'Vamos ficar. Se apanharmos, será por causa justa', diz caminhoneiro em bloqueio Motoristas prometem resistir a desbloqueio de estradas; Exército não foi informado — Queremos que o diesel baixe a pelo menos R$ 2,80 na bomba. Esses 10% não é nada. Pagamos impostos, pneu. No final não sobra nada para a gente — diz Magno. Moradores e comerciantes locais oferecem comida, água e café para os caminhoneiros. Há relatos de que empresas de caminhão também contribuem nessa logística.— Somos nós que orientamos aqui. Liberamos carro de passeio, ambulância, remédios, carga animal. Não estamos impedindo ninguém de passar, por isso não tem por que haver nenhuma intervenção — afirmou outro motorista.

'Vamos ficar. Se apanharmos, será por causa justa', diz caminhoneiro em bloqueio

Motoristas prometem resistir a desbloqueio de estradas; Exército não foi informado


POR ELISA MARTINS
25/05/2018 14:50 / atualizado 25/05/2018 16:05
Caminhoneiros fazem bloqueio na Rodovia Regis Bittencourt, em São Paulo - Edilson Dantas / Agência O Globo


O Comando Militar do Sudeste tomou conhecimento da determinação de Temer pelo pronunciamento do presidente na televisão. Até 14h, não havia nenhuma ordem do comandante das Forças Armadas para iniciar operações de desbloqueio das rodovias paulistas.

Os bloqueios cresceram ao longo do dia. Em alguns pontos da Regis Bittencourt caminhões ocupam acostamento e uma das vias. Há agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Força Tática da Polícia no local, mas apenas para monitoramento. Embora os policiais circulem armados pela via, agentes afirmaram que não receberam ordens para intervir.

Nos bloqueios, manifestantes decidem quais veículos podem passar. Caminhões e vans de carga são orientados a encostar. Os que furam um bloqueio são parados mais adiante. A comunicação é rápida entre os caminhoneiros de um bloqueio e outro, pelo WhatsApp.


— Somos nós que orientamos aqui. Liberamos carro de passeio, ambulância, remédios, carga animal. Não estamos impedindo ninguém de passar, por isso não tem por que haver nenhuma intervenção — afirmou outro motorista.
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— Queremos que o diesel baixe a pelo menos R$ 2,80 na bomba. Esses 10% não é nada. Pagamos impostos, pneu. No final não sobra nada para a gente — diz Magno.
Moradores e comerciantes locais oferecem comida, água e café para os caminhoneiros. Há relatos de que empresas de caminhão também contribuem nessa logística.
— Mas normalmente o pessoal vem sem estar caracterizado como sendo da empresa. Sem uniforme nem nada. Só falam que vieram de tal e tal lugar. Os patrões não estão nos obrigando a furar bloqueio nem seguir viagem — diz o caminhoneiro Rodrigo Marques, em outro ponto da rodovia.
Ao lado, outro caminhoneiro se grava em vídeo, enquanto faz sinal de avançar ou parar para os carros que circulam em apenas uma pista. Outro faz uma ligação pelo Whatsapp para a família e manda um beijo pela tela para o filho.
Alguns quilômetros mais adiante, em outro bloqueio, o caminhoneiro Expedito Farias, há décadas na boleia de um caminhão, desabafa:
— Somos chamados de preguiçosos, de vagabundos, mas a verdade é que a vida na estrada ninguém sabe como é.
Minutos depois do anúncio de que as Forças Armadas poderiam agir na liberação das estradas, vários caminhoneiros pregaram papéis na frente dos veículos com a frase "Intervenção militar já". Eles afirmam que não temem o uso da força.
— Não bloqueamos totalmente as estradas, nem estamos fazendo baderna. Então o Exército não vai poder fazer nada com a gente.
Na altura do Km 281 da rodovia Regis Bittencourt há um reforço de patrulhas da Polícia Rodoviária Federal em um bloqueio. Minutos antes da chegada de uma equipe de policiais, caminhoneiros foram vistos com pedaços de pau no mesmo ponto. Porém não há, por enquanto, nenhuma desmobilização de manifestantes
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