Prisão de marqueteiro empolga oposição, que passa a apoiar atos pró-impeachment
Ao pegar carona na prisão de João Santana, parlamentares esperam ampliar alcance de protestos de 13 de marçoPrisão de marqueteiro empolga oposição, que passa a apoiar atos pró-impeachment
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- iG São Paulo
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Ao pegar carona na prisão de João Santana, parlamentares esperam ampliar alcance de protestos de 13 de março
Os partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff
anunciaram pela primeira vez o apoio oficial às manifestações contra a
presidente.
E se oficialmente a mudança de postura é justificada
pelo "agravamento da crise política, econômica, social e moral" no País –
conforme alegam PSDB, DEM, PPS, PV e Solidariedade em comunicado
divulgado nesta terça-feira (23) –, na prática, a adoção da nova
estratégia tem outro motivo: a prisão do marqueteiro João Santana.Conselheiro pessoal de Dilma desde o primeiro mandato da presidente e apontado nos bastidores como 'ministro da propaganda' do governo, o publicitário preso na nova fase da Operação Lava Jato se tornou uma poderosa arma para aqueles que fazem campanha contra a petista.
"É evidente que a prisão dele pesou na decisão. Não pudemos deixar passar, porque isso causou impacto não apenas nos partidos da oposição, mas também na sociedade como um todo", afirma o presidente nacional do PPS, Roberto Freire.
Apesar de o juiz federal Sérgio Moro já ter ressaltado que não há indícios de que a campanha de Dilma Rousseff pagou o publicitário com dinheiro de propina, o deputado Antônio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara, acredita que esse novo fator poderá pesar contra a presidente na ação que está sendo analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"O próprio juiz Moro disse que foi usado dinheiro do
petrolão em campanhas. É evidente que ele não iria cravar nada [ao falar
da prisão de Santana]. Já há provas fartas dentro desse processo no TSE
que dão uma indicação muito segura de que houve sim irregularidades",
aposta o deputado.
Nesta terça-feira, os líderes dos
partidos de oposição se reuniram no Congresso para discutir os próximos
passos do grupo, o que deverá incluir a criação de um "comitê nacional
pró-impeachment" – com CPNJ e tudo – para promover o discurso anti-Dilma
pelo País.
PSDB, DEM, PPS, PV e Solidariedade prometem conversar
com os organizadores 'oficiais' do protesto agendado para 13 de março
para descobrir a melhor forma de contribuir com a manifestação.Até a prisão do marqueteiro do PT, o apoio de partidos aos protestos convocados pelos grupos Vem pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online, nunca teve caráter institucional.
Individualmente,
no entanto, diversos parlamentares da oposição ao governo já
participaram espontaneamente dos atos pró-impeachment – com destaque
para o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB que é venerado
por dez em cada dez manifestantes anti-Dilma.
A
esperança dos opositores da presidente é que a nova fase da Operação
Lava Jato, aliada ao apoio dos partidos, renove a força das
manifestações, que vinham em franco declínio desde sua primeira edição,
realizada em março do ano passado.
Para o presidente do PPS, a prisão de Santana pode
"colocar em marcha" o pensamento de revolta "que parecia estar meio
parado" no País.
"Ele [Santana] é intimamente ligado ao governo.
Estava junto de Dilma não apenas na eleição, mas também em todos os
pronunciamentos da presidente. O governo vende a ideia de que o
impeachment saiu da ordem do dia, mas não saiu", declara Freire. "A manifestação de dezembro foi menor porque ocorreu em uma época do ano desfavorável. Mas nessa de agora eu confio. É difícil prever se será maior ou menor que outras, mas que vai ser boa, vai", projeta Imbassahy.
Para fazer com que, de fato, o protesto tenha grande público, o discurso adotado pelos partidos ao convocar militantes e simpatizantes tem tom de ameaça. Em documento assinado pelos presidentes das cinco legendas, a mensagem é "ou você vai ou ela fica!".
Se no papel o discurso é um só, é notável que os adversários políticos do PT também não faltaram ao ensaio presencial: ao longo das entrevistas de Roberto Freire e de Antônio Imbassahy ao iG, os parlamentares repetiram as mesmas expressões ao comentar a prisão de João Santana: "impacto", "chocante" e "intimidade com o governo".
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