Cerveró usou offshore para lavar dinheiro da Petrobras
Investigadores da Operação Lava Jato acreditam que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró utilizou a offshore Jolmey Sociedad, com sede no Uruguai, para dissimular recebimento de propina da Petrobras; segundo o Ministério Público Federal, a empresa, controlada por Cerveró, era proprietária de um apartamento que o ex-diretor alugava por um valor abaixo do mercado; transação foi um dos motivos elencados pelo juiz Sérgio Moro para decretar sua prisão preventivaSegundo reportagem de Wilson Lima, publicada nesta sexta-feria, 30, no IG, Cerveró mantinha o controle indireto da offshore uruguaia Jolmey Sociedad Anonima, criada em 2008 por um fundo de pensão. Os policiais e procuradores envolvidos na Lava Jato já levantaram provas de que Cerveró era um dos administradores da offshore, embora ele não apareça formalmente entre os sócios.
Essa empresa era proprietária de um apartamento que Cerveró alugava, mesmo ele sendo proprietário de vários imóveis no Rio de Janeiro. O duplex alugado por ele ficava em Ipanema e tinha valor de mercado de R$ 7,5 milhões. Cerveró tinha outros dois imóveis em Ipanema, de sua propriedade.
Além disso, os policiais federais descobriram inconsistências nas declarações de imposto de renda do ex-diretor da Petrobras, em relação ao aluguel pago por esse imóvel à Jolmey Sociedade. Durante 2011, Cerveró revelou que pagou alugueis à offshore em 2011, no valor de R$ 3,8 mil ao mês. O que chamou a atenção dos procuradores é que, passados dois anos, Cerveró reduziu drasticamente os valores. Em 2012, por exemplo, o aluguel pago à offshore chegou a R$ 816 mensais. Isso por um imóvel com valor de mercado de R$ 7,5 milhões.
"Além da incompatibilidade aparente do valor da locação do imóvel, distante alias do declarado às autoridades policiais pelo acusado, sequer há consistência entre os valores consignados nas declarações para os anos de 2010, 2011, 2012, indicando a fraude", afirmou o juiz Sérgio Moro no mandado de prisão preventiva expedido contra Cerveró.
"Especialmente as operações envolvendo os imóveis adquiridos ao tempo e depois do crime caracterizam, em tese, novos crimes de lavagem de dinheiro, já que houve ocultação e dissimulação de características de referidos bens, como a transferência a terceiros, a utilização na aquisição e na transferência de preços subfaturados, a utilização de empresa offshore para ocultação de titularidade real e a simulação de contrato de aluguel", complementa Moro.
A suspeita dos investigadores é que as transações feitas em nome da Jolmey Sociedad, na verdade, ocorreram apenas para dissimular o recebimento de propina da Petrobras pelo ex-diretor da área internacional da Estatal.
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