afp.com / POOL / RICHARD STONEHOUSE
(Arquivo) Imagem de um labortório do Instituto
Nacional do Grafeno, da Grã-Bretanha, na Universidade de Manchester, em
23 de outubro de 2015
Telefones dobráveis, baterias que são carregadas em cinco minutos ou
telas sensíveis ao toque inquebráveis: empresas de tecnologia estão
correndo para explorar o potencial do grafeno, um material milagroso que
os cientistas dizem que vai transformar a eletrônica.
O grafeno é uma lâmina de carbono, da grossura de um átomo, sendo o
menor material conhecido. Mas é cem vezes mais forte que o aço,
altamente flexível e melhor condutor de eletricidade e calor do que
qualquer outro material.
"Há outros materiais que têm uma destas propriedades. Mas o incrível
aqui é que todas estas qualidades estão reunidas num único cristal",
explicou no Congresso Mundial de Tecnologia Móvel de Barcelona o físico
Kostya Novoselov, primeiro cientista a isolar o grafeno em 2004.
"Com certeza, isso nos deixa com um grande número de possíveis aplicações", diz.
Disparam as patentes
As conclusões sobre o grafeno deste cientista russo-britânico e seu
colega Andre Geim na Universidade de Manchester foram agraciadas com o
Prêmio Nobel de Física de 2010, que inflamou o interesse neste material.
O número de patentes relacionadas ao grafeno subiu de menos de 50 em
2004 para 9.000 em 2014, de acordo com Andrew Garland, analista da
empresa Future Markets, que duas vezes por ano publica um relatório
sobre este material.
"A maioria são de eletrônica", afirma.
O grupo sul-coreano Samsung, um dos principais fabricantes de
smartphones no mundo, tem a maioria destas patentes, cerca de 490,
seguido pelo grupo chinês Ocean's King Lighting e da americana IBM.
Embora seus usos atuais permaneçam modestos, a investigação sobre
futuras aplicações aumentou na Europa quando em 2013 a União Europeia
concedeu 1 bilhão de euros para investir nesta área ao longo dos
próximos dez anos.
"Nós acreditamos que precisamos de mais dez anos para muitos destes
dispositivos começarem a estar no mercado", disse Andrea Ferrari,
diretora do Centro de Grafeno Universidade britânica de Cambridge.
No congresso realizado em Barcelona, de segunda a quinta-feira desta
semana, houve pela primeira vez um pavilhão dedicado exclusivamente a
centros de pesquisa de grafeno e empresas emergentes que trabalham com o
material.
'Sustentar um elefante'
O grafeno é tão flexível que os cientistas acham que no futuro será possível fazer telefones dobráveis.
A empresa britânica FlexEnable mostriu um protótipo de telefone
inteligente elaborado com este material que se envolve na mão do usuário
e dispõe de uma tela LCD com todas as cores que permite a emissão de
vídeos.
"Este tipo de tecnologia de telas nos leva para uma geração
totalmente nova de dispositivos móveis porque poderemos começar a dobrar
a eletrônica", disse o diretor técnico da empresa, Mike Banach.
afp.com / POOL / RICHARD STONEHOUSE
(Arquivo) Imagem de um labortório do Instituto
Nacional do Grafeno, da Grã-Bretanha, na Universidade de Manchester, em
23 de outubro de 2015
Enquanto isso, a também britânica Zap&Go introduziu o carregador
de grafeno para celulares e tablets que recarrega as baterias em apenas
cinco minutos.
A marca está elaborando 2.000 unidades para entregar para jornalistas
e usuários que fizerem uma compra antecipada, explicou o diretor de
marketing, Simon Harris.
"O que temos aqui, em última análise, poderia substituir as baterias
de íons de lítio em milhões de dispositivos. Nós apenas precisamos de
reduzir o peso e aumentar a potência", acrescenta.
Sua força e finura também fazem os investigadores acreditarem que o
grafeno permitirá que algum dia telas inquebráveis para dispositivos
móveis poderão ser fabricadas.
"Com apenas uns quilos é possível substituir todas as telas
touchscreen do mundo. E com poucas lâminas colocadas sobre a outra será
possível suportar um elefante", garante Vittorio Pellegrini, diretor do
Instituto de Laboratórios de Tecnologias do Grafeno, na Itália.
"O grafeno é um material que permite que a imaginação voe. Não há limites para o que se pode fazer", garante.
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