Relato de quem viveu o pânico 'Senti vidro caindo nas minhas costas', conta repórter sobre atentado ←veja vídeo aqui
Massacre em Las Vegas: um relato em primeira pessoa do que aconteceu no Route 91 Country Festival
Repórter da Rolling Stone estava cobrindo o evento e se viu no meio do caos quando um atirador abriu fogo do lado de fora do Mandalay BayAssociated Press
por MARK GRAY
2 de Out. de 2017 às 13:20
2 de Out. de 2017 às 13:20
Pelo menos 50 pessoas morreram e há mais de 400 feridos depois que um atirador abriu fogo com uma arma automática contra o público do evento de música country Route 91 Harvest Festival, em Las Vegas. A Rolling Stone tinha um repórter no local quando o caos começou. A seguir, leia o relato dele em primeira pessoa.
"Abaixe e fique abaixado.” Essas são as palavras que estou ouvindo conforme rajadas de tiros estão ecoando em volta de mim. Alguns momentos antes, eu estava ouvindo Jason Aldean cantar "When She Says Baby". Ele estava se apresentando no Route 91 Harvest Festival.
No começo, parecia o barulho de fogos de artifício. Eu estava do lado de fora da suíte 5, exatamente do outro lado do Mandalay Bay, no lado sul da Las Vegas Strip, quando o barulho começou. Dois amigos meus sentiram o ricochetear de algo. “O que foi isso?”, uma delas perguntou enquanto colocava a mão na perna. "Senti algo na minha perna." A outra pessoa disse que também sentiu algo. Uma garota que estava perto de mim começou a gritar histericamente.
Então, vivemos 30 segundos de silêncio e confusão e aí pop, pop, pop, pop, as balas ressoando. E aí mais pop, pop, pop, pop. Aldean e sua banda deixaram o palco e a música parou.
Eu corri para dentro da suíte com mais ou menos umas 40 pessoas. Algumas delas se esconderam atrás de uma geladeira, mas a maioria deitou no chão. Eu era uma dessas pessoas no chão.
Não parava de entrar gente pela porta, todos procurando um lugar seguro. Mais pessoas começaram a entrar pela janela.
"Abaixe e fique abaixado”, todo mundo dizia enquanto ouvíamos o barulho estrondoso de balas vindo no 32º andar. Claro que naquele momento a gente não sabia que era de lá que os tiros estavam vindo. Parecia que o atirador estava no meio do público.
O som começou a ficar mais alto, ou pelo menos era essa a impressão que tínhamos. Pensamos que o atirador estivesse próximo. As janelas de vidro da suíte começaram a ser baleadas. Eu senti pedaços de vidro caindo nas minhas costas, todos sentimos. As pessoas estavam engatinhando até a suíte do térreo pelas janelas destruídas. Eu não sei o que aconteceu com eles.
Parecia que os tiros nunca iam acabar. Naquele momento, decidimos que estávamos correndo muito risco ficando lá, parados e esperando, já que não sabíamos de onde estavam vindo os tiros. Tínhamos que sair, tínhamos que sair o mais rápido possível. De uma vez, todo mundo começou a correr e fugir pela porta dos fundos.
Eu fiquei abaixado, peguei minha mochila e saí de lá rapidamente. Um monte de gente estava correndo na mesma direção.
Do outro lado da rua onde estava acontecendo o festival, umas pessoas estavam derrubando uma cerca que dava em um estacionamento. Eu pulei essa cerca. Os tiros continuavam. Eu vi uns caminhões pequenos e corri na direção deles. Eu e algumas pessoas nos abaixamos e ficamos ali atrás dos veículos.
"Fique aqui, amor”, disse um cara para a namorada, que estava com a perna coberta de sangue. Ela parecia estar em choque, mas não com dor. Perguntei se estava bem e ela acenou. Uma garota com a perna quebrada precisou de ajuda para sair de um trailer, então duas mulheres e eu a carregamos para uma rua paralela.
Olhei para o Mandalay Bay e vi uma luz piscando enquanto os tiros ainda ressoavam. Será que aquele era o atirador? Talvez. Eu não fiquei olhando naquela direção tempo o suficiente para ter certeza.
Alguns minutos depois, o barulho parou, mas o caos continuou. Eu segui correndo de lá e vi carros sendo dirigidos insanamente rápido, com pessoas gritando sobre hospitais ("Onde fica a merda do hospital?", alguém berrou.) Eu vi a polícia e ambulâncias dirigindo rápido em direção ao local onde estava acontecendo o festival. Naquele momento eu já estava bem perto do Mandalay Bay – lembre-se que ninguém sabia de onde estavam vindo os tiros. Eu senti cheiro de pólvora. Muita pólvora.
Meu telefone começou a tocar. "Estou bem", disse a meus amigos e parentes, todo esbaforido de correr para longe do local.
Escrevo esse relato somente duas horas depois de tudo que aconteceu e até agora há pelos menos 50 pessoas mortas e mais de 400 feridos.
copiado http://rollingstone.uol.com.br/noticia/
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