Fed acompanha de perto intensificação da guerra comercial de Trump Trump promete a Londres grande acordo após Brexit

Fed acompanha de perto intensificação da guerra comercial de Trump

GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP / ALEX WONGPresidente do Fed, Jerome Powell
O Banco Central americano acompanha "de perto" os efeitos na economia nacional da guerra comercial empreendida pelo presidente Donald Trump, intensificada recentemente contra China e México.
"Vigiamos de perto o impacto que os acontecimentos podem ter nas perspectivas de crescimento da economia dos Estados Unidos, e, como sempre, atuaremos para apoiar a expansão", disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), durante discurso em Chicago.
Esta é a primeira vez que o presidente do Fed se pronuncia sobre a guerra comercial depois que Trump anunciou no dia 30 de maio a imposição de tarifas de 5% a partir de 10 de junho a todos os produtos mexicanos.
Para evitar essas tarifas, a Casa Branca exige do governo do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, medidas para frear o fluxo de migrantes em situação irregular que chegam à fronteira americana pelo sul. Caso isso não seja feito, Trump aumentará as tarifas em 5% mensalmente, com o teto de 25% em 1º de outubro.
O anúncio de Trump suscita fortes temores sobre o crescimento dos Estados Unidos, já que as economias de ambos os países estão integradas desde a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) em 1994.
Powell também ressaltou as inquietudes da instituição geradas pela baixa inflação.
"Meus colegas no FOMC (o comitê monetário do Fed que fixa as taxas) e eu levamos muito a sério o risco de que a diminuição sustentada da inflação, inclusive em um contexto de economia sólida, possa precipitar um desvio para uma queda difícil de deter nas expectativas de inflação", disse Powell.
A evolução dos preços foi mais baixa durante os meses de meta de 2%, nível que o Fed considera favorável para o crescimento econômico. Os diretores do Banco Central tem problemas para explicar este fenômeno, já que os Estados Unidos estão em pleno emprego, o crescimento anual se manteve em 3,1% no primeiro trimestre e as taxas de juros permanecem em níveis modestos.

Trump promete a Londres grande acordo após Brexit

AFP / MANDEL NGANDonald Trump e Theresa May participam de entrevista coletiva em Londres
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (4) acreditar em um grande acordo comercial com o Reino Unido, após o Brexit, e se declarou convencido de que se chegará a uma solução com Londres sobre o grupo chinês Huawei.
"Há um potencial tremendo nesse acordo comercial", declarou o americano em entrevista coletiva com a primeira-ministra Theresa May, em Downing Street.
Mais cedo, no início de uma reunião com empresários britânicos e americanos na companhia de Theresa May, Trump já havia se pronunciado nesse sentido. "Acredito que teremos um acordo comercial muito, muito substancial. Nós vamos fazer isso", acrescentou.
Na coletiva de imprensa, o presidente americano disse também que está "absolutamente seguro" quanto à possibilidade de chegar a um acordo sobre a participação do grupo chinês Huawei, no desenvolvimento da rede 5G britânica. A parceria é vista com desconfiança pelos Estados Unidos.
"Estou absolutamente seguro de que vamos ter um acordo", afirmou Trump na mesma coletiva de imprensa.
Elogiando a "grande aliança" entre os dois países, May ressaltou que acredita que "podemos torná-la ainda maior", graças a um grande acordo bilateral "com uma cooperação econômica mais ampla, e continuando nosso trabalho conjunto para apoiar, modelar e influenciar a economia global e suas regras e instituições".
A polêmica explodiu, porém, depois que os Estados Unidos sugeriram que o Reino Unido deveria permitir a entrada em seu mercado de produtos agrícolas americanos, como o frango tratado com cloro, e autorizar o setor privado do país a participar de seu serviço público de saúde (NHS, na sigla em inglês).
"Quando você negocia sobre comércio, tudo está sobre a mesa. Então, também o NHS e todo resto, e muito mais ainda", frisou Trump na entrevista coletiva com May.
"Podemos diferir às vezes sobre como enfrentar os desafios", reconheceu a premiê.
May foi a primeira líder estrangeira recebida na Casa Branca após a vitória eleitoral de Trump, mas a relação entre os dois países está longe de ser perfeita: o Reino Unido defende o acordo nuclear com o Irã e o acordo sobre o clima de Paris, ambos denunciados por Washington.
O presidente americano criticou diversas vezes a estratégia de negociação da primeira-ministra com Bruxelas e pressiona o Reino Unido para que exclua a gigante da tecnologia chinesa Huawei de sua rede de 5G por razões de segurança, sugerindo que pode prejudicar a cooperação de Inteligência entre os dois países.
Uma autoridade do governo britânico disse ao The Times que May "não vai pedir desculpas" por ter decidido, segundo a imprensa, permitir que a Huawei construa partes não vitais da próxima geração de Internet móvel do país.
- "Baby Trump" nos protestos -
O segundo dia da visita de Estado de três dias de Trump está sendo marcado por encontros políticos e por protestos nas ruas.
Marcando o tom, milhares de manifestantes convocados por diversas organizações de defesa dos direitos humanos, da luta contra as mudanças climáticas, ou contra a guerra, tomavam o centro de Londres para protestar contra Trump e suas políticas.
Uma contagem regressiva antecedeu a apresentação de um enorme balão representando um bebê Trump laranja e de fralda, já usado nas manifestações do ano passado, por ocasião de uma visita de trabalho do presidente americano.
Outra figura satírica, um boneco gigante representando Trump tuitando com seu celular sentado no banheiro com as calças abaixadas, foi levantada na praça central de Trafalgar, outro ponto de protesto.
"Suas políticas são terríveis (...) mas ele mesmo é horrível. É simplesmente mau. Oferecer a ele uma visita de Estado parece que estamos de acordo com ele. Então queremos lhe dizer 'você não é bem-vindo, vai embora!'", disse à AFP a manifestante Lauren Donaldson, de 31 anos, funcionária de uma instituição beneficente.
Também participou do ato o líder da oposição britânica, o trabalhista Jeremy Corbyn, que mobilizou a multidão com um discurso contra a "guerra", a "vantagem pessoal" e a "cobiça", e a favor do planeta e dos migrantes.
Trump disse ter-se negado a se reunir com Corbyn e classificou de "fake news" as informações sobre os protestos em massa. Foram "muito pequenos", minimizou, após ter declarado que não tinha visto as manifestações.
No que muitos consideram como uma nova intromissão na política doméstica, Trump conversou com alguns dos candidatos a substituir a primeira-ministra.
Ele conversou por cerca de 20 minutos por telefone com o ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson. O polêmico político britânico negou, porém, um encontro pessoalmente, afirmando que coincidiria com o primeiro debate dos candidatos, prevista para esta terça à noite.
Segundo uma fonte ligada ao secretário de Meio Ambiente, Michael Gove, Trump também pediu para se reunir com ele. Além disso, a imprensa local noticiou que ele deve se reunir, amanhã, com o chanceler Jeremy Hunt.
Downing Street considerou estes contatos "inevitáveis" no contexto político britânico e disse que o presidente americano teve a "cortesia" de informar May.
À tarde, o populista britânico Nigel Farage, líder do Partido do Brexit e descrito como "amigo" por Donald Trump, tuitou ter tido uma "boa reunião" com o presidente. Segundo ele, Trump "acredita realmente no Brexit e está gostando sua viagem a Londres".
Trump oferece esta noite um jantar oficial com a presença do príncipe Charles, na residência do embaixador americano.


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