk, reduto dos insurgentes armados que registra combates diários, um membro das forças especiais do Ministério ucraniano do Interior foi morto e dois ficaram feridos no sábado.
    Na mesma região, um fotógrafo italiano e seu tradutor russo foram mortos ao serem atingidos por disparos de morteiros. Foi a primeira morte de um jornalista no leste desde o início dos combates, em abril. 
    copiado  http://www.afp.com/pt 

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