Michel Temer: um presidente à beira do abismo ....Temer" tatuado na nuca, teve um perfil polêmico traçado pela revista "Veja", que a apontou com uma primeira-dama perfeita: "Bela, recatada e do lar". A matéria não demorou a "viralizar" nas redes sociais....

Temer contra-ataca e chama de 'ficção' denúncia da PGR

AFP / EVARISTO SA O presidente Michel Temer durante pronunciamento em Brasília, em 27 de junho de 2017
O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira que a denúncia de corrupção passiva, feita contra ele na véspera pelo Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "é uma ficção", movida por interesses que pretendem "paralisar o país".
Em curta declaração à imprensa no Palácio do Planalto, o presidente disse que vê as acusações atribuídas a ele como "uma infâmia de natureza política", sem "fundamento jurídico".
"Querem parar o país, parar o Congresso", disse Temer. "Atingem a Presidência da República. Não é uma coisa qualquer", acrescentou, sendo aplaudido por dezenas de legisladores e assessores.
Temer tornou-se na segunda-feira o primeiro presidente em exercício da história do Brasil denunciado por um crime comum, em uma nova etapa da crise política que há pouco mais de um ano levou o Senado a destituir a presidente Dilma Rousseff por manipular contas públicas nas chamadas "pedaladas fiscais".
O procurador-geral da República denunciou Temer por crime de corrupção passiva por ter recebido, por intermédio do ex-deputado e assessor Rodrigo da Rocha Loures, propina no valor de R$ 500 mil de Joesley Batista, um dos donos da gigante da proteína animal JBS.
Janot afirma que o dinheiro era destinado a Temer, mas ele diz que a denúncia se baseia em suposições para justificar um generoso acordo de delação premiada, que os donos da JBS assinaram com a Justiça para atenuar suas penas.
"Onde estão as provas concretas de recebimento destes valores? Inexistem. Examinando a denúncia, percebo que reinventaram o Código Penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação", reagiu o presidente em seu pronunciamento.
Para que a denúncia chegue a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), dois terços dos deputados (342 dos 513) devem validá-la, algo que agora parece improvável devido à imensa maioria que o governo tem, além das dezenas de deputados citados ou investigados em casos de corrupção.
AFP / Gustavo Izús, Anella Reta Michel Temer
O presidente conseguiu manter até agora do seu lado seu principal aliado, o PSDB, mesmo após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) declarar na segunda-feira que Temer realizaria um ato de grandeza se renunciasse e convocasse eleições antecipadas.
Se o caso for para o STF, Temer será suspenso do cargo por até 180 dias à espera da sentença dos juízes supremos. Se for declarado culpado, o Congresso deverá eleger um novo presidente no prazo de 30 dias para completar o mandato até o final de 2018.
Reformas no banho-maria
"Era uma denúncia esperada. Outras provavelmente virão. É grave para o presidente e para a política do pais, mas não muda o cenário de que Temer, ainda debilitado, possa obter na Câmara o número de votos suficientes para bloquear", observou o analista Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores.
Uma hora antes do fechamento, a Bolsa de São Paulo recuava 0,83% e o dólar era negociado a R$ 3,22 reais contra R$ 3,302 na segunda à noite.
Os empresários e o mundo financeiro apostaram fortemente em Temer para realizar as reformas necessárias para devolver a confiança aos investidores a fim de tirar a economia da pior recessão de sua história.
Mas a crise política colocou esta perspectiva em banho-maria.
"A denúncia torna improvável a aprovação da reforma previdenciária, a mais importante. Porém, o enfraquecimento de Temer torna improvável a aprovação da reforma da previdência, a mais importante. É um impasse: Temer não sai, mas não consegue aprovar a reforma", antecipou Ribeiro.
Os brasileiros assistem com uma indignação às vezes impotente o vendaval de denúncias que há três anos levou à prisão dezenas de políticos e empresários, em meio à pior recessão econômica do país, que gerou 14 milhões de desempregados (13,6%).
Várias centrais sindicais convocara greves e mobilizações para os próximos dias para denunciar os projetos de reforma em andamento, depois da greve geral de 28 de abril.
A denúncia de Janot se inscreve nas investigações por corrupção, organização criminosa e obstrução de Justiça contra o presidente.








Michel Temer: um presidente à beira do abismo

AFP / EVARISTO SA Michel Temer sempre ocupou os bastidores do poder, até derrubar sua companheira Dilma Rousseff, há pouco mais de um ano. Mas desde então, nada saiu como este estrategista veterano calculou, e sua luta pela sobrevivência política tem sido constante
Michel Temer sempre ocupou os bastidores do poder, até derrubar sua companheira Dilma Rousseff, há pouco mais de um ano. Mas desde então, nada saiu como este estrategista veterano calculou, e sua luta pela sobrevivência política tem sido constante.
O último revés veio nesta segunda-feira, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o denunciou formalmente por corrupção, deixando o presidente à beira do abismo.
Agora se abre um processo no Supremo Tribunal Federal que poderá afastá-lo do cargo embora, antes, deva ser validado por dois terços da Câmara dos Deputados, onde Temer, hoje com 76 anos, começou sua escalada ao poder há três décadas.
Seu governo está na corda bamba desde que o jornal O Globo revelou, no dia 17 de maio, uma comprometedora gravação de uma conversa com o empresário Joesley Batista em que o presidente parece dar seu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
"Não renunciarei. Repito, não renunciarei", garantiu depois que o STF decidiu investigá-lo.
E não renunciou. Mas para muitos a gravação do dono da JBS foi o início do fim de um mandato que nunca se livrou de conturbações, desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Milhares de brasileiros têm ido às ruas para reivindicar sua saída enquanto cerca de vinte pedidos de impeachment se somam no Congresso. O PSDB, crucial para que Temer consiga governar, já cogita o fim da aliança.
Temer conseguiu ganhar tempo e sobreviveu ao julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decidiu por uma apertada maioria não anular sua chapa nas eleições de 2014. Entretanto, ainda há muitas frentes abertas.
- Nos bastidores -
Discreto organizador nos bastidores, o presidente soube abandonar o barco de Dilma Rousseff a tempo, reclamando de ser um "vice-presidente decorativo". Ele queria mais.
Dilma o acusa de ter orquestrado um "golpe parlamentar" junto com Eduardo Cunha. Mas Temer segue de pé e impermeável às críticas daqueles que questionam sua legitimidade e a dureza de seus ajustes.
Pragmático e com o apoio dos mercados, sempre pensou que o sucesso de suas polêmicas reformas permitiria que ele passasse à posteridade como o presidente que tirou o Brasil da pior recessão de sua história, deixando em segundo plano seus ínfimos índices de popularidade.
Mas a melhora dos dados econômicos, incluindo o primeiro crescimento do PIB após oito trimestres de contração, não foi suficiente para melhorar sua imagem. Sua popularidade se encontra em 7%.
- "Anônima intimidade" -
Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu em 1940 e cresceu no interior paulista. Ele é o caçula de oito irmãos de uma família de imigrantes libaneses católicos, chegados ao Brasil 15 anos antes.
Na capital econômica do país se tornou um advogado constitucionalista de prestígio e iniciou sua carreira política, que o levou a ser três vezes presidente da Câmara dos Deputados durante seus seis mandatos como legislador do PMDB, partido que presidiu durante 15 anos.
Sua chegada ao alto escalão também dirigiu os holofotes para sua terceira esposa, Marcela, mãe de seu quinto filho e 43 anos mais nova. A ex-participante de concursos de beleza, que tem um "Michel Temer" tatuado na nuca, teve um perfil polêmico traçado pela revista "Veja", que a apontou com uma primeira-dama perfeita: "Bela, recatada e do lar". A matéria não demorou a "viralizar" nas redes sociais.
Amante das letras, quando ainda era vice-presidente reuniu seus poemas no livro "Anônima intimidade" (2013). Mas como se desprende do poema "Assintonia", na época o político não avistava problemas: Não há tragédia/ À vista/ Nem lembranças/ De tragédias passadas/ Nem dores no presente/ Lamentavelmente/ Tudo anda bem/ Tudo anda bem/ Por isso/ Andam mal/ Os meus escritos.
Eram outros tempos.
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