Obama diz que “o isolamento não funcionou” para o povo cubano
Joan Faus
Washington
EUA reatarão relações diplomáticas e aumentarão apoio a
empreendedores da ilha; aproximação começa imediatamente, mas
"transformação" deve ser gradualRaúl Castro: “O principal não está resolvido. O bloqueio deve acabar”
Maye Primera
Miami
Presidente cubano destacou "progresso" das negociações e defende que os países aprendam a "arte de conviver" de forma civilizadaObama: “O isolamento não funcionou”
Washington reatará relações diplomáticas e vai aumentar apoio a empreendedores da ilha
Joan Faus
Washington
17 DIC 2014 - 18:15 BRST
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, admitiu na quarta-feira que o “isolamento não funcionou” para melhorar a situação do povo cubano após mais de 50 anos de embargo comercial e ausência de relações diplomáticas entre Washington e Havana.
Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente afirmou que o objetivo
é "colocar o interesse dos povos de ambos os países no cerne de nossas
políticas” apesar de Washington e Havana terem diferenças significativas
em assuntos políticos. Obama procura conseguir isso por meio de um
pacote de medidas flexibilizadoras em relação a Cuba.
O presidente reconheceu que não se produzirá uma “transformação da sociedade cubana da noite para o dia”, mas se declarou convencido de que a aproximação é a política adequada para caminhar em direção a esse objetivo. Seu Governo prevê desenvolver as medidas flexibilizadoras o mais cedo possível por meio de emendas e mudanças na legislação que não requerem a aprovação do Congresso, como o fim do embargo requer. Estas são algumas das medidas mais importantes anunciadas:
- Obama instruiu o secretário de Estado, John Kerry, a iniciar imediatamente conversações com Cuba para restabelecer relações diplomáticas com a ilha caribenha. As relações foram rompidas em janeiro de 1961 depois da expropriação de bens norte-americanos pelo Governo revolucionário de Fidel Castro.
- Como parte dessa virada diplomática, os EUA reabrirão nos próximos meses sua embaixada em Havana e realizarão uma visita de alto nível entre ambos os governos. Paralelamente, os EUA iniciarão os trâmites para retirar Cuba de sua lista de países patrocinadores do terrorismo.
- Os EUA facilitarão as viagens a Cuba dentro das 12 categorias atualmente permitidas por lei. Por exemplo, viagens familiares, empresariais, jornalísticas, educativas e religiosas. A Casa Branca considera que essas mudanças “facilitam” o apoio de norte-americanos ao crescente grupo de empreendedores cubanos.
- Os EUA ampliarão de 500 para 2.000 dólares o limite quadrimestral para remessas a cidadãos cubanos, com a exceção de determinados funcionários do Governo cubano ou o Partido Comunista.
- Aumentará o número de bens e serviços que podem ser vendidos e exportados para Cuba. Por exemplo, materiais de construção de residências, equipamento agrícola para pequenos produtores rurais e aparelhos tecnológicos que melhorem o sistema de telecomunicações e de Internet em Cuba.
- Os viajantes norte-americanos serão autorizados a importar 400 dólares em bens de Cuba, com um limite de 100 dólares para tabaco e álcool combinados.
- Instituições americanas poderão abrir contas financeiras em Cuba para facilitar o processamento de transações autorizadas. Os viajantes a Cuba poderão usar cartões de crédito e débito norte-americanos.
- Entidades norte-americanas em um terceiro país – ou seja, fora dos Estados Unidos ou de Cuba – receberão licenças para prestar serviços e efetuar transações financeiras com indivíduos cubanos em terceiros países. Também serão desbloqueadas as contas de cidadãos cubanos emigrados em bancos dos EUA.
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O presidente reconheceu que não se produzirá uma “transformação da sociedade cubana da noite para o dia”, mas se declarou convencido de que a aproximação é a política adequada para caminhar em direção a esse objetivo. Seu Governo prevê desenvolver as medidas flexibilizadoras o mais cedo possível por meio de emendas e mudanças na legislação que não requerem a aprovação do Congresso, como o fim do embargo requer. Estas são algumas das medidas mais importantes anunciadas:
- Obama instruiu o secretário de Estado, John Kerry, a iniciar imediatamente conversações com Cuba para restabelecer relações diplomáticas com a ilha caribenha. As relações foram rompidas em janeiro de 1961 depois da expropriação de bens norte-americanos pelo Governo revolucionário de Fidel Castro.
- Como parte dessa virada diplomática, os EUA reabrirão nos próximos meses sua embaixada em Havana e realizarão uma visita de alto nível entre ambos os governos. Paralelamente, os EUA iniciarão os trâmites para retirar Cuba de sua lista de países patrocinadores do terrorismo.
- Os EUA facilitarão as viagens a Cuba dentro das 12 categorias atualmente permitidas por lei. Por exemplo, viagens familiares, empresariais, jornalísticas, educativas e religiosas. A Casa Branca considera que essas mudanças “facilitam” o apoio de norte-americanos ao crescente grupo de empreendedores cubanos.
- Os EUA ampliarão de 500 para 2.000 dólares o limite quadrimestral para remessas a cidadãos cubanos, com a exceção de determinados funcionários do Governo cubano ou o Partido Comunista.
- Aumentará o número de bens e serviços que podem ser vendidos e exportados para Cuba. Por exemplo, materiais de construção de residências, equipamento agrícola para pequenos produtores rurais e aparelhos tecnológicos que melhorem o sistema de telecomunicações e de Internet em Cuba.
- Os viajantes norte-americanos serão autorizados a importar 400 dólares em bens de Cuba, com um limite de 100 dólares para tabaco e álcool combinados.
- Instituições americanas poderão abrir contas financeiras em Cuba para facilitar o processamento de transações autorizadas. Os viajantes a Cuba poderão usar cartões de crédito e débito norte-americanos.
- Entidades norte-americanas em um terceiro país – ou seja, fora dos Estados Unidos ou de Cuba – receberão licenças para prestar serviços e efetuar transações financeiras com indivíduos cubanos em terceiros países. Também serão desbloqueadas as contas de cidadãos cubanos emigrados em bancos dos EUA.
Raúl Castro: “O principal não está resolvido. O bloqueio deve acabar”
Cubano diz que seu país e EUA devem aprender a arte de conviver em forma civilizada
Depois de cinco décadas isolamento mútuo, o presidente Raúl Castro anunciou aos cubanos o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos
durante um breve discurso transmitido nesta quarta-feira por todas as
rádios e emissoras de televisão da ilha. Os governos de Washington e
Havana chegaram a essa decisão depois de uma conversa telefônica entre
os presidentes Castro e Barack Obama na terça-feira à noite, durante a
qual também foi acordada a libertação na ilha do empreiteiro norte-americano Alan Gross
e de outros presos pelos quais os Estados Unidos tinham manifestado
interesse, e a libertação em território norte-americano dos três cubanos
da Red Avispa condenados em 2001 por delitos de espionagem.
"Resultado de um diálogo no mais alto nível, que incluiu uma conversa telefônica que tive ontem com o presidente Barack Obama, foi possível avançar na solução de alguns assuntos de interesse para ambas as nações. Acordamos o restabelecimento das relações diplomáticas", disse Castro diante das câmeras, vestido com uniforme militar. "Isso não quer dizer que o principal foi resolvido. O bloqueio econômico e financeiro que produz grandes prejuízos econômicos ao nosso país deve cessar", acrescentou Castro, que exortou o presidente Obama a usar seus poderes executivos para "remover os tentáculos que impedem ou restringem os vínculos entre nossos povos, famílias e os cidadãos entre ambos os países".
"Devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada, com nossas diferenças", manifestou o mandatário cubano, enfatizando a vontade de seu Governo em dialogar com os Estados Unidos sobre temas em que diverge de Washington, como a democracia e o respeito aos direitos humanos. "Os progressos obtidos até agora demonstram que é possível alcançar uma solução para muitos problemas".
Durante seu rápido discurso, Raúl Castro se referiu à libertação por "razões humanitárias" do empreiteiro norte-americano Alan Gross, que chegou nesta quarta-feira pela manhã aos Estados Unidos depois de ter permanecido mais de cinco anos preso em Havana, condenado por delitos de espionagem. Do mesmo modo, anunciou a libertação de outros presos cubanos pelos quais Washington tinha mostrado interesse, sem mencionar maiores detalhes.
Castro se referiu também à libertação, por parte dos Estados Unidos, de três dos cinco cubanos pertencentes à Red Avispa que ainda permaneciam na prisão, logo depois de terem sido condenados, em dezembro de 2001, por delitos de espionagem. Os cinco membros da Red Avispa foram detidos em setembro de 1998 nos Estados Unidos, acusados de espionar instalações militares na Flórida para informar Havana de qualquer movimento de navios ou tropas. Em dezembro de 2001, cada um deles foi condenado a penas que variavam entre 15 anos de reclusão e prisão perpétua. Gerardo Hernández Nordelo, Antonio Guerrero Rodríguez e Ramón Labañino Salazar foram sentenciados à prisão perpétua -no caso de Hernández, a duas prisões perpétuas; Fernando González Llort, conhecido como Rubén Acampa, a 19 anos da prisão; René González, foi condenado a 15 anos e libertado três anos antes de cumprir a pena, em outubro de 2011.
O presidente cubano agradeceu de maneira especial a mediação do Vaticano e do Canadá para que fosse possível essa aproximação, que marca o início oficial do degelo das relações bilaterais.
"Resultado de um diálogo no mais alto nível, que incluiu uma conversa telefônica que tive ontem com o presidente Barack Obama, foi possível avançar na solução de alguns assuntos de interesse para ambas as nações. Acordamos o restabelecimento das relações diplomáticas", disse Castro diante das câmeras, vestido com uniforme militar. "Isso não quer dizer que o principal foi resolvido. O bloqueio econômico e financeiro que produz grandes prejuízos econômicos ao nosso país deve cessar", acrescentou Castro, que exortou o presidente Obama a usar seus poderes executivos para "remover os tentáculos que impedem ou restringem os vínculos entre nossos povos, famílias e os cidadãos entre ambos os países".
"Devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada, com nossas diferenças", manifestou o mandatário cubano, enfatizando a vontade de seu Governo em dialogar com os Estados Unidos sobre temas em que diverge de Washington, como a democracia e o respeito aos direitos humanos. "Os progressos obtidos até agora demonstram que é possível alcançar uma solução para muitos problemas".
Durante seu rápido discurso, Raúl Castro se referiu à libertação por "razões humanitárias" do empreiteiro norte-americano Alan Gross, que chegou nesta quarta-feira pela manhã aos Estados Unidos depois de ter permanecido mais de cinco anos preso em Havana, condenado por delitos de espionagem. Do mesmo modo, anunciou a libertação de outros presos cubanos pelos quais Washington tinha mostrado interesse, sem mencionar maiores detalhes.
Castro se referiu também à libertação, por parte dos Estados Unidos, de três dos cinco cubanos pertencentes à Red Avispa que ainda permaneciam na prisão, logo depois de terem sido condenados, em dezembro de 2001, por delitos de espionagem. Os cinco membros da Red Avispa foram detidos em setembro de 1998 nos Estados Unidos, acusados de espionar instalações militares na Flórida para informar Havana de qualquer movimento de navios ou tropas. Em dezembro de 2001, cada um deles foi condenado a penas que variavam entre 15 anos de reclusão e prisão perpétua. Gerardo Hernández Nordelo, Antonio Guerrero Rodríguez e Ramón Labañino Salazar foram sentenciados à prisão perpétua -no caso de Hernández, a duas prisões perpétuas; Fernando González Llort, conhecido como Rubén Acampa, a 19 anos da prisão; René González, foi condenado a 15 anos e libertado três anos antes de cumprir a pena, em outubro de 2011.
O presidente cubano agradeceu de maneira especial a mediação do Vaticano e do Canadá para que fosse possível essa aproximação, que marca o início oficial do degelo das relações bilaterais.
copiado http://brasil.elpais.com/
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