'Zika é mistério', diz diretora da OMS ao defender estudo aprofundado

  • 24/02/2016 09h16 - Atualizado em 24/02/2016 13h43

    'Estamos tentando obter respostas', diz diretora da OMS sobre zika

    Margareth Chan realiza visita ao Imip, um dos centros de referência no Recife.
    À tarde, sanitarista seguirá para o Rio de Janeiro, onde concederá entrevista.

    Do G1 PE

    A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, realizou visita, na manhã desta quarta-feira (24), ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip) para acompanhar de perto as ações desenvolvidas no combate às doenças causadas pelo Aedes aegypti (dengue, chikungunya e o vírus da zika), e no tratamento dos casos de microcefalia. A sanitarista chegou à unidade com 40 minutos de atraso e comandou uma miniconferência no local para exposição de dados sobre o tema. Acompanhada pela diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne,  Chan visitou ambulatório e sala de reabilitação. [Veja vídeo acima]
    Em uma conferência tumultuada,  acompanhada por jornalista de vários países, Chan falou em inglês, sem tradutor. Disse que estava em Pernambuco para aprender sobre o problema. "É preciso aprofundar o estudo da relação da zika com a microcefalia. A zika é mistério. Ainda estamos tentando obter respostas. Precisamos comparar padrões. O Brasil tem pessoas competentes. Não tenho medo do mosquito. O trabalho tem sido excelente. Não é fácil. Faço um apelo à mídia: vamos trabalhar juntos", declarou.
    Minutos depois, a diretora-geral da OMS também fez uma apresentação com tradução. Nesse momewnto, disse que gostaria de mandar três mensagens. Elogiou o trabalho realizado no Imip, falou da importância da transparência de dados no Brasil e afirmou que o governo agiu com coragem. "Não é fácil combater o problema, mas a gente pode. A cada dois anos há um ciclo de doenças ligadas ao mosquito. Vamos contar com a população e reduzir a população do Aedes aegypti. Se o Brasil se mobilizar, irá causar uma mobilização nos outros países da América Latina", ponderou.
    A sanitarista ainda mandou mensagem para as mães com recém-nascidos vítimas da microcefalia. "Temos que pensar nas famílias. Vamos enfrentar este drama por muitos anos. Temos que entender como ajudar essas pessoas", encerrou.
    Integrante da comitiva da diretora da OMS, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, ressaltou a expectativa de que as vacinas desenvolvidas no Brasil fiquem prontas o mais breve possível. A estimativa é de que em três anos a do vírus da zika fique pronta e em dois a da dengue.
    Castro destacou que é preciso engajamento de todos. "Há cidades que acabaram com o mosquito com uma ação conjunta entre governo e a população. Jaguaribe, no Ceará, é um exemplo. Se lá conseguiram, os outros municípios também podem", salientou.
    Diretora geral da OMS, Margareth Chan, visita o Recife (Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press)Chan veste camisa da campanha 'Zika Zero' durante visita (Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press)
    Pernambuco é o estado com maior número de notificações de microcefalia. Segundo o último boletim divulgado na terça-feira pelo Ministério da Saúde, o estado conta com 1.601 notificações de suspeita, das quais 209 estão confirmadas e 1.188 continuam sob investigação. O Recife tem 42 casos de microcefalia confirmados e 272 sob suspeita. Em 2016, segundo a Prefeitura do Recife, 313 mil imóveis foram vistoriados na cidade, em busca de focos de mosquito. O índice de infestação de Aedes na capital caiu. Em janeiro deste ano, chegou a 1.1%, menor índice dos últimos dez anos. Antes era de 3.8%, em novembro.
    Na chegada da comitiva ao Imip, no início da manhã, o secretário estadual de Saúde, Iran Costa, falou do alto custo que o estado terá para intensificar as ações de combate à microcefalia em Pernambuco. Segundo ele, os gastos este ano deverão se aproximar dos R$ 30 milhões. Iran Costa acrescentou, ainda, que quatro novos núcleos de referência para o tratamento e atendimento aos bebês com microcefalia deverão ser inaugurados nos próximos dias nas cidades de Palmares, Goiana e Limoeiro, na Zona da Mata, e em Ouricuri, no Sertão.
    Chan chegou na última terça-feira (23) ao país. Em visita a Brasília, a diretora-geral da OMS afirmou que o governo brasileiro tem sido transparente no combate ao Aedes aegypti – transmissor da dengue, febre amarela, chikungunya e vírus da zika (relacionado à microcefalia). Ela também elogiou o "empenho e liderança" da presidente Dilma Rousseff (PT) e as políticas de saúde pública do governo.
    “Esse governo tem sido muito transparente em compartilhar informações com a OMS. Assim, a OMS também pode compartilhar todas as informações sobre zika com o resto do mundo”, afirmou a diretora. Ela definiu o Aedes como um mosquito “teimoso” e “tenaz”. “O mosquito é difícil, mas não irá vencer o Brasil.”, disse durante entrevista na capital federal.
    Do Recife, a médica viajará para o Rio de Janeiro. À tarde ela visitará a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos mais conceituados centros de pesquisa do país, que comanda uma série de estudos e o desenvolvimento de tecnologias de combate ao Aedes. No final da visita, Chan e a diretora da Opas, Carissa Ettiene, concedem entrevista coletiva na capital fluminense.
    Chan foi eleita diretora-geral da OMS após ter sido diretora de saúde em Hong Kong. Em seu primeiro mandato se destacou pelo combate à desnutrição na Ásia e pressão contra problemas sanitários em regimes fechados, como a Coreia do Norte.
    Em seu segundo mandato, iniciado em 2012, porém, a OMS sofreu muitas críticas pela demora na reação contra a epidemia de ebola no Oeste da África. Uma reação adequada à epidemia de zika hoje é considerada essencial para a OMS recuperar a credibilidade diante de países em desenvolvimento.
    Diretora geral da OMS, Margareth Chan, visita o Recife (Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press)Diretora geral da OMS, Margareth Chan, visita o Recife nesta quarta (Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press)
    Quadro
    Em 2016, até o dia 13 de fevereiro, foram notificados 2.720 casos de arboviroses (dengue, chikungunya e zika) em Pernambuco. Destes, 1.195 casos de dengue, 908 casos de chikungunya e 617 de zika. Dentre as notificações, foram confirmados 612 casos, 459 de dengue e 153 de chikungunya. Para o mesmo período de 2015, foram notificados 2.865 casos de arboviroses, representando uma redução de 5,1% de casos. Em todo o ano de 2015, foram notificados 35.032 casos de arboviroses, sendo 33.070 de dengue, 1.573 de chikungunya e 389 de zika.
    Cooperação
    Durante a visita ao Imip, na manhã desta quarta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Castro,  e o presidente da instituição, Gilliat Falbo, assinaram um termo de cooperação técnica. A ideia é capacitar profissionais ded saúde responsáveis pelo acomoanhamento de casos de microcefalia associados ao zika vírus. Ainda nesta quarta-feira, o Minist´wrio da Saúde promete fornecer mais informações sobre esse acordo.
     copiado  http://g1.globo.com

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