Altman: paralisia do governo facilita golpismo

Altman: paralisia do governo facilita golpismo

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Jornalista avalia que, apesar da vitória parlamentar em relação à mudança do superávit, "evitando explosão de uma crise fiscal no colo da presidente, como era desejo da oposição de direita, o governo segue acuado"; não há surpresa, no entanto, no comportamento do PSDB e seus aliados; "O que espanta é a inação governista desde o final de outubro", avalia Breno Altman; prova simbólica da "política de guarda-baixa", diz ele no blog que assina no 247, foi a "tomada das galerias do parlamento por um punhado de delinquentes remunerados"; "Pouco se faz para animar a esquerda e provocar o retorno ao palco dos setores populares. Afinal, são esses os únicos destacamentos aptos a enfrentar o consórcio golpista, como a disputa presidencial deixou claro", conclui o colunista; leia a íntegra: Jornalista avalia que, apesar da vitória parlamentar em relação à mudança do superávit, "evitando explosão de uma crise fiscal no colo da presidente, como era desejo da oposição de direita, o governo segue acuado"; não há surpresa, no entanto, no comportamento do PSDB e seus aliados; "O que espanta é a inação governista desde o final de outubro", avalia Breno Altman; prova simbólica da "política de guarda-baixa", diz ele no blog que assina no 247, foi a "tomada das galerias do parlamento por um punhado de delinquentes remunerados"; "Pouco se faz para animar a esquerda e provocar o retorno ao palco dos setores populares. Afinal, são esses os únicos destacamentos aptos a enfrentar o consórcio golpista, como a disputa presidencial deixou claro", conclui o colunista; leia a íntegra
5 de Dezembro de 2014 às 10:17

247 – O governo "segue acuado", apesar da vitória parlamentar em torno da aprovação do projeto que permite alterar a meta fiscal, "evitando explosão de uma crise fiscal no colo da presidente, como era desejo da oposição de direita", avalia Breno Altman, em novo texto publicado no blog parceiro do 247. "Os partidos conservadores, associados à velha mídia, tomam carona na manipulação de denúncias provenientes da Operação Lava Jato e tentam manter o oficialismo sob fogo cerrado", diz ele.
Ele acredita, no entanto, que "não há surpresa" no comportamento do PSDB e aliados. "O que espanta é a inação governista desde o final de outubro", afirma. "Apesar de resoluções combativas, o petismo parece tomado pela apatia e o cansaço político. A tomada das galerias do parlamento por um punhado de delinquentes remunerados, durante a votação da LDO, foi simbólica desta política de guarda-baixa", exemplifica o jornalista, que pergunta:
Por que o PT e o PC do B não convocaram sua militância para ocupar as arquibancadas do parlamento, em defesa da proposta do governo?
Por que a presidente não foi seguidamente à televisão e ao rádio, em entrevistas e em rede, para indicar o que estava em jogo na decisão sobre o superávit primário?
Por que os instrumentos de comunicação do governo não foram acionados para explicar do que se tratava a batalha em torno da LDO?
"A política de recuos não revela eficácia para conter as forças golpistas. Ao contrário. A oposição de direita sente-se mais forte em seus ataques", alerta Altman. Em sua opinião, "revelam-se politicamente inócuas" medidas como a indicação de ministros amigáveis às classes dominantes, o aceno para a política econômica mais ortodoxa ou o arrefecimento da crítica à mídia.
"Pouco se faz para animar a esquerda e provocar o retorno ao palco dos setores populares. Afinal, são esses os únicos destacamentos aptos a enfrentar o consórcio golpista, como a disputa presidencial deixou claro", conclui o colunista.
Leia aqui a íntegra de seu texto0412
A aprovação de mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias, obtida no final da madrugada desta quinta-feira, não sustou ou debilitou a escalada conservadora. Apesar da
A aprovação de mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias, obtida no final da madrugada desta quinta-feira, não sustou ou debilitou a escalada conservadora.
Apesar da vitória parlamentar, evitando explosão de uma crise fiscal no colo da presidente, como era desejo da oposição de direita, o governo segue acuado.
Os partidos conservadores, associados à velha mídia, tomam carona na manipulação de denúncias provenientes da Operação Lava Jato e tentam manter o oficialismo sob fogo cerrado.
Os sinais do caráter golpista da estratégia opositora são evidentes.
Mesmo que suas principais lideranças ainda considerem insuficientes as condições políticas e jurídicas para abrir processo de impedimento, as operações de desgaste e sabotagem não escondem o propósito desestabilizador.
Não há surpresa no comportamento do PSDB e o resto da matilha, a bem da verdade. Durante a campanha já era evidente, pelo discurso de alguns próceres, que a aliança reacionária se jogaria de corpo e alma no enfrentamento.
Nunca esconderam a intenção de deslegitimar a presidente, empurrá-la contra as cordas e, se possível, abortar o mandato conferido pelas urnas.
Tampouco deixam dúvidas sobre o plano de desconstruir o PT e o ex-presidente Lula antes das eleições de 2018.
O que espanta é a inação governista desde o final de outubro.
Apesar de resoluções combativas, o petismo parece tomado pela apatia e o cansaço político. A reclamar do golpismo, por infração às regras democráticas, mas sem adotar comportamento resoluto e massivo, capaz de interromper as tramóias.
A tomada das galerias do parlamento por um punhado de delinquentes remunerados, durante a votação da LDO, foi simbólica desta política de guarda-baixa.
Por que o PT e o PC do B não convocaram sua militância para ocupar as arquibancadas do parlamento, em defesa da proposta do governo?
Por que a presidente não foi seguidamente à televisão e ao rádio, em entrevistas e em rede, para indicar o que estava em jogo na decisão sobre o superávit primário?
Por que os instrumentos de comunicação do governo não foram acionados para explicar do que se tratava a batalha em torno da LDO?
De qual manual o governo extraiu a lição que o melhor remédio contra a politização da direita seria a despolitização da esquerda?
O Planalto parece aprisionado pela orientação defensiva adotada depois do triunfo eleitoral, contaminando partidos e movimentos que constituem sua base de apoio.
A presidente e sua equipe mais próxima empenham-se em providências e discursos para apaziguar o capital financeiro, o ruralismo, os meios de comunicação, os centros imperialistas, as frações centristas que flertam com a direita, os próprios partidos de direita.
Partem de premissa comprovada, a correlação desfavorável de forças nas instituições, para conclusão gradualmente desmentida pelos fatos: a política de recuos não revela eficácia para conter as forças golpistas.
Ao contrário. A oposição de direita sente-se mais forte em seus ataques, dedica-se a explorar eventuais contradições e vulnerabilidades da esquerda, toma gosto por fazer política recorrendo à disputa aberta do Estado e da sociedade.
Os momentos de calmaria, propiciados por decisões como a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, logo são seguidos por novos vendavais.
O conservadorismo, mesmo com fraturas e divisões, expõe inédita determinação, um apetite pantagruélico por ocupar todos os espaços disponíveis.
A política do recuo, por outro lado, inibe o campo popular. Divide e paralisa as forças progressistas que levaram ao triunfo eleitoral de Dilma Rousseff. Não deixa clara qual a agenda pela qual seguirá seu segundo governo, conquistado pela narrativa do aprofundamento e da aceleração de reformas.
Pouco se faz para animar a esquerda e provocar o retorno ao palco dos setores populares. Afinal, são esses os únicos destacamentos aptos a enfrentar o consórcio golpista, como a disputa presidencial deixou claro.
Revelam-se politicamente inócuas medidas como a indicação de ministros amigáveis às classes dominantes, o duplo aumento da taxa de juros, o aceno para política econômica mais ortodoxa, o arrefecimento da crítica aos monopólios da informação e o rebaixamento da defesa de uma Constituinte para a reforma política.
Ainda que parte desses encaminhamentos seja inevitável, para preservar a governabilidade institucional, que depende de coalizão pluripartidária e policlassista, demonstra-se estarrecedora a ausência de programas, decisões e símbolos que mobilizem a base natural do petismo.
Vale lembrar que inexiste registro histórico de intentos golpistas detidos por lamentações acerca de sua natureza pérfida.
Não há saída fora da contraposição, à sanha conservadora, de um movimento popular e democrático impulsionado por governantes e partidos que legitimamente exercem a liderança do país.
     copiado  http://brasil.elpais.com/brasil

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