Temer sabe que não tem votos para reformar Previdência, diz vice da Câmara

Temer sabe que não tem votos para reformar Previdência, diz vice da Câmara

Luciana Amaral
Do UOL, em Brasília
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), está "convicto" de que não tem os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, afirmou nesta segunda-feira (30) o presidente da Câmara em exercício, Fábio Ramalho (PMDB-MG).
O vice-presidente da Casa se encontrou com Temer na residência que o presidente mantém em São Paulo. Temer está na cidade após internação de três dias no hospital Sírio-Libanês devido a uma obstrução urinária e consequente cirurgia para raspagem da próstata.
A reforma da Previdência está pronta para ser votada em plenário desde maio, mas não é pautada por falta de acordo entre a própria base aliada. A reforma ficou parada desde a revelação da delação premiada de executivos da JBS ao Ministério Público envolvendo o presidente. As denúncias oferecidas pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, embora rejeitadas, agravaram o racha entre aliados do governo e partidos do centrão.
O Planalto conseguiu a rejeição da segunda denúncia contra Temer por 251 votos a 233, acima dos 172 necessários, mas, ainda assim, a quantidade não é suficiente para aprovar a reforma previdenciária. Para a matéria, é preciso alcançar 308 votos favoráveis em dois turnos de votação. O Planalto também sabe que nem todos os deputados que ajudaram a barrar a denúncia votarão com o governo pela reforma.
Ele [Temer] está convicto disso [de que não tem os votos necessários]. Ele sabe que precisa trabalhar a matéria com os deputados e com a sociedade. Ele me disse que só vai fazer [a reforma] se tiver o apoio da sociedade.
Segundo Ramalho, Temer avaliou que o governo precisa trabalhar melhor a comunicação e mostrar que "o pobre e o trabalhador rural não estão perdendo nada". Para que a reforma seja aprovada, disse o deputado mineiro, o presidente pensa até em sugerir mudanças apenas na idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres. Ou seja, desistiria da faixa de transição e da paridade de servidores públicos.
"O BPC [Benefício da Prestação Continuada] continuaria e o restante também. Faria a reforma só com a idade", relatou Ramalho. De acordo com o deputado, não há prazo para que o texto seja votado em plenário.

Semana esvaziada no Congresso

O deputado também conversou com o presidente sobre a pauta de votações desta semana, que deverá ser esvaziada. Isso porque o presidente titular da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está em viagem oficial com outros nove deputados a Israel, Palestina, Itália e Portugal. O grupo tem chegada em Brasília prevista para domingo (5). Além disso, há o feriado de finados na quinta-feira (2), com o consequente recesso do Judiciário.
Uma das intenções do governo é colocar em votação as medidas provisórias (MPs) que reformulam o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e reduzem a tributação do setor petrolífero.
Quanto às críticas de Maia sobre o suposto envio excessivo de MPs para o Congresso, Ramalho disse que Temer relatou que "até acha errado ficar mandando matérias" pelo meio, e disse que quer "acabar com essa fase", para voltar a enviar temas de interesse do governo via projetos de lei com pedidos de urgência.
"Sinceramente, nunca vi eles [Temer e Maia] brigados. O problema do Temer com o Maia é com os assessores [do Planalto]", acrescentou.

Temer 'rejuvenescido'

Em relação à saúde de Temer, Ramalho disse que o presidente está bem e sem mais os "olhos cansados". Ele afirmou ter tentado convencer Temer a descansar na capital paulista até domingo, mas, por enquanto, não obteve sucesso. O presidente deve voltar a despachar do Planalto na quarta (1º).
"[Temer] Está muito bem. Está até rejuvenescido, com a cara descansada, mais jovem. Se eu fosse você não ia embora na quarta [para Brasília]. Se eu fosse você, voltaria no domingo. Aqui você fica com a cabeça mais arejada para pensar no que fazer", relatou o deputado.
copiado https://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...