Bolsonaro vai receber viúva de torturador da ditadura nesta quinta

O presidente Jair Bolsonaro  nunca escondeu sua simpatia pela ditadura e por Ustra - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro nunca escondeu sua simpatia pela ditadura e por UstraImagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Bolsonaro vai receber viúva de torturador da ditadura nesta quinta

Alex Tajra
Do UOL, em São Paulo
07/08/2019 23h29

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) programa-se para receber, nesta quinta (8) ao meio-dia no Palácio do Planalto, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra -- torturador da ditadura militar, cujos crimes foram reconhecidos pela Justiça. Ustra morreu em 15 de outubro de 2015 por falência múltipla dos órgãos.
O encontro entrou ontem à noite na agenda oficial do presidente da República. Questionado sobre o encontro nesta manhã, Bolsonaro disse que a viúva "tem histórias maravilhosas para contar" e chamou Ustra de "herói nacional".
"Tem um coração enorme, sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer", afirmou o presidente.
Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra estará com o presidente poucos dias após Bolsonaro contrariar documentos históricos e afirmar que Fernando Augusto Santa Cruz, desaparecido durante o regime militar, foi assassinado por militantes de esquerda.
A Comissão Nacional da Verdade, grupo criado pelo governo federal, apurou que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi "preso e morto por agentes do Estado brasileiro". Segundo a comissão, Santa Cruz "permanece desaparecido, sem que os seus restos mortais tenham sido entregues à sua família".
O reconhecimento dessa situação foi oficializado por meio de retificação do atestado de óbito, realizada pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, também vinculada ao governo federal, apenas cinco dias antes de Bolsonaro se referir ao caso.
Bolsonaro fala sobre morte de pai de presidente da OAB
Band Notí­cias

Simpatia por Ustra

Ao longo de sua carreira em cargos públicos, Bolsonaro nunca escondeu sua simpatia pela ditadura e por Ustra.
Durante votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, Bolsonaro dedicou seu voto à "memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma."
Bolsonaro exalta Ustra ao votar a favor do impeachment
UOL Notícias
A despeito da Justiça de São Paulo ter extinguido, em 2018, a condenação de Ustra para pagar indenização de R$ 100 mil à família do jornalista Luiz Eduardo Merlino, assassinado em 1971 durante a ditadura, o militar já havia sido responsabilizado pelo Superior Tribunal de Justiça no final 2014 pela prática de tortura.
À época, a corte negou um recurso de Ustra que se amparava na Lei de Anistia e decidiu que ex-presos políticos que foram torturados podem entrar com ações de indenização por danos morais. O STJ seguiu a interpretação das instâncias anteriores, que reconheceram que os autores da ação foram torturados por Ustra.
"TJ tolera a tortura", desabafa viúva de jornalista morto pela ditadura
UOL Notícias

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...