Partidos de esquerda no RS defendem mudança na política de Petrobras e apoio a petroleiros e caminhoneiros Publicado em: Maio 30, 2018

Partidos de esquerda no RS defendem mudança na política de Petrobras e apoio a petroleiros e caminhoneiros

Representantes de partidos de esquerda fazem a defesa de uma mudança na política de preços da Petrobras. Da esquerda para a direita: Raul Carrion, Berna Menezes, Adalberto Frasson, Pepe Vargas, Tânia Feijó, Vicente Selistre e Tarcísio Zimmermann | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Luís Eduardo Gomes
Em coletiva realizada na tarde desta quarta-feira (30) na Assembleia Legislativa, representantes do PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL fizeram a defesa de mudanças na política de preços da Petrobras no governo de Michel Temer (MDB), repudiando o que consideraram ser um movimento privatista do presidente da empresa, Pedro Parente. Os partidos também expressaram preocupação com o avanço da pauta de defesa de intervenção militar durante a greve dos caminhoneiros, mas salientando que a paralisação tinha reivindicações legítimas. Questionados sobre uma possível unidade eleitoral no Rio Grande do Sul, optaram por defender como um avanço a unidade programática que as legendas vêm promovendo nos últimos anos.
Ainda que apenas o PT tenha participado do encontro com representantes que ocupam cargos eletivos neste momento, os partidos tentaram demonstrar que há uma pauta que os une neste momento, que é o repúdio das políticas implementadas pelo governo Temer.
Presidente estadual do PT, o deputado federal Pepe Vargas lembrou que, em abril, os cindo partidos reunidos nesta quarta, mais PCB e PCO, já haviam assinado um manifesto em defesa da democracia. Segundo ele, nesse momento, há também uma unidade também contra a política que governo a Petrobras desde o impeachment de Dilma Rousseff. “Com os episódios dessa semana, fica mais claro para amplos setores da população o fato de que há um severo ataque à soberania do País. A razão fundamental é que a Petrobras deixa de ser uma empresa que trabalha numa visão de desenvolvimento do País e pratica uma política de preços que traz para dentro do mercado nacional a oscilação do mercado internacional. Tem que mudar essa política de preços”, defendeu o petista.
Além das críticas à política de preços, os partidos também argumentaram que, sob o comando de Pedro Parente, a Petrobras também optou por diminuir a capacidade de refino dos derivados do petróleo em território nacional para estimular por um lado a exportação de óleo cru e, por outro, a importação de gasolina e diesel, especialmente de empresas americanas. “Não é à toa que o Temer tem sido chamado de Mishell”, ironizou Berna Menezes, integranteda executiva nacional do PSOL.
Berna Menezes (esq.) defendeu o apoio às paralisações de caminhoneiros e petroleiros | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Por outro lado, alguns dos representantes expressaram preocupação com o avanço da pauta de intervenção militar durante a paralisação dos caminhoneiros. O ex-deputado estadual Raul Carrion (PCdoB) disse que ficou claro que forças de direita “apostaram no caos” para justificar a suspensão das eleições. Contudo, Adalberto Frasson, presidente estadual do PCdoB, ressalvou que esse movimento intervencionista é composto “setores minoritários” que se aproveitam da crise provocada pelo “governo ilegítimo que se instalou com o golpe”. “A única saída é a defesa da democracia e do voto povo”, disse Frasson.
Ex-deputado-federal e secretário-geral do PSB-RS, Vicente Paulo Selistre defendeu que há legitimidade na greve dos caminhoneiros porque estes não tem mais como suportar rotinas exautantes de trabalho, muitas vezes tendo que tomar remédios, enfrentando estradas ruins, bom baixos preços de frentes e o aumento constante do diesel, que, nos últimos dois anos, subiu cerca de 60% diante de uma inflação acumulada de “5%, 6%”. Na mesma linha, o ex-deputado estadual Raul Carrion (PCdoB) destacou que a Petrobras reajustou 121 vezes nos últimos 12 meses o preço dos combustíveis.
Berna Menezes, que fez a defesa do apoio aos caminhoneiros e dos petroleiros que iniciaram uma paralisação nesta quarta, avaliou que, ainda que a paralisação da semana passada possa ter sido disputada pela direita, contou com participação de muitos autônomos e “teve o mérito” de abrir o debate sobre a política de preços da companhia. “A verdadeira corrupção é essa transferência de riquezas fantásticas para a petroleiras norte-americanas”, disse.
O deputado estadual Tarcísio Zimmermann (PT) disse que é importante ainda destaca que há uma preocupação especial para o RS a respeito da política atual da Petrobras, uma vez que a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, é uma das unidades de refino que estaria marcada para ser privatizada pela atual gestão. “Temos um Estado que já economicamente deprimido e uma eventual privatização da Refap, seguida de seu sucateamento, pode deprimir ainda mais a economia, significar perda de bilhões, lembrando que combustível importando não gera ICMS para o Estado”, destacou.
Unidade eleitoral?
Após esse primeiro momento de defesa de mudanças nas políticas da Petrobras, os representantes dos partidos foram questionados de o porquê essas mobilizações conjuntas dos últimos meses não se converte em uma aliança eleitoral para enfrentar justamente o avanço de pautas autoritárias.
Frasson defendeu que a elaboração do manifesto já foi “algo inédito” e que, apesar de as questões eleitorais dificultarem uma aliança em primeiro turno, o mais importante é ter um “projeto claro de País”. “Houve uma avançou muito grande porque partimos de uma fragmentação muito grande”, concordou Berna Menezes. “Há dois anos, era inconcebível termos estado junto como estivemos em São Bernardo”, complementou a psolista.
Pepe Vargas diz que unidade eleitoral deve ocorrer em cenários de segundo turno | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Pepe Vargas também destacou que os cindo partidos têm demonstrando unidade no Congresso Nacional, o que, segundo ele, ajudou a barrar a reforma da Previdência. Ele ainda apostou que haverá convergência eleitoral em cenários de segundo turno.
Vicente Selistre também preferiu valorizar os avanços já demonstrados pelos partidos e, citando o exemplo da unidade de diversos partidos de esquerda em Portugal para a formação de um governo defendeu que é necessário que se busque um acordo para a revogação da reforma trabalhista. Ele destacou que os partidos de esquerda tem demonstrado unidade programática diante de “graves ataques à democracia, aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários”, momento em que, segundo ele, tenta se revogar o sentido de nação e do papel do estado como agente da inclusão.
Secretária-geral do PDT-RS, Tânia Feijó destacou que, embora os partidos possam seguir caminhos eleitorais diferentes, todos defendem a soberania nacional e a democracia. “A gente teme que aconteça mais um golpe dentro dos golpes que já foram dados. Quando orquestraram toda essa cafajestada do golpe, nos sentimos acuados por falta de um projeto democrático e popular”, avaliou.
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