Mello Franco e os coices de Bolsonaro Bolsonaro diz que país sofre fuga de cérebros. Ele é um sintoma

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Bernardo de Mello Franco, em O Globo, descreve o discurso de embrulhar o estômado feito por Jair Bolsonaro no almoço oferecido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro, a Firjan.
É um retrato chocante não apenas da selvageria do candidato da extrema direita, mas da decadência da elite empresarial, que prefere se atrelar a algo que não tem a menor sintonia com o mundo moderno, em troca, apenas realizar seus ódios.
Está aí, com certeza, uma das razões do atraso da economia brasileira. Nossos empresários, no tempo da luz de LED, parecem adoradores do Lampião. Não o de querosene; o jagunço, mesmo.

Bolsonaro diz que país sofre 
fuga de cérebros. Ele é um sintoma

Bernardo de Mello Franco, em O Globo
“Se eu fosse rei de Roraima, em 20 anos teria a economia próxima à do Japão”. Assim Jair Bolsonaro começou o discurso de ontem na Associação Comercial do Rio de Janeiro. Cerca de 300 empresários pagaram entre R$ 180 e R$ 220 para ouvi-lo. O ingresso dava direito a almoço, com opções de carne, massa e bacalhau.
“Nada pode ser feito lá”, reclamou o deputado, referindo-se à terra que elege Romero Jucá. Ele não explicou a mágica que igualaria o estado de menor PIB do Brasil ao terceiro país mais rico do mundo. No entanto, aproveitou para atacar os alvos de sempre: índios, ambientalistas, quilombolas.
Para Bolsonaro, o problema da Amazônia não é o desmatamento, e sim a proteção da floresta. De olho no voto ruralista, ele prometeu frear a criação de reservas e rebaixar o Ministério do Meio Ambiente, que passaria a ser subordinado à Agricultura. “A questão ambiental dá pra driblar. É ter um ministro que seja patriota”, afirmou.
O capitão acusou a ONU de tramar a criação de “novos países” em território brasileiro. Em seguida, abandonou o tom nacionalista e defendeu parcerias com os Estados Unidos para explorar as riquezas da floresta. “Estive duas vezes com autoridades americanas”, disse. E quem seriam seus interlocutores no governo Trump? “Sem entrar em detalhes”, despistou.
Depois da viagem amazônica, Bolsonaro engrenou o discurso radical que o impulsionou nas pesquisas. Prometeu combater a violência “com mais violência ainda”. Ameaçou reprimir ocupações com “chumbo”. Chamou os sem-terra de “marginais” e “terroristas”. Afirmou que pretende invadir o Ministério da Educação “com um lança-chamas, para tirar tudo que é simpatizante do Paulo Freire de lá”.
O deputado defendeu mudanças na lei para dificultar a punição de policiais acusados de homicídio. “Matar um vagabundo com um tiro ou 20 tem que ser a mesma coisa”, disse. Ele discursava a poucos metros da Candelária, palco da chacina que matou oito crianças e adolescentes em 1993.
Bolsonaro estava acompanhado por Paulo Guedes, seu favorito para o Ministério da Fazenda. Chegou a apresentar o economista como namorado, “heteramente falando” (sic). “Nossos cérebros estão fora do Brasil. Aqui não é um terreno fértil”, comentou. Pela animação da plateia, o capitão deve ter alguma razão.

PS. Por erro do Tijolaço, na abertura do texto, foi citada indevidamente  a Federação das Industrias do Rio de Janeiro, a Firjan. Peço desculpas pelo erro. 

Leitão e a gasolina: dane-se a economia e o consumidor, viva o acionista!

A possibilidade de que o Governo interfira na louca escalada dos preços dos combustíveis – 60% em menos de um ano – deixou a colunista Miriam Leitão, de O Globo, à beira de um ataque de nervos, hoje:
Fazer populismo com o preço dos combustíveis é um caminho sem volta. Nos governos do PT isso prejudicou os cofres públicos e a empresa. Primeiro, a Cide passou a ser reduzida até ser zerada, depois outros impostos foram diminuídos, a empresa passou a absorver o custo. Chegou a importar mais caro do que vendia. Criou-se um círculo vicioso. O subsídio aumentava, isso estimulava o consumo, o que elevava o prejuízo da Petrobras e piorava a perda tributária. O subsídio aos combustíveis fósseis durou anos, não evitou a inflação, o preço represado um dia teve que ser corrigido, e o setor de etanol entrou em crise.
Bem, a solução foi a melhor, disseram todos os cantores do coro do mercado.
Foi, enquanto o dólar estava baixo e o preço do petróleo despencado.
E todos cantaram que os problemas da Petrobras seriam resolvidos com a venda “daquela porcaria” do pré-sal aos estrangeiros.
Agora, o preço subiu e o dólar também.
E a solução vai ser mudar a veia da qual se faz a sangria: a tributação, aquela que era esquecida das contas quando se tratava de agitar o fantasma da “gasolina a 4 reais” a que nos levaria Dilma Rousseff e que, agora, ao menos aqui no Rio, Temer manda vender a R$ 5.
Como dos tributos sobre combustíveis 2/3 pertencem aos Estados, quebrados, de onde não se tem como tirar e a situação das receitas federais torna uma irresponsabilidade sacar do terço restante.
O episódio revela, antes de tudo, como é uma farsa dizer que os problemas da Petrobras advinham do “maior escândalo de corrupção do planeta” – embora seja grave e inadmissível – mas do preço extremamente baixo – menos que 30 dólares, ante os 80 de hoje – do petróleo.
Um dos sentidos de a Petrobras ser uma empresa pública, no campo do refino e da distribuição, pe ajudar a mitigar as flutuações do preço dos combustíveis, para baixo ou para cima.
O puro “mercadismo” leva a impasses como o que se vive agora, onde os acionistas lambem os beiços com a valorização dos pa´péis da Petrobras e os consumidores – e a própria atividade econômica do país – se debatem com um aumento dos combustíveis quase 20 vezes maior que o da inflação anual.
copiado http://www.tijolaco.com.br/gas5

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