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04/17 | 21:02 GMT
Imagem da rede de TV the Shaam News Network mostra soldados sírios nas ruas de Deraa
DAMASCO (AFP) - As tropas do governo sírio bombardearam nesta terça-feira várias cidades do país, apesar da presença de observadores da ONU encarregados de avaliar se o cessar-fogo está sendo respeitado, suscitando temores em meio à comunidade internacional sobre o futuro da missão.
Em Paris, cerca de cinquenta países e organizações, membros de um grupo encarregado de acompanhar as sanções contra a Síria, pediram que os meios diplomáticos rompam com o regime de Bashar al-Assad e denunciaram as vendas de armas à Síria, referindo-se à Rússia.
Pelo menos sete civis morreram no país apesar de um cessar-fogo que entrou em vigor na quinta-feira, 12 de abril, em conformidade com o plano de paz do emissário internacional Kofi Annan, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Quatro civis foram mortos pelas forças governamentais na região de Idleb (noroeste), e três perderam a vida na província de Deraa (sul) em bombardeios na localidade de Basr al-Harir, segundo a organização.
No início do dia, esta localidade e a região de Al-Loujat, onde estavam entrincheirados centenas de desertores, foi alvejada por "disparos de metralhadoras pesadas e bombardeios", segundo os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a mobilização no terreno.
Em Homs (centro), os bairros de Al-Khaldiyé e de Bayada também foram bombardeados, indicou o OSDH.
O cessar-fogo parecia cada vez mais frágil, suscitando dúvidas entre os países ocidentais sobre a disposição do presidente sírio em aplicar o plano Annan.
O coronel Ahmed Himmiche, chefe da equipe de monitoração da ONU, dá entrevista em um hotel de Damasco
Desde o início da revolta popular contra seu regime, em março de 2011, mais de 11.100 pessoas foram mortas em episódios de violência, segundo o OSDH.
Em meio a este ambiente, os oito observadores que chegaram à Síria mantinham sua missão pelo segundo dia.
"Os carros dos observadores chegaram a Deraa, acompanhados de veículos do Exército", indicaram os LCC.
O coronel Ahmed Himmiche, que lidera a delegação, não escondeu que sua missão é "difícil".
O futuro desta missão pode estar comprometido, segundo diplomatas em Nova York, porque os observadores ainda não obtiveram o acordo do governo sírio sobre um "protocolo" que os permita circular em todo o país.
Se a situação não melhorar antes do final de semana, "nós não passaremos à etape seguinte, que é autorizar a mobilização da missão completa (de cerca de 250 homens)", afirmou um diplomata do Conselho de Segurança.
O Conselho deve adotar uma nova resolução para autorizar a mobilização completa da missão.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deve informar na quarta-feira o Conselho de Segurança a respeito do trabalho dos primeiros observadores, e o mediador da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, deve ir ao organismo antes do fim de semana.
Observadores da ONU na Síria
Ban Ki-moon exortou Damasco a garantir uma liberdade total de movimentação aos observadores, e mencionou a necessidade de aviões e helicópteros para o seu transporte. A União Europeia se disse preparada para fornecer todo o apoio material necessário à missão de observadores.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, acusou o regime de efetuar "violações flagrantes do cessar-fogo" e pediu que os observadores "cheguem o mais rápido possível a Idleb e a Homs para que descubram (...) as matanças que o regime nunca vai parar de commeter".
Segundo o primeiro-ministro do Qatar, xeque Hamad Ben Jassam al-Thani, não houve "progresso algum" na aplicação do plano Annan, e a imprensa qatari, ligada às autoridades, pediu uma intervenção militar árabe na Síria.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, reconheceu que o cassar-fogo é frágil e considerou, sem dar nomes, que "alguns" países desejam o fracasso do plano Annan.
A Rússia --que bloqueou as resoluções do Conselho de Segurança da ONU condenando a repressão -- denuncia regularmente o apoio dos Estados ocidentais e árabes à oposição armada.
Reunidos em Paris, cerca de cinquenta países e organizações, incluindo a União Europeia, os Estados Unidos, o Canadá, a Liga Árabe e a Turquia, manifestaram, por sua vez, sua "firme desaprovação de qualquer apoio financeiro ou de outra forma, e em particular à manutenção das vendas de armas ao regime sírio", do qual a Rússia é o principal fornecedor de armas.
Nesta ocasião, o chefe da diplomacia francesa, Alain Juppé, pediu um reforço das sanções contra Damasco.
A França convidou alguns ministros das Relações Exteriores para uma reunião na quinta-feira em Paris para debater a situação na Síria e "manter a pressão" sobre Damasco, indicou uma fonte do governo.
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