Caos reina na Ucrânia, Moscou indignado por sanções

 

Caos reina na Ucrânia, Moscou indignado por sanções

 



Em Lugansk, capital regional de meio milhão de habitantes, cerca de mil ativistas pró-russos, apoiados por 50 homens armados, atacaram nesta terça-feira a sede da polícia local
O caos continua a reinar na Ucrânia, onde milhares de manifestantes pró-russos assumiram o controle de vários edifícios públicos em Lugansk, enquanto Moscou denunciou as novas sanções anunciadas pelos países ocidentais.
Em Lugansk, capital regional de meio milhão de habitantes, cerca de mil ativistas pró-russos, apoiados por 50 homens armados, atacaram nesta terça-feira a sede da polícia local.
"Estes jovens estão certos. Não queremos esta junta de nazistas que tomou o poder em Kiev. Nós não os reconhecemos. Eu quero que meus filhos e netos cresçam na Rússia", comentou uma engenheira aposentada que assistia ao ataque.
O prédio foi cercado pelos homens fortemente armados com fuzis e um lança-foguetes. A maioria deles portava uniforme ou roupas de combate.
Ajoelhados atrás de veículos, eles atiraram nas janelas. A polícia respondeu com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Em Kiev, o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turtshinov, denunciou a "falta de ação", ou mesmo a "traição", das forças de ordem no leste do país.
"Os eventos no leste ilustram a falta de ação, a impotência e, às vezes, a traição criminosa das forças de ordem nas regiões de Donetsk e Lugansk", declarou em um comunicado.
No total, as forças pró-russas ocupam os prédios públicos de doze cidades do leste.
Segundo a imprensa ucraniana, ativistas pró-russos também ocuparam a Prefeitura da cidade de Pervomaisk, perto de Lugansk.
Neste contexto de tensão, continua incerto o futuro dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), detidos desde sexta-feira por separatistas em Slaviansk.
O secretário-geral da OSCE, Lamberto Zannier, reuniu-se nesta terça-feira em Kiev com o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrei Dechtchitsa, que exigiu a "libertação imediata dos reféns", sete estrangeiros e quatro ucranianos.
Em Slaviansk, o líder separatista da cidade indicou que houve "progressos significativos" nas negociações para a libertação do grupo.
"Registramos progressos significativos e um diálogo produtivo", declarou o prefeito auto-proclamado da cidade, Viatcheslav Ponomarev.
A embaixada dos Estados Unidos em Kiev chamou de "terrorismo" o sequestro dos observadores da OSCE por separatistas ucranianos pró-Moscou.
"É terrorismo, pura e simplesmente", denuncia em um comunicado a embaixada ao se referir à situação no leste da Ucrânia, onde nesta terça 3.000 manifestantes pró-Rússia ocuparam um prédio da administração regional de Lugansk.
Cosmonautas americanos "expostos"

O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, critou as snações doatadas por EUA e UE
Em Moscou, várias autoridades acusaram os países ocidentais, que anunciaram novas sanções contra a Rússia, de ressuscitar a política da 'Cortina de Ferro' e de levar a Ucrânia, no centro da disputa, a "um beco sem saída".
"Rejeitamos as sanções, em particular, aquelas que foram adotadas pelos Estados Unidos e a União Europeia contra qualquer senso comum a respeito dos acontecimentos na Ucrânia", afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, pouco depois de desembarcar em Cuba.
A Rússia acusou inclusive o governo dos Estados Unidos de colocar em perigo seus astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS).
"Se eles querem atingir o setor russo de mísseis, eles vão, automaticamente, expor seus cosmonautas da Estação Espacial Internacional", declarou Dmitri Rogozine, vice-primeiro-ministro russo.
As espaçonaves russas Soyuz são atualmente a única maneira de transportar e repatriar a tripulação da ISS.
"Honestamente, eles começam a nos irritar com suas sanções, e não compreendem que elas vão retornar para eles como um bumerangue", afirmou ainda Rogozin, citado pela agência Itar-Tass.
As sanções afetam "nossas empresas e nossos setores de alta tecnologia", declarou Serguei Riabkov, vice-ministro russo das Relações Exteriores.
Mais cedo, Riabkov havia afirmado que os países ocidentais querem retomar a política da 'Cortina de Ferro'.
"É a volta do sistema criado em 1949, quando os países ocidentais baixaram a Cortina de Ferro, cortando o fornecimento de alta tecnologia para a União Soviética e outros países", disse.
"É uma política absolutamente contraproducente, que leva a um beco sem saída a situação na Ucrânia, que já é crítica", disse outro vice-chanceler russo, Grigori Karasin.
A expressão Cortina de Ferro foi utilizada pelos ocidentais durante a Guerra Fria para denunciar a separação entre o leste e o oeste da Europa, instaurada pela União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial.
A União Europeia (UE) divulgou nesta terça-feira uma nova lista de personalidades submetidas a sanções, que inclui nove dirigentes políticos e militares russos e seis líderes separatistas da Ucrânia.
Os ocidentais acusam a Rússia de "jogar lenha na fogueira" na crise da Ucrânia e de realizar manobras militares suspeitas na fronteira.
De acordo com a Otan, a Rússia concentrou 40.000 militares na fronteira com a Ucrânia.
Mas o ministro russo da Defensa, Serguei Choigu, voltou a afirmar que as forças do país não vão invadir a Ucrânia, durante uma conversa por telefone com o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel.
Choigu também desmentiu as afirmações sobre a presença de grupos de sabotagem russos no sudeste da Ucrânia.
A Otan indicou nesta terça-feira que não possui "informações que indiquem que a Rússia tenha retirado suas tropas da fronteira com a Ucrânia".
COPIADO  http://www.afp.com/pt/

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