"Superbactéria é só a ponta do iceberg", diz biólogo sobre praias do Rio

  • "Superbactéria é só a ponta do iceberg", diz biólogo sobre praias do Rio

    "Superbactéria é só a ponta do iceberg", diz biólogo sobre praias do RioMicro-organismo foi encontrado na Praia do Flamengo, palco de provas na Olimpíada de 2016

    Rio

    "Superbactéria é só a ponta do iceberg", diz biólogo sobre praias do Rio

    Micro-organismo foi encontrado na Praia do Flamengo, palco de provas na Olimpíada

    Jornal do BrasilStefano Grossi *
    “As águas da Baía de Guanabara foram transformadas em uma espécie de lixão, e eu não tenho dúvidas de que isso tenha ligação, mesmo que indireta, com o surgimento dessa superbactéria. Se eles não encontram amostras da KPC na praia da Barra, é pelo fato de essas águas não serem banhadas pela baía. A superbactéria é somente a ponta do iceberg, da quantidade de sujeira e inúmeras outras bactérias, tão ou mais potentes do que a KPC”, desabafou o biólogo e mestre em ecologia Mário Moscatelli, ao comentar a descoberta de pesquisadores da Fiocruz nas águas da praia do Flamengo, Zona Sul do Rio, que será o palco de competições de vela durante as Olimpíadas 2016.Segundo os pesquisadores, a superbactéria, chamada de KPC, é proveniente das águas do Rio Carioca, que deságua no Flamengo. Já nesta quarta-feira (17), pesquisadores da UFRJ, ao analisarem as águas da praia de Botafogo, também encontraram a superbactéria. Essa bactéria recebe esse nome por ser muito resistente aos antibióticos.
    O biólogo também criticou a falta de um plano de gestão no que diz respeito ao combate à poluição. Como exemplo, Moscatelli usou o caso da Lagoa Rodrigo de Freitas, que, após uma série de tratamentos apresenta melhora significativa em sua água, mas ainda segue longe do considerado ideal.
    “O que falta nesse país não é dinheiro e nem tecnologia, o que falta é gestão. De conversa e promessas o povo já está cheio. Há 17 anos eu fotografo tudo isso e posso afirmar: as águas do Rio de Janeiro estão sento aterradas por fezes",  criticou o biólogo.
    A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Isaura Frega, afirmou que a bactéria KPC não oferece riscos à saúde dos banhistas, e lembrou que o Inea realiza um rigoroso trabalho de monitoramento das águas das praias da Zona Oeste à Zona Sul.
    1 / 25
    “É importante que as pessoas acompanhem e sigam a recomendação do Inea em relação às condições das praia, e evitem as que estão impróprias. A bactéria KPC é agressiva em hospitais, mas não resiste à água salgada e nem à luz do sol”, explicou Isaura Frega.
    A bioquímica e professora da UFRJ Renata Cristina Picão, explicou que a KPC se torna resistente aos antibióticos e pode causar danos à saúde de pessoas internadas e com a imunidade baixa.
    “A KPC não é perigosa para pessoas que estejam com o sistema imunológico íntegro”, esclareceu Renata.
    A presidente do Inea, Isaura Frega, avisou que uma fiscalização em conjunto com a prefeitura será feita no Rio Carioca, para verificar se algum hospital da região está realizando lançamento de esgoto in natura.
    Em relação aos riscos que os atletas olímpicos podem correr ao entrar em contato com essa água, o gerente de Qualidade de Água do Inea, Leonardo Daemon, informou que existe um monitoramento específico para as áreas que vão ter provas durante as Olimpíadas, e as condições de balneabilidades vem se mostrando adequadas. No ano de 2014, a praia do Flamengo esteve imprópria para banho em 70% dos boletins divulgados pelo instituto.
    Em comparação às outras bactérias encontradas no corpo humano, a KPC se diferencia apenas pelo fato de ter sido criada em hospitais. Quando uma pessoa é infectada por uma bactéria comum, são receitados antibióticos para destruí-la, mas algumas conseguem produzir enzimas que acatam esses antibióticos. Quanto mais forte a dose do remédio, mais resistente a bactéria se torna, e o mais preocupante é que esse gene de resistência pode ser passado para outras bactérias.
    Segundo a microbiologista da Fiocruz Ana Paula D’Alicourt Carvalho Assef, ainda não há registro de contaminação em frequentadores dos ambientes que foram avaliados, mas os resultados foram enviados às autoridades competentes para que sejam avaliadas as medidas a serem tomadas. A única maneira de tratar uma pessoa infectada por essa superbactéria é através de uma combinação muito complexa de diversos antibióticos.
    *Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil
    copiado  http://www.jb.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...