Venezuela inicia racionamento para venda de gasolina. México está otimista em evitar tarifas dos EUA, mas Trump se mantém firme

Venezuela inicia racionamento para venda de gasolina

AFP/Arquivos / Marvin RECINOSPessoas empurram caminhonete para abastecer com gasolina em posto de gasolina de Acarigua, estado Portuguesa, Venezuela, em 25 de maio de 2019
"É uma piada", queixa-se Maria. O racionamento para a venda de gasolina foi posto em prática em várias regiões da Venezuela em meio à severa escassez do combustível no país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo. A medida teve início com a morte de um homem que infartou enquanto esperava na fila para abastecer.
Desde segunda-feira, os motoristas do estado de Lara (oeste) só podem comprar 30 litros de combustível por semana, enquanto um plano de racionamento baseado no número de placas dos veículos começou a ser aplicado nos estados de Bolívar (sul) e Monagas (oeste) .
As medidas entraram em vigor em face da escassez, crônica por anos em áreas na fronteira com a Colômbia como Zulia e Tachira e agravada nas últimas semanas após as sanções financeiras dos Estados Unidos contra a Venezuela e sua estatal petrolífera PDVSA.
"É uma piada!", insiste à AFP, furiosa, Maria López depois de não conseguir encher o tanque de seu carro apesar de ter passado seis horas na fila de um posto de gasolina da capital de Lara, Barquisimeto, cidade de um milhão de habitantes.
No carro para procurar remédios para o irmão, doente de meningite, Maria acredita que a situação se agravou para o governo de Nicolás Maduro.
A gasolina na Venezuela é praticamente dada, já que com apenas 1 dólar é possível comprar aproximadamente 600 milhões de litros do combustível.
Embora Maduro tenha anunciado em agosto do ano passado que as baixas tarifas seriam aumentadas, a alta no preço nunca se concretizou.
O mesmo aconteceu com Iván Herrera e Herry Gómez, após a peregrinação por três postos de gasolina, sem sucesso. A governadora de Lara, a governista Carmen Meléndez, anunciou na semana passada o limite de 30 litros.
De acordo com fontes do setor, 40% dos 104 postos de Barquisimeto estão fechados.
"Não deveria haver racionamento em um país como o nosso, um país petroleiro. Isso é um atraso", reclama Iván.
Segundo dados oficiais da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), a oferta de petróleo venezuelano, que foi de 3,2 milhões de barris por dia há uma década, produziu 1,03 milhão em abril. Fontes secundárias do cartel contabilizaram 768.000 barris.
As sanções dos Estados Unidos em sua política de pressão contra Maduro paralisaram as exportações de combustível do país, vitais para suprir a demanda; assim como de diluentes para processar petróleo bruto da Venezuela.
- Confusão -
Na cidade de Puerto Ordaz, em Bolívar, Yackson Salas viu o dia amanhecer na fila, dentro de seu carro.
"Dormi na fila", conta à AFP, queixando-se da confusão com o novo sistema: os motoristas devem abastecer de acordo com número de placa, com dias intercalados entre finais pares e ímpares. "Muitos faziam fila mesmo quando não os correspondia".
Apesar da medida, as filas "são quilométricas", expressa por sua vez John Velásquez. Seu automóvel havia sido marcado com o número 203, entre os 300 que esperavam.
Um usuário alterou o número da placa do seu carro com um marcador preto, mas foi descoberto e expulso da linha.
O presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, disse na semana passada que o governo garantirá o fornecimento, mas as falhas se mantêm. Maduro, por sua vez, denunciou uma sabotagem contra dez navios petroleiros, sem dar detalhes.
- Luto -
Em Mérida (oeste), onde o racionamento não entrou em vigor, as filas são intermináveis.
Humberto Trejo, motorista de 60 anos, faleceu na segunda-feira de infarto depois de permanecer na fila por quatro dias, informaram autoridades regionais.
Segundo a imprensa local, Trejo sofreu uma parada cardíaca depois de se aborrecer com alguns usuários subornando com dólares e pesos colombianos militares que faziam a segurança de um posto de gasolina, para serem adiantados na fila.
Em Táchira, os moradores de áreas fronteiriças começaram a passar combustível da Colômbia, apesar de oficialmente as passagens limítrofes estarem fechadas, o que tem gerado aglomerações em frente aos postos na cidade colombiana de Cúcuta.
Até agora o contrabando vinha sempre da Venezuela devido à enorme diferença de preços.

México está otimista em evitar tarifas dos EUA, mas Trump se mantém firme

AFP / Eric BARADAT(3 jun) O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, em Washington
O México se mostrou "otimista" nesta terça-feita (4) em evitar que os Estados Unidos imponham tarifas sobre as suas exportações caso a imigração irregular persista, mas o presidente Donald Trump pareceu minar as esperanças de uma rápida solução.
"Vamos ver se podemos fazer alguma coisa, mas acho que é mais provável que as tarifas sigam adiante", disse Trump em Londres, durante visita de Estado ao Reino Unido, assegurando que não aceitará desculpas e que cumprirá sua ameaça.
Da Cidade do México, o presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), se disse "otimista" sobre alcançar um acordo e afirmou estar disposto a se reunir com Trump caso seja necessário para evitar que as tarifas entrem em vigor.
"Se for necessário, vamos fazer isso, mas primeiro vamos deixar que aconteça o encontro de amanhã", afirmou AMLO a jornalistas depois que seu chanceler, Marcelo Ebrard, previu em Washington grandes chances de um acordo com o governo Trump.
Ebrard deve se reunir na quarta-feira com seu colega americano, Mike Pompeo, para analisar o tema.
"Acredito que temos 80% (de chance) em favor de uma negociação, 20% talvez de que seja difícil chegar a um acordo neste momento", disse Ebrard, à frente da delegação enviada imediatamente por AMLO à capital americana após a surpreendente ameaça de Trump.
Trump surpreendeu na última quinta-feira, ao anunciar que os Estados Unidos aplicarão, a partir de 10 de junho, tarifas de 5% a todos os bens provenientes do México. O percentual aumentará progressivamente até chegar a 25% a partir de 1º de outubro, se seu vizinho do sul não contiver o crescente fluxo de imigrantes em situação ilegal que chegam à fronteira americana. A maioria é centro-americana, procedente de Guatemala, Honduras e El Salvador.
- Fed atento -
"Partindo da base de que o México já está fazendo um esforço muito grande, compartilhamos a preocupação e pensamos que tem solução o grande aumento do fluxo migratório que estamos vendo", afirmou Ebrard.
Pouco depois, em coletiva de imprensa em Londres, Trump insistiu em que o governo de AMLO "não deveria permitir que milhões de pessoas" tentassem cruzar a fronteira que separa o México dos Estados Unidos.
"O México tem que fazer mais para frear esse ataque, essa invasão a nosso país", disse.
O número de migrantes detidos na fronteira entre ambos os países superou os 100.000 mensais nos últimos meses, segundo dados do governo americano.
A guerra comercial empreendida por Trump, intensificada recentemente contra China e México, não passa despercebida para o Banco Central americano. O presidente da instituição disse nesta terça que acompanha de perto os efeitos dessa disputa sobre a economia nacional.
"Vigiamos de perto o impacto que os acontecimentos podem ter nas perspectivas de crescimento da economia dos Estados Unidos, e, como sempre, atuaremos para apoiar a expansão", disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), durante discurso em Chicago.
- Republicanos contra Trump? -
O líder da maioria republicana no Senado americano expressou nesta terça-feira o mal-estar suscitado pela ameaça de Trump em suas próprias fileiras.
"Não apoiamos as tarifas e ainda esperamos que elas possam ser evitadas", declarou o senador Mitch McConnell.
Estados Unidos e México têm até domingo à noite para chegarem a um acordo para conter uma possível escalada que gera preocupações nos circuitos econômicos e nos mercados de ambos os países.
O México diz estar confiante em encontrar "um ponto de aproximação" com os Estados Unidos, mas também está "preparado" para um cenário de não negociação, garantiu Ebrard, sugerindo que o governo de AMLO poderá considerar represálias.
Os funcionários do governo mexicano, contudo, alertam que o uso de tarifas como eventuais medidas de retaliação podem ser prejudiciais para as economias.
O presidente comunicou sua intenção de aplicar tarifas no mesmo dia em que os Congressos de ambos os países iniciaram o processo para ratificação do T-MEC, o novo acordo de livre comércio da América do Norte que substituirá o Nafta. Este tratado é vital para o México, que envia 80% de suas exportações para os Estados Unidos.





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