O ministro e o “purgatório da beleza e do caos” "É mais do que grave, é gravíssima a entrevista do ministro da Justiça, Torquato Jardim, ao jornalista Josias de Souza sobre o Rio de Janeiro. No dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes negou a transferência do ex-governador Sergio Cabral do Rio de Janeiro para um presídio de segurança

O ministro  e o “purgatório da beleza e do caos”

Ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim.
É mais do que grave, é gravíssima a entrevista do ministro da Justiça, Torquato Jardim, ao jornalista Josias de Souza sobre o Rio de Janeiro. No dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes negou a transferência do ex-governador Sergio Cabral do Rio de Janeiro para um presídio de segurança máxima, Torquato Jardim nos declara, com todas as letras, aquilo que já era tão duro e fácil de constatar: a Polícia Militar do Rio de Janeiro não tem comando e hoje é controlada pelo crime organizado


A “cidade purgatório da beleza e do caos”, cantada por Fernanda Abreu vai ficando cada vez menos “da beleza” e cada vez mais “do caos”. Em sua página no Facebook, a jornalista Mirian Guaraciaba comentava nesta terça-feira (31) a absoluta ausência, no meio desse nosso FlaXFlu, de alguém que demonstrasse alguma simpatia ou compaixão com Sergio Cabral. Com exceção, talvez, de Gilmar Mendes. Independentemente de haver razões ou não para a sua transferência, Mirian tem razão quanto ao sentimento generalizado em relação a Cabral.
As imagens surgidas do envolvimento de Cabral com a corrupção são tão contundentes que a única reação é o choque. Que se soma e aumenta diante da falência absoluta do Rio em todos os sentidos. A cidade e o estado parecem ter pago um preço altíssimo e irresponsável pela sede das últimas Olimpíadas.  O caos que há tanto tempo se anunciava veio a galope e parece ter se instalado ali de uma forma talvez insanável.
O que Torquato Jardim declara com uma sinceridade dura e inacreditável leva a essa constatação. Responsável pela segurança pública no Rio, a Polícia Militar, de acordo com o próprio ministro da Justiça, hoje não tem comando. Ou tem como seu comando o crime. Executa-se um dos comandantes da PM, o coronel Luiz Gustavo Teixeira, do 3º Batalhão, talvez não como consequência do combate ao crime, o que já seria trágico. Ou assalto, a versão oficial. Mas, na avaliação do ministro, como “acerto de contas” entre grupos do crime e da própria PM.
Diz Torquato Jardim que as “milícias”, os bandos de justiceiros que tornam ainda mais infernal o Rio, gente que cobra por segurança, mercenários da insegurança e da criminalidade, estão hoje assumindo o comando do narcotráfico. Em grande parte, essas milícias são formadas por policiais militares. Comandadas por tenentes e capitães, as milícias provocam, nas palavras do ministro, uma “horizontalização” da PM. Ou seja, fortes as milícias, a PM perde a sua cadeia de comando, com policiais de hierarquias inferiores tornando-se mais poderosos que os coronéis e demais comandantes da polícia.
Torquato finaliza dizendo que a solução só poderá vir com a eleição de novo presidente e novo governador. Ou seja, até outubro, o Rio prosseguirá mergulhado na tragédia da sua guerra particular. O Rio sucumbiu. Não é mais o “purgatório da beleza e do caos”. Vai virando um inferno, onde somente há o caos como regra…
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