O projeto de
implantação de uma terceira linha do bondinho do Pão de Açúcar, que
seria instalada no Forte do Leme em direção ao morro da Urca,
apresentado pela companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar - empresa que construiu,
opera e administra o Bondinho Pão de Açúcar -, está causando uma enorme polêmica
no bairro do Leme. Logo da campanha contra a instalação do teleférico.O medo dos moradores é que o teleférico tire a tradicional
tranquilidade da bucólica região. A reclamação abrange diversos tópicos, desde o
aumento do número de pessoas que passa pelo local, até a devastação ambiental
que a obra poderia causar.
Em 2013, moradores do bairro do Leme fizeram um protesto
contrário à instalação do teleférico. Com placas de “Salvem o Leme”, “Vamos
salvar nossa história” e “Aqui não cabe teleférico”, os moradores mostraram sua
indignação.
Em um perfil criado em uma rede social com o nome de “Salvem
o Leme”, a associação dos moradores compartilha um abaixo assinado virtual para
aqueles que quiserem colaborar com a causa. Até o encerramento da reportagem, já haviam sido coletadas 1.973 assinaturas.
Neste mesmo perfil, uma notícia que compara o preço
cobrado àqueles que querem visitar o Pão de Açúcar com o que é cobrado para
quem visita a Torre Eiffel, em Paris, assusta os visitantes. A mesma matéria
lembra que existe uma trilha em meio à natureza que leva os visitantes ao alto
do morro - local onde possivelmente será instalada a estação - que é de graça
durante as terças-feiras. Nos outros dias da semana é cobrado um valor
simbólico de R$ 4.
Segundo moradores, o bairro é
antigo, assim como suas construções. Muitos dos prédios não possuem
garagem e os moradores guardam seus carros nas ruas próximas às suas
casas. A quantidade de pessoas que a instalação da linha do teleférico
traria ao bairro dificultaria os moradores a encontrar vagas.
"Eu
moro em um prédio antigo, e como na maioria dessas construções, não
tenho vaga de garagem. Sou obrigado a parar o meu carro na rua. As vezes
não consigo vagas aqui próximo ao prédio. Já é difícil hoje em dia, que
o movimento é relativamente tranquilo, imagina se eles constroem esse
bondinho. Vou ter que pagar um estacionamento para poder deixar meu
carro tranquilamente", reclamou Carlos Cardoso, o Caca, morador do Leme.
O
vereador
Paulo Messina (SDD) é um dos que se colocam contra o teleférico.
Inclusive, o parlamentar criou o Projeto de Lei 41/2013, que tem como
função “manter preservada a Área
de Proteção Ambiental (APA), de qualquer atividade turística que possa
causar
degradação da APA, assim como transtornos de condições sociais e urbanas
ao
moradores do bairro do Leme”.
“É inadmissível aceitar mais de sete mil turistas
diariamente em um bairro que é estritamente residencial, sem vocação e
estrutura para turismo de grande porte. Isso vai causar um impacto direto no
trânsito do bairro, vai prejudicar o embarque e desembarque de turistas,
aumentar o ruído e, consequentemente, prejudicar a qualidade de vida do bairro”,
comentou o vereador.
O vereador comentou também que o Conselho
Gestor das APAs foi claro quanto ao impacto ambiental que a instalação
do teleférico vai causar no local.
"Trata-se de área de preservação ambiental, e a obra pode
acarretar derramamento de graxa da lubrificação dos cabos e despejo de esgoto
na baía, como já acontece no Pão de Açúcar, sem contar a poluição visual e
sonora prováveis. Em seu parecer, o Conselho Gestor das APAs foi claro a
respeito do impacto ambiental causado pela construção de estações de teleférico
no topo do Morro do Leme sobre o ecossistema das áreas abrangidas pelo Projeto
de Reflorestamento e Conservação Ambiental, que vem sendo desenvolvido no local
desde 1987", encerrou Messina.
A PL 41/2013 foi apresentada pelo vereador Paulo Messina em
março de 2013 e até hoje não foi colocada em votação. O morador do
bairro Natanael Silva, 73, lamenta o que ele chama de “pouco caso” da Câmara
dos Vereadores com o bairro do Leme.
“É um absurdo, uma falta de respeito com os moradores do
Leme. O projeto do vereador Messina foi apresentado em março do ano passado e
até hoje não foi votado, é sempre adiado. Isso só mostra o descaso que a Câmara
tem com a gente. E se ficar decidido que vão construir o teleférico aqui, vai
mostrar que o descaso não é só com os moradores, é também com a cidade. Pois
isso vai atrapalhar a vida de todas as pessoas que moram aqui”, lamentou
Natanael.
O membro do Conselho Gestor da APA, Abílio Tozini alega
que a construção da estação do teleférico iria causa uma
descaracterização do local, que é um forte, e portanto, tem apelo
histórico.
“O Morro do Leme, na situação em que está, retrata o processo histórico do que
aconteceu ali ao longo da história do Brasil. A instalação de um ‘trambolho’, tipo
estação de teleférico, descaracterizará completamente o local e desfigurará a
história, o que é inaceitável”, afirma Tozini.
Segundo o líder comunitário Sebastián
Rojas Archer, o projeto de instalação da terceira linha do teleférico no bairro
do Leme deixaria o acesso ao bairro da Zona Sul carioca muito complicado.
“O projeto é do início do século XX, e
naquele tempo a cidade não tinha a quantidade de moradores e muito menos a
relevância turística que tem hoje. O bairro já é pequeno para os moradores e
não tem condições de comportar mais turistas. Além disso, a área ambiental deve
ser preservada” comentou o morador.
O projeto para a implantação segue
parado aguardando autorização da prefeitura para o início das obras.
1 / 17
*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil copiado http://www.jb.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário